Nicola Són

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SANGUE FRANCÊS E UM JEITO BRASILEIRO INCONFUNDÍVEL

Por Jefferson Cruz
Foto Diculgação

Uma revelação ousada abençoa o jovem artista Francês, Nicola Són, que perseguiu nos seus estudos musicais uma forma de dar swing a Música Popular Francesa. Desde criança, sempre foi muito dedicado a música, e já nutria grandes passos na carreira como cantor. O gosto pela música brasileira despertava o faro pelo país, até realizar um intercâmbio na sua juventude, inicio de uma longa história de vivências interculturais que se naturalizaram no estilo musical do cantor.

Dessa forma, Nicola imprimi o swing e a harmonia genuinamente brasileira a Música Popular Francesa. A grande revelação e expectativa do cantor resultaram no primeiro CD Parioca, assumindo as veias da sua natividade em Paris e a paixão pela vida carioca. O álbum retrata as vibrações de saudade marcada pelos constantes embarques e desembarques entre Brasil e França, agregando uma peculiaridade ao trabalho.

Parioca é diversificado e atende aos diferentes gostos musicais, seja através do samba, Groove, o ritmo nordestino, o samba-rock e samba-reggae. Através do samba chanson, como Pierre Barouch chamava, Nicola dá o toque final ao projeto, adaptando as linguagens musicais respaldadas da troca cultural entre essas fronteiras riquíssimas de possibilidades, que lhe servem de inspiração para as composições.

Nicola grava esse primeiro álbum entre março 2006 e fevereiro 2007 ao Studio Eco Som, sob a direção musical de Henrique Cazes, cavaquista, arranjador e produtor reconhecido. Nicola é acompanhado de Jovi Joviano e Beto Cazes (percussões), Humberto Araújo (saxophone e flauta), e Jacques Figueras (baixo), que trabalharam com os consagrados Chico Buarque, Beth Carvalho e Zeca Pagodinho.

Literalmente, o álbum Parioca é estampado pelo selo do Brasil e França, simplesmente por conseguir transpor com fidelidade e qualidade ambas as culturas, o que deve ser recomendado aos franceses que buscam conhecer a música brasileira ao seu modo de sentir e produzir música, assim como serve para os brasileiros em relação à sonoridade francesa, e vice-versa. Nicola escolheu a primavera da França e o verão do Brasil, para lançamento do Parioca neste ano, 2010.

Jefferson Cruz (JC) - Quando foi seu primeiro contato com o estudo da música? E quais eram suas expectativas antes de fazer intercambio cultural no Brasil?

Nícola Són -
Acho que tinha 5 ou 6 anos quando comecei a aprender a flauta doce e a teoria; eram aulas particulares numa casa em Paris com 2 outros alunos. Fiz durante alguns anos e depois parei pra aprender a flauta transversal até os meus 13 anos. Quando tinha 16 anos comecei a tocar de novo e escolhi o violão.

As minhas expectativas eram enormes : queria tocar como João Gilberto !!! Imagina, até hoje quero tocar como ele. Mais modesto, queria aprender a tocar musica brasileira porque gostava muito então não foi dificil de escolher o Brasil pra isso.

(JC) - Quais motivos influenciaram na escolha do Brasil como celeiro para aperfeiçoar o seu conhecimento musical?

Nícola Són -
Como eu falei, os meus motivos eram de tocar musica brasileira, quando tinha 21 anos, rapidamente, eu quis tocar musica brasileira so que não sabia de nada e ninguém do meu lado conhecia a música brasileira; nessa época só tocávamos afro, soul, funk, reggae porque eram mais fáceis a reproduzir e também nós gostavamos muito, até hoje.

(JC) - Quando e como foi a experiência cultural no Brasil, no sentido geral?

Nícola Són -
Tinha 23 anos quando parti pra 6 mêses. Tinha pegado 2 mêses de férias no Rio de Janeiro pra aprender a lingua (por isso tenho um pequeno sotaque de carioca quando falo); ai tive uma vida de bohemiano, sai a noite para ouvir musica ao vivo, de dia tocava, compus as minhas primeiras músicas, ia pra a praia, etc... A experiência cultural foi demais mesmo.

Depois mudei pra São Paulo, arrangei um estágio no Consulado da França, no Escritório da Música. Fiquei 3 meses. E foi uma outra experiência cultural, mais moderna dessa vez, mas gostei também.

Enfim, o ultimo mês foi menos musical mas uma viagem no Brasil, passando por Iguaçu, Manaus, Bélem, Fortaleza, Recife, etc...

