Joseph Tourton banda

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JOVENS MÚSICOS MOSTRAM QUE TALENTO É UM DOM!

Por Jefferson Cruz
Foto Flora Pimentel

A Banda de Joseph Tourton é uma das mais novas e significativas bandas de uma nova geração do cenário musical pernambucano. Se pudéssemos rotular o estilo musical da banda, com certeza não poderia ser considerado a tradição do território pernambucano e nem seu oposto – a desconstrução. Liberdade e elegância arejada são os sinônimos da Joseph Tourton, formada pelo quarteto de jovens músicos: Diogo Guedes – 21 anos (Guitarra e efeitos), Gabriel Izidoro – 19 anos (Guitarra, escaleta e flauta transversal), Rafael Gadelha - 20 anos (Baixo) e Pedro Bandeira – 19 anos (Bateria).

Em setembro de 2008, o grupo fez sua grande estréia ao vivo no festival No Ar Coquetel Molotov no Recife, reapresentando esse ano e pela primeira vez no Molotov etapa Salvador. A banda mostrou ao público sua música instrumental nada convencional, combinando guitarras pesadas e delays mirabolantes a samples eletrônicos e elementos suaves como flauta e escaleta, sintetizando uma verdadeira turbulência de sensações sonoras.

A Banda de Joseph Tourton já está com seu disco prontinho, co-produzido por Felipe S e Marcelo Machado, ambos da banda Mombojó. Na oportunidade, a banda bateu um papo com o Oxente Salvador, e falou sobre essa decolagem da Joseph Tourton!




Jefferson Cruz (JC) – De onde vem esse nome? Quem é Joseph Tourton e a relação simbólica com a banda?

Diogo Guedes –
Quando nós começamos a tocar juntos, os ensaios rolavam sempre na casa da galera. A casa de Gabriel, que ficava na Rua Joseph Turton sediou algumas dessas Jam Sessions. Nós apelidamos de A Banda de Joseph Tourton meio que por ser o nome mais absurdo que conseguimos pensar. Por falta de idéias melhores, acabou ficando ele mesmo. Nosso Joseph Tourton é um aviador que viajou muito. São muitas histórias.

(JC) – Quais atividades paralelas à banda vocês conciliam ou estão dedicados exclusivamente?

Gabriel Izidoro –
A vida da gente é uma doidera.Você precisa de algum serviço? Temos roadies, técnicos de som, técnicos de gravação, assessoria de imprensa e um ator. Mas a atividade principal de todos é a banda. Inclusive as faculdades estão sendo deixadas aos poucos, à medida que ser músico toma cada vez mais nosso tempo, e isso é ótimo.


(JC) –Quais as influências musicais da banda e como começou esse processo de divulgação das experimentações de vocês na internet? Vocês tinham idéia desse retorno e prestígio das pessoas? Vocês já sabiam que são bons?

Banda Joseph Tourton –
As influências vêm de todos os cantos. Gostamos de música jamaicana, hardcore, brega, rock n’ roll, lulu santos, guitarradas do Pará, frevo...Quando a gente começou a gravar nosso material, a idéia era conseguir tocar num cineclube que rolava aqui em Recife, que sempre rolava uma bandinha legal depois dos filmes e tal. Só decidimos tocar a coisa pra frente, fazer um EP físico, myspace, etc, quando decidimos nos inscrever pra tocar num festival que rola todo ano por aqui.

A gente não tinha a menor idéia que íamos ter um retorno tão positivo, vista principalmente na internet. Não é a toa que em setembro de 2008, comentaram sobre nosso myspace na comunidade do Coquetel Molotov e fomos convidados pela produção para fazer nosso primeiro show no festival. Desde lá não paramos.

(JC) –Todos da banda tiverem experiências musicas na tradição do instrumental pernambucano ou realizaram pesquisas musicais para a formação da banda? Como vocês definem o estilo musical da Joseph Tourton?

Gabriel Izidoro –
Essa é a nossa primeira banda instrumental. É rock, assim, meio instrumental.

(JC) –Quanto tempo de estudo cada uma de vocês dedicaram em seus instrumentos de trabalho?

Rafael Gadelha –
Todos nós tocamos desde muito novos. Cada um deve ter aproximadamente uns 9 anos de música.

(JC) –Como está o projeto do CD?

Pedro Bandeira –
O CD foi finalizado e os shows que estamos fazendo pelo Brasil são de lançamento dele.

(JC) –Já conheciam a Bahia?

Rafael Gadelha –
Estivemos na Bahia há um mês exatamente. Tocamos no Jazz no Pelô. Achamos Salvador um lugar maravilhoso, mas o aeroporto é muito longe!

(JC) –Exceto o midiatizado axé music e vertentes, vocês já ouviram ou conheceram outras bandas baianos?

Banda Joseph Tourton –
Gostamos de Lucas Santtana, Retrofoguetes, Baiana System...

Heitor Branquinho

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VOZ CATIVANTE, COMPOSIÇÕES GENUÍNAS E UM VIOLÃO NO PEITO!

Por Jefferson Cruz
Foto Divulgação

Heitor Branquinho é o nome auto-explicativo que corresponde ao jovem cantor, compositor, multi-instrumentista e mais uma referencia artística de qualidade do solo gentil dessa pátria amada. Filho de Três Pontas, cidade mineira, Heitor é digno do orgulho dos seus conterrâneos por representar a musica independente do seu Estado. Branquinho difunde seu jeito brasileiro através dos mais variados ritmos como o samba, choro, ijexá e balada.


Heitor iniciou sua carreira profissional como baixista, na pré-adolescência, tocando no Sul de Minas, de onde seu trabalho partiu para grandes capitais em apresentações em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Morou em Belo Horizonte onde fez aulas de canto e também começou seus estudos na faculdade de História. Concluiu a licenciatura em dezembro de 2008, em São Paulo, onde firmou endereço.
Seu talento como compositor já aparecia logo em seu primeiro CD independente “Deu Branco...”, lançado em 2004, com sete músicas de sua autoria e três parcerias.
No final de 2006 se juntou ao Grupo Änïmä Minas, formado para se apresentar nos eventos de lançamento do livro Travessia - A vida de Milton Nascimento (Editora Record), de Maria Dolores. A banda apresentou releituras de clássicos de Bituca (como Milton é conhecido) em cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Três Pontas e São Paulo, além de participar de programas de TV.

Em 2008 lançou seu segundo CD independente, chamado “um Branquinho e um violão”. A obra foi e conta com a participação especial de Milton Nascimento em duas músicas.

Neste segundo trabalho de sua carreira, Heitor interpreta 16 composições próprias (letras e músicas), com a participação especial do amigo Milton Nascimento nas faixas “Amigo” - tocando sua tradicional sanfoninha de 8 baixos - e em “O que Vale É o Nosso Amor” em um belíssimo dueto vocal no CD e no show de lançamento gravado ao vivo o Museu do Café, localizado no Hotel Fazenda Pedra Negra, na cidade que ambos dividem naturalidade. O álbum tem ainda uma faixa bônus remix produzida pelo DJ Marcelinho da Lua.

Veja nossa longa conversa que durou mais de meses nas redes sociais e que finalmente ficou pronta:

Jefferson Cruz (JC) – Por quanto tempo durou sua carreira como baixista até decididamente projetar-se como cantor?

Heitor -
A carreira de baixista ainda dura! Começou quando eu tinha 14 anos, já nos bares, festas, tocando com banda. Mas ainda toco em gravações e também algumas músicas na banda que faço parte, da minha cidade natal, Três Pontas (MG), chamada Änïmä Minas.


(JC) – Quando e como foi a primeira apresentação como cantor?

Heitor -
Não me lembro bem quando foi. Meu avô sempre me colocava pra cantar nas festas. Quando eu tinha uns 4 anos ou menos. Profissionalmente o que marcou foi uma apresentação que fiz pra uma festa de arrecadação de fundos pra formatura de uns amigos. Foi a primeira vez que realmente encarei tocar sozinho guitarra e voz profissionalmente. Já tinha cantado em algumas apresentações da escola de música também.

(JC) – Como sabemos, o artista independente é ávido de competições por um espaço no mercado, sendo difícil sobreviver apenas da música. Você cursou a faculdade de História, com quais objetivos profissionais? Concilia a carreira com algum outro trabalho? Qual?

Heitor -
Não encaro o espaço no mercado como competição, ainda mais no dia de hoje em que o público está muito segmentado. Tem espaço pra todos, sempre vai ter alguém que goste de seu trabalho. Sobreviver da arte já é algo mais complicado. Não vivo totalmente da minha arte - das minhas composições e shows com trabalho próprio. Preciso também tocar em bares, "num bar em troca de pão que muita gente boa pôs o pé na profissão".
Fiz a faculdade de História já sabendo que continuaria a ser músico. É um respaldo, tenho um diploma e posso também tentar trabalhar na área, mas nunca foi o que pensei. Quis fazer história para melhorar a qualidade das minhas letras musicais e ampliar minha forma de ver o mundo. Só no final do curso é que fui chegando perto do que pretendia. Ainda busco isso algumas vezes. Queria entender como Aldir Blanc faz letras contando passagens importantes da nossa história, como Mestre Sala dos Mares e O Bêbado e a Equilibrista e com tanta poesia junto.

(JC) – Quais as principais mudanças refletidas após a produção do seu primeiro CD independente “Deu Branco..”?


Heitor - Acho que a primeira mudança, vem da voz. Nunca tinha feito aula de canto quando gravei meu primeiro disco. Minha voz era mais rouca e nasalada e eu não tinha consciência disso. Depois fiz aulas de canto com a Babaya, professora de Belo Horizonte muito respeitada na área de canto popular e fui me conscientizando sobre a voz e o corpo. Nas composições acho que houve evoluções harmônicas, melódicas e até mesmo nas letras. O primeiro disco é mais pop, o segundo tem um pouco de tudo. Me abri pra outros ritmos, me abri pra música sem rótulos.

(JC) – Antes de revelar seu talento por composição, você já costumava criar letras de musicas?

Heitor
- Fazia algumas poesias na escola, redação, mas nada premiado, longe disso. Quando comecei a compor já fazia os dois ao mesmo tempo. É um dos modos que mais faço. Letra e música de uma vez. Ou as vezes a letra já vem com uma melodia, depois vou buscando a harmonia. Mas também faço letras sem música, e letras com músicas de parceiros. Costumo dizer de faço de todo jeito, só não faço dinheiro... (risos) ainda!

(JC) – Em sua carreira inclui participações importantes em projetos audiovisuais como a campanha publicitária do Governo do Estado; a gravação do videoclipe da música “Paciência” com grandes artistas; entre outros. Como conseguiu participar dessas obras e qual importância delas na sua carreira?

Heitor -
Primeiro foi o Jingle que divulga o Turismo em Minas Gerais. Foi uma indicação do Milton Nascimento, pois seria uma música dele e ele gostaria que eu cantasse. Depois acho que não chegaram em acordo na parte executiva e trocaram a canção. Acabou que eu fiquei e cantei o outro jingle. Foi muito bacana e tive um retorno muito grande. As pessoas vinham me perguntar se eu é que estava cantando na propaganda. Até então não sabia tanto da singularidade do meu timbre vocal, isso é muito importante num mercado em que tudo fica muito massificado. Este jingle estreou no intervalo do Fantástico e depois continuou passando no intervalo da novela das 8 por uma semana e em outras emissoras também. Teve divulgação até fora do país.
No o clipe de Paciência também fui convidado pelo Milton, pois ele queria retribuir ao Lenine uma música oferecida em um show no exterior. Então chamou um pessoal de Três Pontas para gravar a música Paciência com ele e o Lenine.
Todos os dois projetos foram muito importantes e continuam sendo em forma de projeção.


(JC) – Como foi a gravação ao vivo do seu segundo CD "Um Branquinho e Um Violão”?

Heitor -
Foi um momento muito especial. A produção trabalhou muito bem para que tudo corresse da melhor forma possível. Muitos amigos e bons profissionais envolvidos no projeto todo. Na plateia os convidados eram pessoas conhecidas, queridas e tudo isso contribuiu para a atmosfera do show. Foi um momento ímpar. Tinha feito toda a produção musical antes e ensaiado bastante. A gravação foi feita em uma noite só, então não tinha muitas chances de errar. Repeti poucas faixas, por problemas técnicos. Mas correu tudo bem.

(JC) – Nessa gravação ao vivo, do mais novo álbum, você incluiu 16 composições próprias e ainda teve a participação especial de Milton Nascimento. Sente-se envaidecido por essas conquistas?

Heitor -
Não vejo como conquistas, mas como um curso natural do trabalho, da amizade. As músicas vão surgindo e a gravação é uma forma de registro de tudo o que acontece. A participação do Milton também surgiu de forma natural. Antes da parte profissional, ele é um grande amigo e as coisas foram se ajeitando naturalmente.Claro, ter o Milton participando de qualquer disco é uma honra muito grande e não foi diferente pra mim.

(JC) – Como você observa o reconhecimento pelo seu estilo próprio? Sente-se satisfeito? O que falta alcançar com esse novo capítulo da sua carreira?

Heitor -
Gosto do meu estilo sim, e acho que quem gosta de mim sabe como acredito em meu som. Fica nítido isso quando se faz com o coração, colocando a verdade na frente. Não adianta ficar fazendo arte para agradar outras pessoas sem agradar a si mesmo.
Agora já penso em fazer algum outro trabalho com arranjos envolvendo mais músicos, uma banda. Viabilizar este trabalho é que é a etapa mais complicada. Mas uma hora há de acontecer.



(JC) – Foi uma excelente escolha ter um museu como cenário para gravação do seu novo álbum. Qual sua observação sobre o hábito de freqüentar museus, nessa pós-modernidade? Considera que sua iniciativa contribui para a formação desses hábitos?

Heitor -
Na verdade a escolha do museu foi mais para mostrar algo da minha região, da minha formação. Cresci vendo café por todos os lados e o Museu do Café nos transporta um pouco para essa lembrança. Eu adoro ir à museus. Acho que as pessoas vão mais quando estão viajando do que na própria cidade onde moram. As vezes passam um pouco despercebidos. Muitos museus tratam também de coisas obsoletas, de curiosidades. Acho que a iniciativa pode ter sido legal sim, alguém que goste de meu trabalho pode despertar a vontade de conhecer o museu, mas acho que a formação desses hábitos cabem mais à educação, aos costumes.

(JC) – Na sua página de recados do Twitter, você postou um trecho de Nelson Motta que diz "Produzir é fácil, difícil é chamar a atenção do público. Está dura a vida de popstar hoje em dia.” Qual sua opinião sobre a citação?


Heitor - Então, acho hoje em dia a formação de público a questão principal para se firmar no meio. Para poder trabalhar, viver de música, fazer o mercado girar. Produzir está fácil, qualquer pessoa pode ter um computador em casa, uma plaquinha de som, microfone. Faz uma gravação caseira e joga na internet. Mas a internet já está cheia de coisas também. Como atrais público para o que você postou? Está cheio de Blogs sem comentários, cheio de MySpaces sem ninguém entrar.

(JC) – Na sua composição da música “Caê Rouanet”, forma de protesto nos trechos ”Não existe show pro povo de graça...Já não tem empresa querendo patrocinar..Quem tem, quer mais pra ficar bem. Quem não tem, não ganha nenhum vintém..”. Como foi essa repercussão na classe artística?

Heitor -
Muita gente veio me apoiar. Mandaram recados no orkut, YouTube, e-mails. É uma luta conjunta e real, que só quem está no topo finge não existir. É um fato, nos poucos shows em lugares abertos só artistas consagrados se apresentam. Para gravar um CD/DVD só eles conseguem patrocínio. As empresas é que mandam nesta forma de se fazer a arte hoje em dia, que é a Lei Rouanet e elas querem vincular seus nomes a artistas renomados. Aqui também entra a formação de público. O público não vai consumir e/ou assistir quem ele não conhece. Isso é raro.


(JC) – Numa das publicações na Folha de S. Paulo sobre a polêmica envolvendo Caetano Veloso e a Lei Rouanet de incentivo a Cultura, é citado também a artista baiana Ivete Sangalo, recebendo incentivos e muitos outros já reconhecidos. Qual sua opinião sobre os critérios adotados pela Lei Rouanet em relação aos artistas independentes?

Heitor -
Acho o formato da Lei Rouanet humilhante. A classe artística precisa fazer um projeto para ser julgado em diversas instâncias. Tanto pelo governo, para ser aprovado, quanto pelas empresas para se conseguir a captação. Tentaram encurtar o caminho do imposto de renda. Eu sei que é utópico, mas o certo seria a empresa pagar o imposto completo e em dia ao governo e o governo investir em educação e cultura. Abrir editais para a captação do dinheiro.


(JC) – Aqui na Bahia, a realidade sobre os patrocínios e leis de incentivo cultural não está muito diferente de S. Paulo. A classe artística independente tem manifestado insatisfação, principalmente quando vêem determinados artistas de outros estados diversas vezes patrocinados para shows em Salvador, em detrimento dos próprios artistas locais. Qual sua opinião sobre isso?

Heitor -
Penso que a troca cultural é também uma forma de crescimento artístico. É preciso haver esta movimentação, mas não se pode esquecer dos músicos locais também. É como diz o ditado: "Santo de casa não faz milagre". É preciso buscar um nicho, às vezes não está em nossa própria cidade, estado, país...


(JC) – Quais os métodos de distribuição adotados para comercializar o seu mais recente trabalho? E como os consumidores e fãs podem adquirir o CD?

Heitor -
O CD agora está sendo distribuído pela Tratore e está em muitas lojas e sites. Só entrar em meu blog que na lateral direita tem todos os passos para encontrar as lojas e sites. O blog é: www.umbranquinho.blogspot.com

(JC) – Você costuma dedicar quanto tempo na internet, atualizando blog, homepages e demais ferramentas de difusão digital? Como esse tipo de mídia espontânea tem contribuído?

Heitor -
Acho que se eu medisse esse tempo ficaria louco! (risos). Passo bastante tempo na internet. Tudo contribui em forma de divulgação e informação. É preciso estar sempre atualizado. Com o tempo vamos desenvolvendo formas mais práticas para que isso aconteça.

(JC) – Como você avalia sua circulação em festivais de musica no país? Já foi contemplado alguma vez pelo Conexão Vivo, ou Circuito Fora do Eixo? O que sabe sobre esses projetos, e quais outros você conhece?

Heitor -
Não sou um músico literalmente de festivais. Participei de alguns poucos.
Quando morava em Belo Horizonte participei do Conexão Telemig Celular, atualmente Conexão Vivo. Mas assim, volta a ficar a arte nas mãos das empresas organizadoras. Eu não vou plantar bananeira para que o meu som apareça se eu gosto mais de cantar em cadeira baixa e com o pé no chão. O circuito de festivais ficou muito segmentado. Ou você está dentro ou está fora. Não tentei brigar para entrar nisso, acho que a arte não pode ser julgada dessa forma e ainda muitas vezes por gente que entende menos do assunto do que os próprios artistas.


(JC) – Recentemente você participou pela primeira vez como diretor musical de uma curta metragem, uma obra de Milton Lima que aborda a violência através das sub-temáticas pedofilia, alcoolismo, drogas e porte ilegal de armas. Como foi essa experiência no filme?

Heitor -
Foi um tema muito delicado e realista. A música de abertura do curta - Lodo - foi feita especialmente para a temática. Tentei falar de forma poética e expressiva sobre o assunto. É muito forte tudo isso. A outra música eu já tinha - Navega - e coube muito bem também para finalizar a história. Foi ótimo trabalhar nessa trilha, é uma das coisas que mais gosto de fazer. Espero que venham outras.


(JC) – Mais alguma novidade para informar aos fãs? Está engajado em algum novo projeto musical?

Heitor -
Estou pensando em vários projetos. No ano passado já fiz um show com meu irmão, Hugo Branquinho, o "De Dentro pra Fora" em Três Pontas. Foi um espetáculo muito bacana. No próximo mês vamos fazer um pocket show deste projeto em Ribeirão Pires. No dia 23 de maio faço participação no show do Claudio Nucci, em Três Pontas. E no final do mês tocarei em uma festa fechada em SP, com banda. Pretendo seguir com um projeto de CD infantil e meu terceiro álbum de carreira. É o que mais está em pauta atualmente.

(JC) – Já incluiu em seus planos apresentar "Um Branquinho e Um Violão” nos espaços culturais da Bahia?

Heitor -
Tenho vontade sim, mas até o momento não recebi convites. Só estive na Bahia uma vez, no aeroporto. Tive que tomar um chopp para brindar a terra! Espero que possa me apresentar por aí em breve. Tenho muitos amigos baianos e é um povo muito querido.

Maurício Araponga (dança)

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QUAL O PAPEL DO PERSONAL DE DANÇA? QUEM ME RESPONDE É MAURÍCIO ARAPONGA, UM PROFISSIONAL NOTA 10!

Por Jefferson Cruz
Foto Jefferson Cruz

Maurício Araponga é formado pela Escola de Dança da Fundação Cultural da Bahia (FUNCEB) e formado em Educação Física em Licenciatura na Faculdade Social da Bahia. É professor de ritmos da Faculdade Livre da Terceira Idade, Professor de Ritmos Baianos, Forró Pé-de-Serra e Universitário da academia Espaço 10, além de empreender seu próprio negócio com uma academia de ritmos. Premiado 2º lugar em coreografia no concurso da FUNCEB, melhor coreografia da terceira idade em 2008 e 2009 entre outras atividades e ações que o qualifica no grupo dos mais conceituados profissionais de dança de Salvador – fonte diversificada de talentos.

Em entrevista, Maurício fala sobre sua carreira, o papel do profissional da dança e suas metas, num papo descontraído comigo, através do Oxente Salvador.

Jefferson Cruz (JC) – Quem são os artistas conhecidos que você já coreografou?

Maurício - Já
coreografei para o grupo Cozido, que influenciaram muito no swingue baiano em salvador. Coreografei para banda de Axé e Afro Contemporâneo “Marimbada”; Elane Fernandes que atualmente faz carreira solo; Araketu e Cheiro de Amor, onde eu também fui dançarino.