(JC) - Quais estilos e gêneros musicais brasileiros você mais se identificou durante a temporada no país?

Nícola Són -
O problema que tenho com o Brasil é que fora do sertanejo gosto quase tudo... Mas se devo falar de preferencias : naquela época, gostava muito de samba (roda de samba) e sambalanço, sempre amei os primeiros discos de Jorge Ben ou de Orlandivo. Tenho uma anedota engraçada sobre sambalanço : pra a minha primeira viagem no Brasil, tinha que motivar o escolho do Brasil a minha escola superior; ai eu decidi de argumentar essa viagem fazendo uma pesquisa pra o meu curso de português sobre a origem do sambalanço; aceitaram e fiz tipo um estudo sobre o sambalanço, fui nas bibliotecas no Rio, etc...

(JC) - Como surgiu a idéia de unir a música brasileira e francesa no projeto Parioca? Conte-nos mais sobre esse projeto.

Nícola Són -
Acho que foi quando estava aprendendo a música “O Pato” de Neuza Texeira e Jayma Silva, no songbook. A esse momento tive uma revelação : em vez de cantar “O pato...” comecei a cantar “C’est partout...”; pato / partout tem quase o mesmo som. Ai comecei a ir nessa direção, vi que não era impossivel de misturar os dois sem que o francês faz perder a musicalidade da harmonia e do swing.

Também, tinha ouvido uma adaptação muito linda de “Samba da Benção” de Baden Powell e Vinicius de Moraes, cantada por Pierre Barouh. Amei esse musica e mostrou também que era possivel.

(JC) - Há músicos brasileiros envolvidos diretamente na produção do seu primeiro CD Parioca?

Nícola Són -
Sim, na maior parte; so em “Tout va bien”, os musicos são franceses, menos o cavaquinista. Mas nos todos outros, são brasileiros e cariocas, menos o baixista que é o meu amigo Jacques, mas ja virou um pouco brasileiro porque casou com uma brasileira e mora em São Paulo.

(JC) - Já tem data de shows de lançamento do Parioca no Brasil? Já houve o lançamento na França? Caso sim, como foi o lançamento no seu país natal?

Nícola Són -
Por enquanto, tem cuidar do lançamento na França. Tem lugar dia 10 de maio com uma distribução nacional, na Bélgica, e na Suissa. É um grande momento pra mim porque faz mais de 4 anos que espero isso. Espero, essa vez, conquistar os corações franceses.

Depois me ataco aos corações brasileiros. O lançamento no Brasil esta previsto pelo fim do ano mas saberei muito mais depois. Tenho que ver tudo isso com calma.

(JC) - Por que escolheu, a primavera de Paris e o Verão do Brasil como estações de lançamento do seu CD?

Nícola Són
- Foi por acaso total, mas no final acho que funciona bem, né ? A primavera porque a gente esta deixando o inverno pra atras. O clima começa a se aquecer e o verão esta chegando. E no verão no Brasil, porque fica depois o verão francês; quero aproveitar dos dois !!!!!

(JC) - Já houve alguma experiência de encontrar pessoas de Paris apreciando sua música aqui no Brasil, e da mesma forma, algum brasileiro reconheceu o estilo nativo em seu país?

Nícola Són -
O encontro Parioca tipico !!! Sim com certeza. Conheço franceses que moram no Rio e que gosta da minha musica. Mas eles ja estão pariocas... Modéstia a parte, fica mais fácil de lhes fazer gostar. O verdadeiro desafio é de convertir os franceses que não conhecem a música brasileira e so a música traditional francesa. E vice versa, fazer conhecer o samba, o forró em francês. Sei que o Martinho da Vila tentou fazer isso, o Chico também já cantou parte das letras de uma música dela em francês.

(JC) - Quais cantores brasileiros estão presentes na carreira, e quais deles influenciam na concepção do Parioca?

Nícola Són -
Os quais que influenciou a concepção de Parioca, definitivamente : João Gilberto, Jorge Ben, Chico Buarque, Orlandivo, Paulinha da Viola, Jards Macalé, João Bosco.

Mas tem tantos outros que amo demais que não posso esquecer eles : Edu Lobo, Caetano Veloso, Dorival Caymmi, Di Melo, Tim Maia, muitos sambistas também Bezerra da Silva, Cartola, Adoniran Barbosa e as cantoras Elis Regina, Maria Bethânia, Gal Costa, Beth Carvalho...