(JC) - Quanto tempo você tem de carreira e como você descobriu a dança como profissionalismo?

Maurício -
Tenho treze anos de dança, e comecei, na área da música mesmo, porém cantando na banda búzios. A questão é que eu dançava mais que cantava, e era sempre chamado a atenção pelo produtor (risos). Depois fui chamado pra uma companhia de teatro do Bomfim, do qual eu fiquei afinado numa cena de dança e no final de um dos espetáculos, fui chamado pra fazer parte da companhia de dança do SESI na Companhia Passos. Lá conheci Ozana Zay que hoje esta na Espanha, e foi responsável que me engatilhou nessa vida desde então, e que me incentivou a fazer testes para a Escola de Dança da Bahia. Logo nos primeiros anos já fui chamado pra dançar com várias bandas, companhias grandes de dança, apresentando diversas vezes no TCA... Dancei na Companhia Interarte de onde saiu Emanuelle Araujo, Aline rosa, Daniela Mercury e Larissa luz do Araketu. Passei uns sete anos nessa companhia.

(JC) - Desde quando você estuda e trabalha com profissional de dança? E quais as modalidades que mais se identifica?

Maurício -
Minha praia é o Moderno Contemporâneo, porém sou sempre solicitado para coreografar axé, pagode e vertentes baianas, que é a preferência da maioria do público. Mas faço muito Xaxado, Moderno, Contemporâneo de Orixás, inclusive esse final de ano participo pela terceira vez de um espetáculo nessa temática, do qual já fui premiado nas edições anteriores. Dessa estamos montando uma homenagem ao Ilê Aiyê, ao bloco afro, homenagem a Oxum e Yemanjá com musicas de Clara Nunes, Olodum com o “Canto ao Pescador” na gravação de Aline rosa.

(JC) - Em casa e nos momento de lazer, o que toca no seu rádio?

Maurício -
Prefiro ouvir uma MPB, músicas com sons da natureza, isso me relaxa, são musicas que abrem nossa mente, importante para o processo criativo fluir além de servir para a própria vida no sentido geral.

(JC) – Qual o feedback dos seus alunos e o público que você mais gosta de trabalhar?

Maurício -
Tive alunos que já se transformou em professor, entre elas Juliana, professora da academia UEL e outros que fazem questão de fazer minha aula e eu me sinto feliz com isso, pois é uma forma de feedback além dos agradecimentos e elogios no final de cada aula. Bom, gosto muito dos grupos da terceira idade, pois são um publico muito fiel, eles focam mais no bem estar, na interação entre si. Na terceira idade o propósito real da dança fica mais nítido. Elas mostram mesmo que é uma forma de terapia e algumas já vieram a comentar que se sentiam deprimidas. Então eu aconselho, e passo aquele ânimo que elas precisam ouvir e no final da aula percebo a mudança no semblante. Isso é muito gratificante!

(JC) – Qual a importância do feed back do aluno para o personal de dança e para a empresa? Qual o papel do professor na relação aluno e empresa?

Maurício -
Quando o aluno fala do carisma do professor ou até mesmo sua freqüência, disposição na aula, o sorriso, o andamento das aulas, tudo é um retorno da qualidade. O professor é um amigo do aluno, um psicólogo, e não meramente técnico... O que importa é incorporar esse espírito e proporcionar o bem estar ao aluno. Nosso papel é também mudar as pessoas.


(JC) – Há 10 anos você presta seus serviços de instrutor de dança na Academia Espaço 10. Justifique a escolha desta empresa para construir sua carreira?

Maurício -
Aprendi muito com a academia Espaço 10. É uma empresa que busca a renovação do profissional, indicando os caminhos que o profissional deve seguir. É um lado maravilhoso de dar o valor técnico do profissional, e lógico, este deve chegar junto, mostrando empenho, e resultados. É esse retorno que faz a academia ter um excelente corpo de trabalho!

(JC) – Que hits você aposta para o carnaval 2011?

Maurício -
A musicalidade baiana cresce a cada momento, o baiano é muito criativo, principalmente para a percussão. É cedo para apostar, mas acredito que a musica esta indo mais pra essa mistura do pop, groove, pagode e hip hop como a Claudia Leitte, o Edcity. Os baianos são bem receptivos para a mistura, e temos que saber valorizar isso, principalmente nas mensagens que as letras comunicam, pois algumas têm uma apelação negativa que impacta negativamente até no desenvolvimento das crianças. As letras do Edcity são um exemplo dessa mudança positiva.

(JC) – E as metas? O que você deseja como realização profissional?

Maurício -
Estou cursando Fisioterapia que irá agregar muito à mina carreira. Quero investir mais no crescimento de infra-estrutura da minha academia, com ênfase no aeróbico, da dança como social entre os alunos, fazer uma escola especifica de danças com todas as modalidades... Por incrível que pareça, acho que Salvador está precisando de uma escola com diversos ritmos, formando alunos para Afro, Salão, Ritmo Baiano, dança do Ventre, etc, contando com o condicionamento físico.

(JC) – Deixe seu convite!

Maurício -
Bom, venham aprender a dançar, experimentar essa sensação de alívio, de melhoria no seu humor, redução do stress... Venham fazer amizade, rir e muito mais! Meu espaço é humilde e de braços abertos como eu. Estou na academia Espaço 10 e na minha academia também, todos os dias, de braços abertos!


Academia Espaço 10 (Piedade):

Segundas: 18h10 às 19h / Quartas 20h10 às 21h / Sextas 19h10 às 21h

Endereço: Rua Coqueiros da Piedade, n.º 8 - Piedade (ao lado do Shopping Center Lapa, acesso principal à Estação da Lapa). Tel: (71) 3329-7710 Fax: (71) 3329-5474

Academia Maurício Araponga:

Segundas:
15h10 (Ritmos terceira idade) / 16h10 (Dança de Salão) / 17h10 (GAP*) / 19h10 (Ritmos)
Quartas: 15h10 (Ritmos terceira idade) / 16h10 (Dança de Salão) / 17h10 (Power Trainer) / 18h10 (Ritmos Dançantes) / 19h10 (Alongamento)
Sextas: 15h10 (Dança Afro baiana) / 16h10 (Dança de Salão) / 17h10 (Aero Box) / 18h10 (Ritmos Dançantes)
Sábados: 9h10 (Ritmos Dançantes)

Endereço: Avenida Sete de Setembro – 818, 3º andar, Mercês (em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário). Tel: (71) 3487-3031 / 87136071 mamaudance@hotmail.com

Edcity

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A VOZ DOS GUETOS COM TODO O SWINGUE IRRESISTÍVEL DA PERCUSSÃO BAIANA!

Por Jefferson Cruz
Foto Mateus Pereira


Quem não já curtiu esses hits 'Nego Bom', 'Tome Baculejo', 'Kuduro', 'Traíra' e a mais recente música 'Piscadinha' do Eddye? Estes foram alguns dos sucessos que agitaram edições anteriores do carnaval de Salvador, e que emplacaram na carreira do artista que já foi vocalista da banda Parangolé, Fantasmão, e muitas outras. O ariano Edcarlos da Conceição Santos nasceu em Pojuca (interior da Bahia) no dia 28 de março de 1982, foi criado na cidade de Catu-Ba, onde teve suas primeiras curiosidades com a música aos 14 anos, iniciando na banda Sensação & Cia, e hoje, aos 28 anos já tem 15 anos de carreira.

Desde ano passado que o cantor Eddye começou a divulgar sua carreira na versão solo, marcando essa fase com o nome artístico de Edcity, uma adaptação do seu apelido que tem tatuado nas costas como "Eddye City". A idéia tem uma forte representação com os guetos e favelas da cidade, afinal suas composições são baseadas em letras que são um reflexo social das periferias brasileiras. Edcity está aliado à proposta musical de unir elementos do Hip Hop com as guitarras pesadas do rock’n roll que deram origem ao Rap Groovado, que evoluiu da experimentação do “Groove Arrastado”, uma vertente do pagode baiano que o transformou em referencia de musicalidade.

Tudo isso, é claro, sem perder a alegria e o swingue irresistível da percussão baiana! O cantor, guitarrista e compositor Edcity é o primeiro artista a representar o pagode baiano numdos principais festivais de música percussiva do mundo, o 17º Panorama Percussivo Mundial – PERC PAN 2010.

Assim que fui informado PERC PAN, de imediato falei com o Eddye e aqui está a em entrevista , postada no portal Oxente Salvador. Edcity fala um pouco sobre essa participação no festival e sua carreira solo.

Jefferson Cruz (JC) – Como você chegou a esse conceito do Rap Groovado, presente nos primeiros trabalhos da carreira solo? Quais suas influencias musicais?

Edcity –O Rap Groovado nasceu da mistura de alguns elementos, assim como o Groove Arrastado. Na verdade o Rap Groovado do primeiro CD é uma variação do Goove Arrastado, tiramos o teclado e colocamos as guitarras ainda mais fortes, junto com a percussão e o Rap no canto. Mas, nada do que fazemos é estático. Não nos prendemos a rótulos e conceitos. Por isso agora, no ‘Transfiguração’, nosso segundo CD, já voltamos com o teclado e deixamos ainda mais swingado. A essência é uma só, mas a evolução é contínua.

(JC) – Após emplacar sucesso com hits que agitaram edições anteriores do carnaval de Salvador, quais seus planos nessa fase solo, e o que apresenta como novidade para o carnaval 2011?

Edcity –Iniciar carreira solo é sempre um desafio grande e muitas vezes inevitável, por fazer parte do crescimento e amadurecimento artístico. Vamos completar um ano agora em outubro, e graças a Deus as coisas estão acontecendo da melhor maneira possível. Talvez não na velocidade que muitos esperavam, mas com a firmeza e tranqüilidade necessárias para quem quer construir uma base sólida. Acabamos de lançar a música ‘Piscadinha’ que já está entre as mais pedidas nas rádios e tem tudo pra chegar muito bem no verão. Para o Carnaval, vamos trabalhar ‘Olha o Gelo’, canção feita em homenagem a essa galera que trabalha duro nos dias de folia enquanto a maioria se diverte e muitas vezes nem nota a existência deles.

(JC) – Qual sua expectativa na participação no 17º Panorama Percussivo Mundial, um dos principais festivais de música percussiva do mundo?

Edcity – Nossa, a melhor possível! Ficamos inicialmente surpresos com o convite, e hoje estamos honrados demais, isso é reconhecimento. E quem não fica feliz de ver seu trabalho reconhecido, né? Estamos preparando uma apresentação única e completamente diferente, sem perder a nossa essência, é claro. Para que tudo aconteça da forma como prevemos, estamos trabalhando duro. Ensaios diários quatro horas por dia, fora a lição de casa. A banda sabe o tamanho da responsabilidade, estão todos empenhados e dando o melhor de si.

(JC) – O que significa 15 anos de carreira? Qual o papel da sua música e sua mensagem de artista nas comunidades de Salvador?

Edcity – São 15 anos de muita luta, insistência e persistência. Acredito que o microfone é uma arma se você pode além de levar alegria, também conscientizar por que não? É isso que tentamos fazer. Além de fazer a galera pular, dançar, jogar as mãos pro alto, também queremos causar reflexão quando alertamos sobre os malefícios das drogas, sobre preconceito, dentre outros temas. Pelo menos assim sabemos que estamos dando uma pequena contribuição pra tentar melhorar esse mundo louco em que vivemos.

(JC) – Muitos jovens vivem esse sonho de projetar-se nacionalmente, tendo a idealização da Bahia como celeiro cultural. Qual o conselho você deixa para essa galera que deseja trilhar esse mesmo caminho da música?

Edcity – Viver de música é muito difícil. Aqui mesmo na Bahia novas bandas aparecem todos os dias, todos querendo encontrar um lugarzinho ao sol. Acredito que não existem fórmulas prontas, a onda é encontrar a sua verdade e buscar evoluir sempre. Estudar, se atualizar e correr atrás. No dia que recebemos o convite para tocarmos no Perc Pan, ouvimos a seguinte frase: “A qualidade não é ingrata. Faça o seu bem feito que o reconhecimento virá.” Então é isso aí, busque qualidade em tudo que fizer. Não se dê por satisfeito nunca. A evolução nasce do incômodo.

DJ Michel Matta

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UM JOVEM RADICADO NO PROGRESSIVE HOUSE, A ONDA DAS PISTAS DE DANÇA!

Por Jefferson Cruz
Foto Divulgação

O jovem DJ Michel Matta é radicado numa safra de novos talentos da terra o cacau, Ilhéus, situada no extremo sul da Bahia. A vontade e determinação por fazer a diferença é o fator primordial que explica a virtude do DJ, um exemplo de quê sucesso é resultado de muito suor.

Com dezenove anos, ele já produziu três badaladíssimas festas eletrônicas, A School Beats e Sensação Fest em duas edições. Através da sua simpatia, em “busca da batida perfeita”, ele teve grandes momentos ao lado dos veteranos do mercado da música eletrônica Ilheense, DJs Arthur, Delmário, Rogério e Primus, além de fomentar o encontro com os demais DJs Mike e Raffael, também da sua geração.

Michel já foi agraciado com participações especiais em mega eventos ao lado de Gustavo KR, Rafael Gouveia e Marco Hanna, DJs de outros territórios nacionais. Em outros momentos mostrou segurança e muita diversidade em eventos como o I funksambaxé Eletro aliado às bandas Zabumbahia, Forró 4 Estações, Severina Chique, Márcia Alencar e outros.

Em Olivença dividiu palco com a banda Xote Apimentado, com o amigo Djalma (vocal), no Aloha Surf Bar e fez participação na festa Natal Prime no Opaba Praia Hotel. Na sua carreira de seis anos desenvolveram-se importantes experiências de revelação, conquistando diferentes públicos desde os adolescentes na fase colegial, passando pelas preferências distintas dos jovens e adultos universitários, até a terceira idade. E não devia ser diferente, afinal não existem fronteiras para a música, e os profissionais dessa área são desafiados pelo público sedento por novidades do World Music.

Sabendo dessa realidade, o DJ Michel se desafia nesse cenário da musica internacional, nacional, baiana, regional e independente, para apresentar ao público um som hibrido, moderno, diversificado, elitizado, dançante e criativo. Ou melhor, dizendo, “pra bom entendedor”, é top de linha. “Todo artista deveria colocar na própria cartilha a missão de contribuir com a divulgação dos talentos da sua terra, em busca de um espaço para todos”, revela a opinião do jovem DJ, assumindo um compromisso em sua carreira.

O desafio está em contribuir para a divulgação do trabalho dos artistas/bandas independentes de Ilhéus, Itabuna, e cidades adjacentes, além de fazer releituras de músicas dos anos 80, da Música Popular Brasileira, da consagrada Geração Novos Baianos, do Samba, das variadas vertentes do funk e rock. Todo esse universo de estilos musicais calçado pelo ritmo do Eletrohouse & Progressive house.

O Eletrohouse, também conhecido como Dirty House, é uma vertente da música eletrônica que mescla os elementos do electro primórdio, com base nos anos 80, com os da house music atual. Caracteriza-se pelos graves fortes, melódicos, a batida do house e alguns elementos de psicodelia. Com inspirações nos estilos dub e o trance, o House Progressivo é mais diversificado, abusando de efeitos de estúdio, de acordes agressivos e arranjos sofisticados

Divisores de Maré

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VAMOS PEGAR ESSA ONDA COM A DIVISORES DE MARÉ, PROPAGANDO BONS PENSAMENTOS ATRAVÉS DA MÚSICA!

Por Jefferson Cruz
Foto Divulgação

“Divisores de Maré” é uma banda de Forró alternatívo possuindo assim, elementos progressivos, clichês, efeitos sonoros, solos complexos e ao mesmo tempo a simplicidade predominante.

A banda navega também pelas ondas dos variados estilos do Reggae, Rock, Salsa e muito mais. As composições, parte autoral da banda, trazem como temáticas o amor, a paz, o cotidiano e lições da vida. Ariel Lisboa (acordeom) iniciou no meio musical tocando em bandas de rock progressivo, MPB e Reggae, e desde os 11 anos já tocava o acordeom, porém firmando a paixão e vocação pelo instrumento após experiências no forró. Daí em diante, em novembro de 2008 decidiu criar uma banda de forró aliada ao hibridismo de elementos alternativos – surgindo assim, a banda “Divisores de Maré”, com sete integrantes.

O nome “Divisores de Maré” é uma representação do papel de cada integrante da banda, são todos divisores, com suas diferentes influências musicais, que literalmente, deságuam numa plasticidade sonora.

Baseado no termo divisor de águas, a banda se remete ao litoral propondo ao público a vivência com a maré cheia de bons pensamentos e práticas. A banda é formada por Josimar (vocal e violão), Ariôa (acordeom), Dagô (Zabumba), Foca (percussão), Flávio (guitarra), Mairlan (triângulo), e White Bass (contrabaixo). Divisores de Maré faz parte do cast da Hessel Produções, um dos coletivos integrantes do Pólo de Música da Bahia (POMBA), rede de relacionamento voltada ao aquecimento de ações facilitadoras ao desenvolvimento da música independente no Estado.

Thiago Pach

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UM CONJUNTO DE TALENTOS QUE DESPERTA CURIOSIDADE DO PÚBLICO!

Por Jefferson Cruz
Foto Divulgação
Design fotos: Sidney Rocharte

A vontade e determinação por fazer a diferença é o fator primordial que explica a virtude de Thiago Pach, um exemplo de quê sucesso é resultado de muito suor. Quando vemos uma pessoa em destaque, em qualquer atividade, podemos afirmar que ali está sendo praticado um conjunto de talentos que possibilitam essa diferenciação. É o caso de Thiago Pach, que focou no desenvolvimento das técnicas teatrais, musicais, e de dança, além de visitar outras áreas do talento.

Com uma voz forte e versátil de tenor, o jovem cantor interpreta uma eclética seleção de canções, dentre o Blues e o Jazz ao mais brilhante repertório da música popular brasileira. Admiravelmente, já registra grandes experiências em sua carreira a começar pelo teatro, berço artístico do carioca. desde pequeno sempre esteve em contato com diversos gêneros musicais. Em sua casa se ouvia de tudo, principalmente o Samba e a Bossa Nova. Foi apresentado ao Jazz, ao Blues e ao Soul por seu pai.


Thiago iniciou seus estudos em teatro aos 14 anos na escola de Teatro O'Tablado no Rio de Janeiro, de Maria Clara Machado. Thiago soube aproveitar os aprendizados, e aos dezenove anos escreveu e dirigiu o espetáculo “Todo Vagabundo Tem Seu Dia de Gloria”, com texto inspirado na Commedia Dell'arte, estreando em 2003. Saltou para o Jornalismo, cursando a faculdade de comunicação social e participando consecutivamente de oficinas teatrais como a Oficina de Dramaturgia com Bosco Brasil, e oficinas de teatro da CIA. do Chapitô de Portugal.

Foi ator e bailarino da Pulsar Cia. de Dança de 2005 a 2007, companhia que já cumpriu temporadas em teatros do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, além de apresentações em capitais e cidades do interior do país e no exterior. Além de atuar, produziu e criou figurinos e ambientacao cênica para "Duas X Strindberg", espetáculo premiado em 2006 pela Funarte com o "Além dos Limites" e que teve a preparação corporal de Angel Vianna, no Sesc Copacabana (Março de 2007) e no teatro Caixa Cultural de Brasília (Novembro de 2006).

Recentemente integrou o elenco de atores-cantores do musical "Cazuza - Jogado A Teus Pés", em homenagem aos cinqüenta anos do cantor Cazuza em cartaz de outubro de 2008 a fevereiro de 2009 no Rio de Janeiro. Embora já tenha fluência no inglês, português, e espanhol, ele iniciou, no mesmo ano, seus estudos em Alemão no Goethe Institut e na ASL Sprachenschule, ambas em Munique, Alemanha.




Atualmente, Thiago assume sua paixão pelo Jazz através do show “Na Influência do Jazz”, título inspirado na música de Carlos Lyra, calçado numa versão que reúne instrumentos sofisticados como Piano e baixo, temperado ao som da Percussão/bateria. O show é um encontro amoroso entre os gêneros: O Jazz, o Samba e a Bossa Nova, que trazem ao repertório consagrados ícones da música, como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Pixinguinha, e um belíssimo incidental com Dorival Caymmi, além de arvorecer também com os ilustres Baden Powell, Gershwin, Bart Howard e Arthur Hamilton.

Figuram também como influencias do cantor, outros grandes nomes da música, como Elis Regina, Simonal, Sarah Vaughan, Nat King Cole, Nouvelle Cuisine Quintet, Marisa Monte, Caetano Veloso e Maria Bethânia. A sensação é que uma mágica trará uma surpresa da cartola, e assim também deve se definir o próprio Thiago Pach ou ouvindo e presenciando apresentações do artista para evidenciar o que Caetano Veloso diz “Gente é pra brilhar!”.

Jefferson Cruz (JC) – Mais alguma habilidade artístico-intelectual que não tenha sido mencionada? E sente-se envaidecido por essa versatilidade?



Thiago Pach - A minha família, apesar de não ter profissionais na área artística, sempre esteve envolvida de alguma forma com a arte. Tenho um tio que também é cantor e violonista. A música sempre foi muito forte dentro da minha casa. Além disso, meu pai é desenhista e, eu adquiri esse dom e, apesar de nunca me profissionalizar como desenhista, às vezes uso isso ao meu favor no teatro, criando figurinos. Na montagem do "Todo Vagabundo Tem Seu Dia de Glória", espetáculo que escrevi e dirigi, os figurinos e a maquiagem foram criadas por mim. Os figurinos com a ajuda do meu pai. Também gosto muito de dirigir e escrevo muito. Tenho algumas pecas de teatro, letras de músicas e poemas. Nao me sinto envaidecido pela versatilidade. Acho que a vida é versátil mesmo. É natural no mundo em que vivemos hoje. E essa versatilidade tem um lado ruim também, pois mesmo exercendo mais de uma habilidade, você acaba precisando se especializar mais em uma em detrimento da outra. No meu caso o canto em detrimento da dança. E isso é normal, são as escolhas que assumimos.