(JC) - Durante sua longa estadia no Brasil, perpassando por Manaus, Belém, Fortaleza, Recife e pela Amazônia, alguma dessas viagens incluiu a Bahia?

Nícola Són -
Estou com vergonha mas te juro que por enquanto não tive a oportunidade. Mas vai se resolver no verão. Tenho que passar pela Bahia pra mostrar o meu trabalho. E começo a ter alguns amigos bahianos, então tem que visitar eles, né.

(JC) - )Da mesma forma que você mostra todo seu talento no Brasil, tem encontrado muitos artistas brasileiros em turnês no seu país?

Nícola Són -
Ah sim, tem muitos músicos brasileiros na França e que são muito bons, particularmente em Paris mas sei que tem também em Marselha, tipo o Rio de Janeiro francês.

(JC) - Fale-nos um pouco do que é o samba chanson e como você define sua música?

Nícola Són -
Literalmente, samba chanson significa “samba canção” só que no Brasil, samba canção é um tipo de samba. Na França, infelizmente ninguem sabe das diferencias.

É uma expressão que foi utilizada a primeira vez na adaptação de Pierre Barouh : Samba Saravah (que eu falei antes). Então reutilizei-la pra definir o meu gênero que estava criando porque achei que era bem reprensentativo da mistura Brasil com a França. O problema é que nem tudo é samba, mas pouco importa, a idéia de mestiçagem fica.

Pra os brasileiros, talvez seria melhor de falar de... tipo... Música Popular Brasileira Francesa : MPB francesa... Gosta ?

(JC) - O que você conhece sobre o cenário de exportação da música no eixo Brasil x França?

Nícola Són -
Como trabalhei no Consulado da França, conheço as pessoas em São Paulo que podem me ajudar, vamos ver agora se ajuda ou não. Depois não sei não, sei que o meu distribuidor na França, a Spirale Music / DG Diffusion, é distribuidor dos grandes nomes da música brasileira como Chico Buarque ou Maria Bethania.

(JC) - Em sua opinião de artista, o que precisa melhorar nas políticas de exportação de produtos musicais?

Nícola Són -
Não sei. O mercado da música esta tão em crise que fica mais a mais dificil pra os artistas independentes de mostrar os trabalhos dele fora. Felizmente tem a internet que ajuda, e que esta me ajudando, né? Foi assim que você descobriu o meu trabalho.

(JC) - Quais canções desse primeiro CD integram a preferência do público?

Nícola Són -
Depende do público, quem gosta mais do samba, vai gostar mais de “Tout va bien”. Quem é do nordeste, vai preferir “Oui ou non” que é um xote. Quem gosta de groove vai amar “Chega ai”, entre um samba-rock e um samba-reggae. Quem gosta de belas harmonias e bela voz, vai gostar de “Venho de fora”, com a voz maravilhosa de Marcela Velon.

Mas o que é bom, acho, é que nesse CD tem musicas pra todos os gostos, só tem que gostar de música brasileira e da sonoridade do francês e do português, senão ta fudido !!

(JC) - Como está a divulgação desse trabalho no meio digital e nas distribuidoras francesas e brasileiras?

Nícola Són -
Dia 10 de maio, o disco sai em versão fisica na França e em versão digital no mundo inteiro. O problema é que a Believe que distribui o disco em digital não tem ainda o contrato com a imusica, a maior plataforma brasileira digital. Só vai sair no verão acho, então em phase com o lançamento previsto no Brasil...

Por enquanto, não sei como vai ser distribuido no Brasil, tenho que ver com a Iracema, que vai cuidar da minha turnê no Brasil (www.iracema.art.br).

(JC)- Como os consumidores e fãs podem adquirir o CD?

Nícola Són -
Pra os verdadeiros fãs, deixei 30 CD a Iracema : o único meio é de entrar em contato com o Jacques, diretor artistica de Iracema, para encomendar o CD, e será enviado pelo correio.

Jacques Figueras, direção artística
jacques@iracema.art.br
+55 11 2649 9715 // +55 11 9184 8985

Rua Wisard, 422 - Vila Madalena - CEP 05434-000 - São Paulo/SP - Brasil

(JC) - Mais alguma novidade para informar aos fãs? Está engajado em agum novo projeto musical?

Nícola Són -
Uma ultima coisa a dizer talvez : um clipe esta em preparação pra junho, e acho que os bahianos ou melhor as bahianas vão gostar porque é o xote... Ficam atentas, vão ver como que o francês dança o xote...

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