(JC) – Como concilia esses intercâmbios artísticos nessa linha tênue do teatro, da dança, e da música?

Thiago Pach - Hoje já não vejo mais essa linha tênue. (Rs) Teatro é voz. E só comecei a entender como realmente usar minha "voz falada" no teatro, quando adquiri um entendimento das técnicas de canto. E teatro é corpo também. Como expressar aquele sentimento sem palavras? Quando falamos "eu te amo", não é só a boca que diz, mas o corpo inteiro intenciona aquele momento. Isso é vida e, conseqüentemente, a arte. Comecei a estudar teatro no Tablado (Rio de janeiro) aos 14 anos de idade. Tudo começou com o teatro. Por causa do teatro, me interessei pela dança. Fiz alguns workshops com a Angel Vianna e fui convidado pelo Alexandre Franco, bailarino, coreógrafo e também professor da Faculdade Angel Vianna para participar de um projeto que envolvia atores e bailarinos num tipo de dança-performance. A partir daí, fui escalado como ator/bailarino para fazer parte de uma versão do musical "The Rock Horror Picture Show". Naquela época tudo era muito precário e cantávamos dublando nossas próprias vozes em PLayback. Um dos atores não era cantor e eu me ofereci para gravar a voz daquele personagem. Todos se espantaram pelo fato de eu cantar. Desde então, passei a ser escalado como ator/cantor.
Na prática, quando estou em cartaz com teatro, a agenda de shows fica dependente da agenda do espetáculo.


(JC) – O que costuma fazer para equilibrar tantas vibrações e energias dessas artes? Há tempo para se divertir com os amigos e família?



Thiago Pach - Seria clichê dizer que meu trabalho também é minha diversão? Ou será que sou Workaholic? (Rs) Sempre há tempo para os amigos e família. Tem que haver.

(JC) – Entre essas vastas experiências no âmbito artístico, exceto a música, qual delas você seguiria carreira? Por quê?

Thiago Pach - Bem, já sou ator e cantor. E o Ballet é uma paixão. Mas, infelizmente, para seguir uma carreira de bailarino clássico eu teria que ter começado muito antes e persistido. É uma carreira, que apesar de romântica, exige muito do corpo, de disciplina e foco. Tenho vários amigos bailarinos, já trabalhei com eles e é uma rotina árdua. Como a do cantor. Tem que exercitar pra sempre. E quando me pergunta por quê... Não sei a resposta! Só sei que sempre foi assim. Sempre quis ser ator e cantor. Não me lembro de outro desejo. Eu amo o que faço! E no teatro dá para mixar música, dança, literatura, artes plásticas... O infinito.

(JC) – Como você avalia o papel do jornalismo cultural no desenvolvimento do mercado da música para os novos talentos?



Thiago Pach - Acho importantíssimo para os novos artistas. Infelizmente, ainda acho que a comparação de novos artísticas com outros que já estão no mercado é exarcebada. O mercado da música não pode ser uma fábrica de produtos, onde se repõe uma nova versão a cada temporada. Gostaria que o mercado fosse mais amplo, mais ousado e não procurasse sempre "mais do mesmo". E, ao meu ver, essa mudança deve ser incentivada pelo jornalista cultural. Mas, por outro lado, acho que isso tem mudado um pouco. Temos tantos novos talentos, artistas maravilhosos, bons cantores, compositores... Em diversos estilos. E acho que o público também está um pouco cansado de sempre ouvir as mesmas coisas e está a procura de novas sonoridades. Isso é ótimo!

(JC) – Em que se aplicam os conhecimentos da comunicação social – jornalismo - na sua experiência profissional como cantor?

Thiago Pach - A arte, seja a música ou outro meio de expressão artística, não é objetiva. Ela aponta caminhos, cria abertura para a reflexão... O jornalismo, ao contrário, é super objetivo, trabalha com fatos e provas. Acho, que o jornalismo, de alguma forma, se aplica na minha vida muito fortemente. Quando escolho um repertório ou um tema sempre vou um pouco mais a fundo. "Na Influência do Jazz", o que me levou a criação do repertório e do show, foi a o fato de o Jazz e o Samba serem músicas negras ambas surgidas no início do século XX. Ambas com influência nas músicas de trabalho dos escravos africanos. E isso me levou a Bossa Nova, um movimento mais contemporâneo, que se inspira no samba e no jazz americano. Sempre busco fatos, história, etc. Mesmo que não chegue a comentar isso durante o show, necessito dessa integração e entendimento. E no fim acaba ficando claro para o público também, mesmo que inconscientemente. Aí, já é trabalho da arte!

(JC) – Além de contribuir para o aprendizado de outros idiomas, quais outras lições você trouxe das temporadas na Alemanha ou Portugal para a vida pessoal e profissional?


Thiago Pach - Em Portugal, não chegamos a tocar. Estamos tentando fechar apresentações lá e estou ansioso para que aconteça. Mas, a minha experiência tem sido muito boa. Sempre sou muito bem recebido. A música brasileira é adorada no 4 cantos do mundo. Eles adoram Bossa Nova. Realmente, a arte não necessita de idiomas e formalidades. Ela comunica.

(JC) – Já se apresentou em algum projeto artístico no exterior? Como foi, e caso não, planeja realizar (onde)?

Thiago Pach - Estamos fechando para o próximo semestre apresentações na Alemanha. A recepção do "Na Influência do Jazz" é muito boa aqui. O mix do ritmo do Samba e da Bossa com o Jazz é sempre bem recebido.

(JC) – Pensa em consolidar sua carreira como cantor em algum desses países, tendo que optar por viver fora do Brasil?

Thiago Pach - Atualmente, estou vivendo entre o Brasil e a Alemanha. Mas, é muito cedo pra pensar sobre isso. E mesmo que isso aconteça, quero tocar mais no Brasil, em outros estados além do Rio de Janeiro. Sinto essa necessidade e gosto do público brasileiro. A interação com o público é sempre outra.

(JC) – Como está sendo a vivência no elenco de atores-cantores no musical “Cazuza – Jogado A Teus Pés”? Conte-nos um pouco sobre esse espetáculo.

Thiago Pach - O musical "Cazuza - Jogado A Teus Pés" foi apresentado em 2008 e 2009 no Rio de Janeiro. A experiência de cantar músicas como "Codinome Beija-flor", "Down em Mim e "Faz Parte do Meu Show" foi magnífica. Pois eu pude ver como o público se identifica com aquelas músicas. As pessoas cantavam junto com a gente e era emocionante. A rotina do musical foi muito importante pra mim, pois não era um musical convencional com personagens demarcados. Partimos do nada, pois não era biográfico. Então pude escolher como interpretar aquelas canções do meu jeito. Tive muito medo ao cantar "Codinome Beija-flor", por exemplo. Pois ela está muito forte na memória das pessoas com a voz do Cazuza. E sou um intérprete completamente diferente, com um tímbre completamente diferente. Mas a resposta sempre foi muito boa. Além disso, conheci pessoas maravilhosas e fiz grandes amigos. O elenco, além de talentoso, era muito divertido. Todos da mesma faixa etária. Nosso camarim era uma delícia!

(JC) – A peça/musical carioca “Cazuza Jogado a Teus Pés” pretende avocar também a admiração da crítica e do público baiano?

Thiago Pach - Adoraria que o musical ainda estivesse em cartaz para apresentarmos na Bahia! Quem sabe com "Na Influência do Jazz" terei esse prazer.

(JC) – Você tem como influências musicais consagrados ícones como Simonal, Sarah Vaughan, Nat King Cole, Nouvelle Cuisine Quintet, Marisa Monte, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Elis Regina que completou esse mês 65 anos do seu legado. Quais músicas da Elis incluem no seu repertório?

Thiago Pach - No show canto "Modinha" do Tom Jobim que a Elis também gravou. Adoro "Fascinação", inclusive a versão em inglês com Nat King Cole. E também "O Mestre-Sala dos Mares", "Madalena" e "Águas de Março".

(JC) – Está envolvido em mais algum projeto, além da temporada do show "Na Influência do Jazz"?

Thiago Pach - Estou criando um repertório de sambas com o violonista João Vicente para apresentações na cidade de Petrópolis, no estado do Rio.

(JC) – Pensa em trazer seu show para os palcos da Bahia?

Thiago Pach - Seria um sonho! Adoro a Bahia. Acho que vocês são super desenvolvidos culturalmente. Adoro todo esse mix baiano. E acho que "Na Influência do Jazz" tem tudo haver com a Bahia. Convites??? (Rs)

(JC) – Quais suas expectativas na carreira como cantor e onde pretende chegar com todos os talentos desenvolvidos?

Thiago Pach - Acho que sucesso é fazer bem o que gosta e ser reconhecido pela qualidade desse trabalho. Quero poder gravar álbuns sem a pressão de ser um artista independente e, continuar o meu trabalho em musicais.

Fênix

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UM DOS MAIS ENIGMÁTICOS ARTISTAS DO CANTO POPULAR NO BRASIL

Por Jefferson Cruz
Foto Divulgação
Design Fotos: Sidney Rocharte


Ao lado metafórico da mitologia grega, o cantor e compositor Fênix é radicado na mesma simbologia da ave lendária que renasce das próprias cinzas, o que traduzindo é uma definição primordial do seu diferencial: Renascer a cada nova interpretação e composição. Fênix descende da nobre linhagem de intérpretes de voz andrógina, um timbre vocal pecualiaríssimo, quase um castratti renascentista. Quando jovem, o recifense foi influenciado por Luiz Gonzaga, de quem herdou a paixão pelos ritmos nordestinos. Ele dosa os tons com exemplar domínio da técnica do canto, desenvolvida no conservatório de música de Recife (PE), a cidade-capital de Pernambuco que abrigou o artista até 1994, de onde ele partiu logo depois da adolescência, para tornar-se um cidadão do mundo.

Fênix fez teatro no Rio e em São Paulo, alem de circuito de shows, antes de agendar, no Rio, uma apresentação que lhe valeria um vitorioso teste para o musical “Os Quatro Carreirinhas”, dirigido por Wolf Maia. Foi durante a temporada do espetáculo que o cantor chamou a atenção do grande público com sua voz “marfim”, tal como o título de um de seus álbuns. Poeticamente trata-se de uma voz refinada de timbre feminino, mas paradoxalmente viril e resistente.

Cada vez mais global e cosmopolita, circulando entre Recife e Rio de Janeiro, Fênix se permitiu passar também uma temporada em Nova York (EUA), bem no centro da ebulição cultural, onde conheceu Gerald Thomas, vindo a trabalhar com o conceituado diretor de teatro na montagem de O Cão Andaluz, espetáculo inspirado na obra do poeta espanhol Garcia Lorca (1898 – 1936). A encenação percorreu São Paulo em 1998, dois anos depois de a voz de Fênix ter sido o principal destaque do musical Os Quatro Carreirinhas.

Em 2001, retornou ao Brasil para gravar sua estréia, ou mais uma renascença, com o primeiro disco Eu, causa e efeito, com produção do maestro Jaime Alem (o mesmo de Maria Bethânia) e participações de Ney Matogrosso, e composições inéditas de Zeca Baleiro. Na faixa autoral Zapping, Fênix sentenciou num verso “Já sou capaz de cantar as minhas verdades”.

Em 2003, lançou seu segundo trabalho, “Marfim”, no qual regrava Caetano Veloso e Lulu Santos, além de contar com a participação do saxofonista Léo Gandelman. Neste segundo disco ele nos apresenta um repertório mais pop e moderno.

E agora, Fênix voa alto com seu primeiro CD ao vivo, Cirando do Mundo, um trabalho que sintetiza, com total liberdade, uma história de vida tão rica e variada, sempre na tênue fronteira entre música e teatro, quanto os matizes de sua voz privilegiada. E, em qualquer tom, sempre verdadeira. Não por acaso também, o show que originou o disco se chama Ciranda do Mundo, pegando emprestado o nome da música de Edu Krieger que figura no repertório multifacetado. , e foi realizado em 18 de novembro de 2008 no Teatro Baden Powell, no Rio de Janeiro (RJ), com as participações especialíssimas de Silvia Machete e Zé Ramalho.



O CD mistura no repertório temas autorais do artista com músicas de Ary Barroso, Beto Guedes, Byafra, Caetano Veloso, Lula Queiroga e Marisa Monte. Mixado (por Renato Alscher, no estúdio carioca Corredor 5) e masterizado (por Carlos Freitas, no paulista Classic Máster) na pressão, com produção assinada por Fênix em parceria com o violonista João Gaspar (autor de todos os vigorosos arranjos), o CD Fênix Ciranda do Mundo ao Vivo mantém o pique ao longo de suas 14 faixas.

Jefferson Cruz (JC)- Como você explica essa liberdade de transformar consagradas canções para um estilo próprio?

Fênix - Vim de uma determinada escola de canto e bebi e ainda bebo em diversas fontes. De fato no canto popular do Brasil nós somos muito únicos qto a autenticidade de nossos artistas. Não saberia não fazer do meu jeito. Para o trabalho de um interprete/cantor é importante acrescentarmos nossa visão ao interpretarmos uma determinada canção.

(JC)- Qual sua observação sobre a causa e o efeito de ser um artista de sucesso?

Fênix - Acho que o sucesso é resultado de vários fatores : disciplina, perseverança, unicidade, talento, sorte, oportunidade...querer estar.

(JC)- Quais as causas e efeitos que você busca alcançar em sua carreira?

Fênix - Tenho repensado muito sobre isso ultimamente e mesmo reconhecendo a unicidade e beleza de meu canto, tenho analisado friamente como ele poderia me fazer feliz. Penso que fazendo o que já estou fazendo me dará ao menos a satisfação de mais e mais pessoas sentirem-se tocadas com o que produzo. Não penso em parar nunca...mas tb não sei se quero ser um pop star.

(JC)- Na mitologia, sabemos que Fênix é uma ave lendária que renasce das próprias cinzas, tendo a liberdade e a força como uma de suas virtudes. Como você define as suas virtudes?

Fênix - Mais ou menos por aí "fragilidade que é só força". E livre, sem isso não dá. Nunca daria. Não sei fazer só o que os outros querem...sou bom ouvinte, escuto opiniões e etc. Mas é importante para mim falar a verdade qdo eu canto. Lançar a luz sobre temas que não são tão palatáveis. Como Fênix eu renasço sempre. Dou pausas lomgas, volto a cantar...faço as coisas no meu ritmo e obedeço ao meu coração.

(JC)- Quanto tempo você passou em Nova Iorque, e quais as principais lições de vida pessoal e profissional trazidas de lá?

Fênix - NY é uma explosão pop. Vivi lá numa época super bacana. A cidade gozava da liberdade de ter seu presidente "usado sexualmente"pela secretária. Era antes do Bush. Depois do World Trade Center a cidade ficou chata, fascista. sombria. Aprendi muitas coisas em NY. A lidar com dinheiro, horários, cultura pop, o valor da imagem...gosto de ir...mas morar principalmente por causa do inverno, nunca mais.

(JC)- “Um mero acólito da androginia musical de Ney Matogrosso” é como sugerem alguns jornalistas. É possível escapar dessa alusão?

Fênix - Não. Não é possível escapar. Quem me deifiniu assim mesmo ?? rsrsrs O Ney é uma escola, faço parte dela mesmo sem nunca ter bebido diretamente. O considero genial, mas minhas escolhas artísticas e estéticas são diferentes da dele. Temos exatamente a metade da idade um do outro então é natural que sejamos diferentes.

(JC)- Além de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, os quais você se identifica desde a juventude, quais outras influências desencadeiam no seu trabalho?

Fênix - Gonzagão sempre. Jackson menos. Gosto da Lady Gaga, Radiohead, Mariana Aydar, Céu, Rubi, Silvia Machete...e por aí vai. Atualmente muita Lady Gaga (principalmente Ao vivo).

(JC)- Tendo uma “frondosa árvore” como elemento figurativo, como você distribuiria a diversidade de seus estilos musicais? Quais os estilos que compõem as “raízes” e as “múltiplas ramificações”?

Fênix - Bem, venho de Recife que é uma cidade muito ligada em contemporaneidade. Faz parte da inquietude artística da cidade. Amamos estar antenados. Somos saudosistas e nostálgicos mas a minha geração (mangue) tem a intenção de construir de aqui em diante. De pavimentar o nosso, uma nova estória.
A música clássica foi muito forte na minha vida. Mozart, Handel, Gluck, Vivaldi. Depois a música pop : Madonna, Radiohead, Bjork. MPB : Gal, Dalva, Bethânia, Marisa, Caetano. E o meu berço.

(JC)- Além do musical “Os Quatro Carreirinhas”, dirigido por Wolf Maia, quais suas outras principais realizações no teatro?

Fênix - Quatro carreirinhas e "Fênix e Stuart" dirigidos pelo Wolf Maya, "O cão andaluz" dirigido pelo Gerald Thomas e "Vozes de Ouro" dirigido pelo Ney Mattogrosso.

(JC)- Em algum momento pensa em criar ou participar de mais uma montagem cênica musical?

Fênix - Sim. Projetos, projetos...estou terminando de escrever algo para apresentar ao Claudio Botelho e o Charles Moeller.

(JC)- Qual a expectativa de lançamento do seu primeiro disco ao vivo ”Ciranda do Mundo”?

Fênix - Espero que boa. Este Cd foi super bem cuidado. É um resumo de minha trajetória no palco. As pessoas vão adorar. Tem pressão, foi bem gravado, a capa está linda. Enfim.

(JC)- Como você descreve essa primeira experiência de gravar o CD ao vivo?

Fênix - Exaustiva e cara. É muito melhor trabalhar num CD de estúdio como faço agora.

(JC)- Em outras palavras, o que significa o verso “Já sou capaz de cantar as minhas verdades”, verso de Zapping, música autoral de seu primeiro CD?

Fênix - Que faço questão de dizer através de minhas letras quem eu sou e ao que eu vim.

(JC)- No geral, quais as suas considerações sobre o cenário da música pernambucana e baiana?

Fênix - Amo a música pernambucana e seus artistas. Da música baiana só conheço os consagrados. Agora o axé industrial tipo "rebolation" não fazem minha cabeça.

(JC)- Prepara algo para o público baiano?

Fênix - Amo os baianos. Delícia de povo. Se um dia eu for de férias capaz de eu nunca mais voltar. Não vejo a hora de cantar para o público baiano. Como eu disse, delícia de povo.

Fábio & Alessandro

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SE É PARA FALAR DE AMOR E ESQUENTAR AS COSTELAS OUÇAM FÁBIO E ALESSANDRO

Por Jefferson Cruz
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A dupla de irmãos baianos Fábio & Alessandro, nascidos em Salvador, são uma novidade promissora de sucesso e talento reconhecido através dos aplausos das pessoas que já conferiram seus shows. A nova expressão da música romântica sertaneja com a carga explosiva de animação do forró e muita interação com o público. Contemplados pelo celeiro de diversidades da Bahia, e com o selo de qualidade dessa terra, a dupla tem conquistado a admiração de crianças, adolescentes na fase colegial, passando pelas preferências distintas dos jovens e adultos universitários, até a terceira idade.

O primeiro CD independente gravado em 2009, com a participação de grandes músicos baianos, dirigidos pelo ilustríssimo Chico Sá, reúne um trabalho totalmente autoral com 14 faixas riquíssimas do talento desta dupla temperada do romantismo e diversão. No trabalhado autoral, embalam o publico as canções “Doce Aventura” e “Pode Chamar que Eu Vou”, não há quem não procure imediatamente um (a) parceiro (a) para dançar.

Em constante busca pela inovação, Fábio & Alessandro divulgam mais um álbum, contabilizando o segundo da carreira, desta vez com gravação ao vivo, registrando toda a emoção e energia dos gritos, aplausos, assovios do publico empolgado em todas as 22 canções, entre músicas sertanejas & forró autorais e de outros artistas brasileiros.

E agora com o CD ao vivo, a dupla busca vôos mais altos para arrebatar o maior número de públicos na capital baiana, no interior do Estado, outros territórios nacionais e no exterior, desta vez fazendo parte do cast de sensacionais e consagrados artistas da Hessel Produções, que integra o Pólo de Musica da Bahia (POMBA), projeto apoiado pelo SEBRAE/BA, que visa o desenvolvimento da musica independente no Estado.

O contato veio de indicação de amigos, então conheci a dupla, conversamos bastante e realmente, é um sertanejo bacana de curtir. Olha que eu não sou chegado, mas mudei meu conceito com a dupla que me concedeu essa entrevista através do portal Oxente Salvador.


Jefferson Cruz (JC) - De onde veio essa paixão pela música sertaneja? Alguma influência musical na família?


Fábio & Alessandro - Crescemos ouvindo a música sertaneja, sempre fomos fãs do estilo, apesar de ter nascido em Salvador e morar aqui, nossos pais e muitos dos nossos parentes nasceram no interior. Onde sempre passávamos as férias quando criança. O São João sempre foi a festa mais esperada do ano para nós. Somos apaixonados pelo forró. A tranqüilidade da vida no interior sempre nos encantou. A música entrou em nossas vidas muito cedo pois minha mãe apesar de não saber tocar, possuia um violão e foi nele que aprendemos os primeiros acordes ainda quando criança.

JC - Qual a formação musical da dupla?

Fábio & Alessandro - Os dois tocam violão, Fabio também já tocou contra baixo e teclado.

JC - Onde foi gravado o primeiro CD?


Fábio & Alessandro - Foi gravado no Estudio Pedro Deliege no horto florestal

JC - Como foi a produção do segundo CD ao vivo?

Fábio & Alessandro - Escolhemos com muito carinho o repertório e ficamos satisfeitos com o resultado final foi muito divertido, adoramos fazer esse CD.

JC - Com está a divulgação e distribuição dos dois trabalhos?

Fábio & Alessandro - É espantoso o espaço que estamos conseguindo em tão pouco tempo principalmente nas cidades do interior, fomos bem recebidos em todos os lugares que passamos. Estamos muito felizes com a aceitação do publico.

JC - Como tem sido a aceitação do publico nesse inicio de carreira?

Fábio & Alessandro - Muito boa, antes de gravar não esperávamos que as nossas músicas recebessem tantos elogios, as pessoas se identificam com as letras e com o ritmo.

JC - Qual o projeto e missão do talento de Fábio & Alessandro nesse cenário da música sertaneja e do forró?

Fábio & Alessandro - Nosso projeto é continuar compondo, tocando e principalmente nos divertindo muito, é claro que o sucesso e reconhecimento nacional é desejado mas pensamos que não deve ser um objetivo. Acho que o grande segredo é sempre se dedicar inteiramente ao trabalho e fazer tudo com muito amor que o resto vem como conseqüência.

Matildes Charles

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VIGOR BAIANO NO DNA E UMA VOZ APAIXONANTE E SOFISTICADA À LA FRANÇAISE

Por Jefferson Cruz
Foto Divulgação


Como todo projeto de grande valor na vida de alguém, na ordem dos acontecimentos, em primeiro lugar - o sonho. Quando um sonho persiste em nosso subconsciente e começa a transcender e projetar-se na nossa realidade, chamamos de objetivo. Matildes é uma cantora de grandes objetivos, e a música é a sua janela da liberdade. A cantora é por muitas vezes aplaudida de pé, não apenas pelo destaque da sua voz e interpretação, mas simplesmente, porque ela canta o “sonho”.

Sempre acompanhada por músicos de qualidade, a cantora Matildes Charles divulga o que há de melhor na música popular brasileira e francesa. No palco, ela mostra que uma cantora é muito mais que um instrumento musical, contagiando o público com sua naturalidade e capricho. Esse talento já foi reverenciado pela critica dos jornais de Paris, onde a cantora já representou o Brasil e a Bahia, em diversos festivais e casas de shows, deixando claro que sonhar é possível, mesmo diante da realidade dos "atores" da música independente brasileira.

A conheci no Tom do Sabor, num dos shows de temporada do grupo clássico do choro baiano - OS INGÊNUOS. Nessa temporada, Matildes foi uma das homenageadas, apresentando na temporada "Shows de Ontem, De Hoje e De Sempre", apresentando no Teatro Sesc Pelourinho e no Tom do Sabor. Eu simplemente fiquei encantado e não podeia perder a oportunidade de entrevistá-la para publicação no portal Oxente Salvador. Matildes falou da carreira, das lutas e sua opinião sobre as políticas de exportação da música brasileira, em um papo descontraído que você confere aqui:

Jefferson Cruz (JC) – Quanto tempo de carreira você tem registrado? E o que mudou na sua visão de artista nesse tempo?

Matildes – Chamo de carreira o tempo de estrada na musica que tenho, apesar de nunca ter tido um produtor(a) artístico, nunca ter gravado cd. Sonhei muito com o reconhecimento do meu trabalho, que vem acontecendo gradativamente.

JC– Quando você canta, o que mais chama a atenção do público?

Matildes – Minha voz, minha presença de palco e minha interpretação.

JC – Numa das suas aparições no exterior, você apresentou-se num evento da UNESCO. Quais outros eventos você participou na Europa? Já fez show em outros países?

Matildes – Fiz show no Olympia de Paris (França) em primeira parte do show de Zezé Motta e Paulo Moura, assim como casas de shows. Fiz shows na Alemanha, Suíça e Itália. Também participei do festival cultural “Encontro de Nações” no Marrocos e fiz turnê em Moscou com a cantora e apresentadora Amanda Lear.

JC – E quais estilos você privilegia no repertório apresentado ao público no exterior?

Matildes – Bossa Nova e Samba.

JC – Você tem participado de eventos e festivais no Brasil, com a mesma infra-estrutura da Europa?


Matildes – Nunca participei de festivais no Brasil. Na Bahia fiz temporada de shows em restaurantes como: Botequim São Jorge, Casa da Mãe, Pedra da Sereia e já participei duas vezes do concurso de musica da radio Educadora.

JC –Como surgiu a idéia de unir a música brasileira e francesa na sua carreira? Quais suas influências na música popular francesa?

Matildes – Surgiu naturalmente por ter morado 10 anos na França, por ser cantora e gostar de novidades. Minhas influencias: Jacques Brel, Edith Piaff, Mauranne, Henri Salvador...

JC – Na Europa, você fez a primeira parte do show do Quarteto Negro com Paulo Moura e Zezé no Olympiá de Paris. Como foi a repercussão desse show na Europa e no Brasil?

Matildes – No Brasil não sei, mas em Paris os jornais divulgaram o destaque da minha interpretação.

JC – Quais estados brasileiros você já visitou com o seu trabalho?

Matildes – Brasília e Rio de Janeiro.

JC – Já houve alguma experiência de encontrar brasileiros, ou mais precisamente, baianos, apreciando sua música na Europa?

Matildes – Sempre que encontrei brasileiros fora do Brasil eles reconheceram meu talento.

JC – Da mesma forma que você mostra todo seu talento no exterior, tem encontrado muitos artistas do seu país? A maioria desses artistas é de qual estado brasileiro?

Matildes – A maioria do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e é lógico Bahia.

JC – Em sua opinião de artista, o que precisa melhorar nas políticas de exportação de produtos musicais?

Matildes – Mais interesse da iniciativa privada e dos órgãos competentes para descobrir novos talentos.

JC – Nos seus espetáculos você mostra uma autentica interpretação com o destaque especial da sua voz. Todo esse talento já foi reconhecido por algum selo fonográfico nacional? Qual?


Matildes – Ainda não, mas vai acontecer com certeza. Acredito nisso porque gosto do que faço e sei que tem valor.

JC – Você freqüentemente é uma das convidadas dos shows do grande compositor J. Veloso, que tem canções nas vozes de muitas artistas como Maria Bethânia, Gal Costa, Daniela Mercury, Zezé Mota, Vânia Abreu, Belô Velloso, e Mariene de Castro. Você já gravou alguma musica dele também, ou quais músicas de Veloso incluem no seu repertório?

Matildes – J. Velloso é uma pessoa que reconhece meu talento e a convite dele gravei o hino da África do Sul no cd “Rosário dos Pretos”. Gosto das composições de Jota mas ainda não tive a oportunidade de gravar uma de suas composições.

JC – Foi divulgado aqui no Oxente Salvador, o show do consagrado grupo regional de choro, Os Ingênuos, que tem sua participação especial nesse sábado (17) no Tom do Sabor. O que você reserva para o público nessa apresentação?

Matildes – Fiquei feliz com o convite da produção dos Ingênuos para essa participação especial e reservo para o público títulos que já fazem parte do repertório do grupo e alguns sugeridos por mim como “Samba em Prelúdio” interpretado em francês.

JC – Está engajada em algum novo projeto musical?

Matildes – Sim. Fui convidada para participar do projeto musical da banda Didá “Vem pra Dida Vem pro Pelô”, que recebe todas as sextas-feiras uma cantora diferente. Nessa sexta-feira 16/04 será minha vez (se não chover)

JC – Como os consumidores podem adquirir um álbum seu?

Matildes – Ainda não gravei meu álbum. Fiz um cd (demo). Evidente que num futuro próximo pretendo gravar meu álbum.

Repertório de Matildes:

1. Touche pas mon pote – Gil
2. Joana Francesa - Chico
3. Pret a Porter de Tafetá – João Bosco
4. A Rita – Chico
5. Você Abusou "Fais comme l’oiseau" versão francesa
6. Dans Mon Ile – Henry Salvador
7. Que reste-t-il de nos amours
8. Ne me quittes pas – Jacques Brel
9. La vie en Rose – canta Edith Piaf
10. Samba em Prelúdio – versão francesa
11. Paris de Santos Dumont aos Travestis– canta Rosa Passos
12. Isso é meu Brasil – Ary Barroso
13. Sai Dessa
14. Samba do Grande Amor
15. Samba de Orly
16. Dunas – Rosa Passos
17. Trocando em Miúdos - Ivan Lins
18. Amor até o fim
19. É d’Oxum - Geronimo
20. Abraçar e agradecer - Geronimo

Luiz Mott

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UM NOTÁVEL ATIVISTA BRASILEIRO NUMA CONVERSA SOBRE HOMESSEXUALIDADE!

Por Jefferson Cruz
Foto Jefferson Cruz


Luiz Roberto de Barros Mott, mais conhecido como “Luiz Mott”, tem 64 anos, paulistano por nascimento, desde os anos 70, radicado em Salvador, cidade que lhe concedeu o título de Cidadão Honorário. Em 2006 a Assembléia Legislativa do Estado da Bahia concedeu o título de cidadão baiano a Luiz Mott, em seguida em Piauí. De tradicional família interiorana ele estudou em Seminário Dominicano de Juiz de Fora. Formou-se em Ciências Sociais na USP. Fez mestrado na Sorbonne, em Etnologia; doutor em Antropologia, pela Unicamp e professor emérito do Departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia UFBA. Atualmente aposentado em antropologia.

Assumiu sua orientação sexual em 1977. Luiz Mott é fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB), uma das principais instituições que colaboram em prol dos direitos humanos dos gays no Brasil. Já foi vítima de discriminação, sendo agredido, em 1979, por um “machão” quando passeava pelo Farol da Barra ao por do sol, com Aroldo Assunção, ex-parceiro na época. O GGB foi fundado em 1980, durante o carnaval, com a missão de defender os direitos civis das pessoas de minoria sexual, ou seja, gays, lésbicas, bissexuais e pessoas transexuais e transgêneros.

Mott, um dos mais notáveis ativistas brasileiros, que atendeu ao convite, representando o portal OxenteSalvador para uma conversa bastante didática sobre homossexualidade, assunto do qual é especialista. Na oportunidade, mostrei um dos meus textos literários, que ele elogiou e comentou no meu outro blog http://vocepontocruz.blogspot.com/ Clique aqui e leia também

Veja a entrevista baixo:


Jefferson Cruz (JC) – Qual a atuação do GGB na organização das Paradas Gays na Bahia. O grupo é responsável pela manifestação nas demais cidades do Estado?

Luiz Mott - Não. Na verdade, nos últimos 30 anos de atividade o GGB funcionou como uma espécie de guarda-chuva, abrigando na sua sede, por onde já passou (Barroquinha, Sodré e nos últimos 10 anos no Pelourinho) e colaborando com diversos grupos, desde a formação, nas demais cidades e no recôncavo. Desde 2002, primeira parada de Salvador, o GGB já colaborava em outras cidades como Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna, Lauro de Freitas, e recentemente em Santo Amaro. Em muitos casos emprestando a bandeira de 40m, importante para essas manifestações das paradas gays. Cada parada tem a sua independência.

(JC) – Pode nos explicar resumidamente qual é o processo para que uma cidade possa haver uma parada LGBT?


Luiz Mott - Na verdade basta haver alguma liderança local, de preferência gay, lésbicas ou travestis, que tenham coragem, peito, pra dar inicio a essa atividade. Para isso, devem se organizar, podendo contar com o know-how do GGB para treinamentos. Em seguida contatar órgãos municipais para garantir a segurança e liberação do trecho. O grupo deve também conseguir um ou mais carros de som, divulgar na mídia, informar a data tema, contar que não chova, e que a violência não participe, pois sabemos que em eventos de grande conglomeração de pessoas sempre atraem marginais que aproveitam pra roubar e agredir.

(JC) – A Bahia está no ranking do estado com maior numero de paradas. Fale-nos um pouco mais sobre essa evolução.

Luiz Mott – A Bahia tem algumas lideranças. Aqui está o grupo mais antigo de funcionamento do Brasil. Eu sou o decano do movimento homossexual brasileiro, ou seja, eu não fui o primeiro, outros grupos existiram, mas sou o maior ativista gay contra a homofobia. Esse ano são 23 paradas, as datas variam conforme questões climáticas. O ideal seria no dia 28 de Junho quando é comemorado o Orgulho Gay, mais as chuvas inviabilizam o acontecimento nesse período aqui no nordeste. Transferimos para setembro. Membros da GGB participam de muitas outras paradas, falando em público, emprestando material. Esse é o momento dos grupos darem sua contribuição.

(JC) – Qual a repercussão da Parada Gay nesses últimos anos? As estatísticas de visitantes aumentaram? E a segurança tem melhorado?

Luiz Mott – Começou com 10 mil e cresceu para aproximadamente 800 mil pessoas segundo dados da Polícia Militar em 2009. 500 mil já nos deixa contentes, pois foge do controle. No ano anterior foram 14 trios elétricos, mil policiais, e este ano os números se repetem. Já houve muitos assaltos e felizmente em 2009 não houve nenhum registro. Nos meus cálculos 80% dos participantes são heterossexuais. As maiorias visitam por causa das madrinhas ou pra curtir o som mesmo. Esse ano a madrinha é a primeira dama, Fátima Mendonça, muita querida pela comunidade, ela é carinhosamente chamada de “Fatinha” e antes mesmo de ser primeira dama, já saia vestida de Frida. Esse ano o tema é Homofobia Fora Daqui, pois a Bahia é a campeã em assassinatos de gays. Esse ano foram 11 contabilizados. Em exercício e candidato ao governo, Jaques Wagner assinou um termo de compromisso pra aplicar ações que revertam esse quadro. Esperamos maior repercussão, aumentando o número de visitantes e mais ativistas.

(JC) – Parabenizamos o GGB pela escolha da lista dos premiados na 20ª edição do troféu Triângulo Rosa. Quanto ao “Pau de Sebo”, prêmio destinado a agentes públicos e políticos que correspondem a uma atitude que desmerece os homossexuais, quais candidatos aos cargos de presidência e governo estariam indicados a receber essa premiação?

Luiz Mott – Todos os anos eu arquivo os destaques positivos e negativos da agenda do movimento homossexual. Este ano mereceram troféu Triângulo Rosa A Caixa Econômica por incluir parceiros nos planos de saúde como beneficiários. O IBGE por colocarem no censo, embora incompletos, pois deveriam ser não apenas os que vivem em união estável. Mas o Pau de Sebo ficaria para a Câmera Municipal por aprovar a nomeação de uma rua de Salvador em memória ao jornalista José Augusto Berbert que provocava homofobia em suas frases como “mantenha Salvador limpa, mate uma bicha todo dia!” e “bicha ou morre de AIDS ou assassinada”. Inaceitável um homofóbico receber qualquer homenagem.

(JC) – O que o levou a fundar o Grupo Gay da Bahia e lutar com tanto otimismo e excelência pelos direitos dos homossexuais?

Luiz Mott – Foi fundado exatamente no mesmo ano que o PT e OLODUM começaram a existir. Foi nos últimos cinco anos da ditadura militar, época de efervescência de reivindicações dos direitos humanos com grupos gays sendo formados em SP e no RJ. Nós fomos o primeiro grupo do nordeste a lutar contra a homofobia.

(JC) – Fale-nos sobre a sua recente obra “Bahia: Inquisição e Sociedade”

Luiz Mott – Eu como professor aposentado da UFBA e pesquisador no CNPq no nível mais elevado, ao longo dos anos, tenho pesquisado sobre o tribunal eclesiástico, que perseguia além dos judeus, os feiticeiros e os homossexuais chamados de sadomistas. Primeiro fiz um levantamento de como a inquisição exerceu seu poder de repressor entre 1591 e 1821, mostrando como os homossexuais sofreram as repreensões. Numa dessas histórias, um jovem negro foi açoitado pelo seu proprietário até a morte, quando descobriu que era homossexual, o que mostra como a homofobia é enraizada na sociedade.


(JC) – Ser gay é uma questão política?


Luiz Mott – Sim. As maiorias sociais sejam os negros, os índios e os homossexuais são vítimas de discriminação em casa, na escola, no trabalho e na rua. Assumir-se implica obviamente em reação daqueles que são intolerantes, então a minha proposta que repito constantemente é que as pessoas assumam a sua identidade homossexual como uma forma de evitar chantagens, stress e servir de modelos para jovens. Ser assumido, não implica em ser mal sucedido, desonesto e não perde a honra. É fundamental reconhecer sua identidade.

(JC) – Você concorda que a resistência de alguns pais, em sua maioria, é um reflexo de medo a homofobia, que a repreensão é uma medida de segurança?

Luiz Mott – Infelizmente é verdade. Os pais querem sempre o melhor para os filhos e quando percebem que eles estão indo para um caminho que poderá criar problemas ou descriminação eles querem evitar e às vezes forçam a barra, causando problemas psicológicos aos jovens que são predominantemente homossexuais e que reprimidos vão viver no fingimento, angustia e stress. O importante quando os pais descobrem que seu filho ou filha tem tendências homossexuais, estes devem ajudá-los enfrentar os preconceitos da mesma forma que outros fazem para defender os filhos deficientes físicos, ou membros de outras minorias que em casa já são educados a encarar a intolerância da sociedade global.

(JC) – Como a mídia, na indústria do entretenimento e no jornalismo (local e nacional), aborda ou incentiva a homofobia?De que forma tem sido retratado o personagem homossexual na televisão brasileira? O que precisa mudar? Os brasileiros já estão preparados para ver cenas mais fortes?

Luiz Mott – Melhorou nesses últimos anos, sobretudo a imprensa, que eram extremamente preconceituosos usando termos como que não eram aceitos pela comunidade homossexual. Inclusive o conceito de homofobia é cada vez mais discutido na imprensa. As novelas ainda têm preconceito em relação ao beijo gay. Os diretores e autores, muitos deles homossexuais deviam ser um pouco mais ousados, pois há anos já tem manifestação pública de carinhos entre homossexuais, já que heteros tem até sexo explicito nas novelas. O que mais me constrange são os programas humorísticos em que os gays são caracterizados de uma forma humilhante, de modo que negros, judeus, mulheres e idosos já não permitem mais esse tipo de abusos. No entanto o homossexual ainda não conseguiu força para deixas de ser palhaço e ser tratado como cidadão de respeito.

(JC) – Qual sua religião?

Luiz Mott – Fui católico de família tradicional paulistana de classe média. Sou ateu militante, desde a época em que estudei na faculdade de filosofia na USP, tendo como professor Fernando Henrique Cardoso. Fundei aqui na Bahia o grupo ateísta latino americano em que eu demonstro a ignorância de todas as religiões inclusive do candomblé, apesar de ser mais simpática aos gays, por ter deuses ou orixás que são ou bissexuais, homossexuais ou travestis, ainda assim não há um posicionamento na maior parte dos pais de santos quanto à afirmação desse fato. E muitos deles são homossexuais, tanto adeptos quanto os dirigentes.

(JC) – O que todo Cristão deve saber sobre homossexualidade?

Luiz Mott – Atualmente é fundamental que os evangélicos, sobretudo os petencostalistas abram o coração para a verdade pro respeito aos homossexuais já que Jesus nunca condenou o amor entre pessoas do mesmo sexo. Nesse meu texto eu explico e desconstruo os principais preconceitos bíblicos dos evangélicos e católicos fundamentalistas. Felizmente nos últimos anos se fundaram algumas igrejas que são abertas aos homossexuais, inclusive igrejas destinadas á comunidade homossexual. Outro exemplo, o Acerbispo anglicano, Desmond Mpilo Tutu, líder contra o apartheid da África do Sul que falou que a homofobia “é igual ao racismo . É o pecado que viola as leis de Deus!”.

(JC) – Há relatos de homossexuais que decidiram aderir à uma religião, no geral, igrejas protestantes evangélicas, como tentativa de tornarem-se heterossexuais. Acha isso correto? Qual sua visão de antropólogo sobre essa postura?

Luiz Mott – Considero que existam ex heteros, como eu mesmo. Fui casado e tenho duas filhas. Há mais de 40 anos sou exclusivamente homossexual. Ninguém nasce naturalmente heterossexual. São uma série de circunstancia ainda inexplicadas pela ciência que vão levar o individuo a ser predominantemente heterossexual, bissexual, ou homossexual. Há indivíduos que segundo relatório kinsey, são apenas 5% ou 10 % o grupo de homens que tiveram relações sexuais com outros homens chegando até ao orgasmo, porém são predominantemente heterossexuais. E a experiência sexual homoerótica tornou-se motivo de frustração, angústia. Essas pessoas devem procurar a sua felicidade se fixando ou na bissexualidade ou na heterossexualidade exclusiva. De modo que, para alguns, a religião funciona como um suporte emocional pra conseguir se firmar na sua felicidade apenas como heterossexual. Pessoas que tiveram experiências homossexuais muito fortes e que seriam segundo relatório kinsey predominantemente ou exclusivamente homossexuais, não devem tentar reverter essa sua tendência, pois é uma violência a si mesma. O Conselho Federal de Psicologia do Brasil e a Associação Norte Americana de Psicologia têm estudos científicos com muitas boas pesquisas que mostram que não existe correção ou “cura” aos homossexuais que tem uma homossexualidade essencial. De modo que essas clínicas, esses evangélicos que pretendem “curar” homossexuais, eles estão indo contra os princípios científicos e dos Direitos Humanos que diz que a livre orientação sexual é um direito humano fundamental como o direito a liberdade religiosa, da política, etc.

(JC) – Para os homossexuais, o amor tem preço? O medo à intolerância e discriminação acaba causando um implicante na duração dos relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo?

Luiz Mott – Com certeza, nós vivemos numa sociedade Heterossexista, Heteronormativa, e Heterrorsexista. Quem não é heterossexual é um verdadeiro terrorismo. Então as pessoas que tem opinião terão que enfrentar a intolerância e pagamos um preço que é o desprezo, o preconceito, a discriminação que pode chegar tanto do insulto até a violência de morte e que no Brasil a cada dois dias um homossexual é barbaramente assassinado. Isso gera um desconforto, um medo de mostrar sua liberdade, demonstrar seu afeto em público. É o preço em que se paga na sociedade homofóbica em que vivemos.


* Jefferson Cruz é jornalista graduado em 2008 e responsável pela redação deste portal.
http://br.linkedin.com/in/jeffersoncruz
http://myspace.com/jeffbrazzil