Matildes Charles

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VIGOR BAIANO NO DNA E UMA VOZ APAIXONANTE E SOFISTICADA À LA FRANÇAISE

Por Jefferson Cruz
Foto Divulgação


Como todo projeto de grande valor na vida de alguém, na ordem dos acontecimentos, em primeiro lugar - o sonho. Quando um sonho persiste em nosso subconsciente e começa a transcender e projetar-se na nossa realidade, chamamos de objetivo. Matildes é uma cantora de grandes objetivos, e a música é a sua janela da liberdade. A cantora é por muitas vezes aplaudida de pé, não apenas pelo destaque da sua voz e interpretação, mas simplesmente, porque ela canta o “sonho”.

Sempre acompanhada por músicos de qualidade, a cantora Matildes Charles divulga o que há de melhor na música popular brasileira e francesa. No palco, ela mostra que uma cantora é muito mais que um instrumento musical, contagiando o público com sua naturalidade e capricho. Esse talento já foi reverenciado pela critica dos jornais de Paris, onde a cantora já representou o Brasil e a Bahia, em diversos festivais e casas de shows, deixando claro que sonhar é possível, mesmo diante da realidade dos "atores" da música independente brasileira.

A conheci no Tom do Sabor, num dos shows de temporada do grupo clássico do choro baiano - OS INGÊNUOS. Nessa temporada, Matildes foi uma das homenageadas, apresentando na temporada "Shows de Ontem, De Hoje e De Sempre", apresentando no Teatro Sesc Pelourinho e no Tom do Sabor. Eu simplemente fiquei encantado e não podeia perder a oportunidade de entrevistá-la para publicação no portal Oxente Salvador. Matildes falou da carreira, das lutas e sua opinião sobre as políticas de exportação da música brasileira, em um papo descontraído que você confere aqui:

Jefferson Cruz (JC) – Quanto tempo de carreira você tem registrado? E o que mudou na sua visão de artista nesse tempo?

Matildes – Chamo de carreira o tempo de estrada na musica que tenho, apesar de nunca ter tido um produtor(a) artístico, nunca ter gravado cd. Sonhei muito com o reconhecimento do meu trabalho, que vem acontecendo gradativamente.

JC– Quando você canta, o que mais chama a atenção do público?

Matildes – Minha voz, minha presença de palco e minha interpretação.

JC – Numa das suas aparições no exterior, você apresentou-se num evento da UNESCO. Quais outros eventos você participou na Europa? Já fez show em outros países?

Matildes – Fiz show no Olympia de Paris (França) em primeira parte do show de Zezé Motta e Paulo Moura, assim como casas de shows. Fiz shows na Alemanha, Suíça e Itália. Também participei do festival cultural “Encontro de Nações” no Marrocos e fiz turnê em Moscou com a cantora e apresentadora Amanda Lear.

JC – E quais estilos você privilegia no repertório apresentado ao público no exterior?

Matildes – Bossa Nova e Samba.

JC – Você tem participado de eventos e festivais no Brasil, com a mesma infra-estrutura da Europa?


Matildes – Nunca participei de festivais no Brasil. Na Bahia fiz temporada de shows em restaurantes como: Botequim São Jorge, Casa da Mãe, Pedra da Sereia e já participei duas vezes do concurso de musica da radio Educadora.

JC –Como surgiu a idéia de unir a música brasileira e francesa na sua carreira? Quais suas influências na música popular francesa?

Matildes – Surgiu naturalmente por ter morado 10 anos na França, por ser cantora e gostar de novidades. Minhas influencias: Jacques Brel, Edith Piaff, Mauranne, Henri Salvador...

JC – Na Europa, você fez a primeira parte do show do Quarteto Negro com Paulo Moura e Zezé no Olympiá de Paris. Como foi a repercussão desse show na Europa e no Brasil?

Matildes – No Brasil não sei, mas em Paris os jornais divulgaram o destaque da minha interpretação.

JC – Quais estados brasileiros você já visitou com o seu trabalho?

Matildes – Brasília e Rio de Janeiro.

JC – Já houve alguma experiência de encontrar brasileiros, ou mais precisamente, baianos, apreciando sua música na Europa?

Matildes – Sempre que encontrei brasileiros fora do Brasil eles reconheceram meu talento.

JC – Da mesma forma que você mostra todo seu talento no exterior, tem encontrado muitos artistas do seu país? A maioria desses artistas é de qual estado brasileiro?

Matildes – A maioria do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e é lógico Bahia.

JC – Em sua opinião de artista, o que precisa melhorar nas políticas de exportação de produtos musicais?

Matildes – Mais interesse da iniciativa privada e dos órgãos competentes para descobrir novos talentos.

JC – Nos seus espetáculos você mostra uma autentica interpretação com o destaque especial da sua voz. Todo esse talento já foi reconhecido por algum selo fonográfico nacional? Qual?


Matildes – Ainda não, mas vai acontecer com certeza. Acredito nisso porque gosto do que faço e sei que tem valor.

JC – Você freqüentemente é uma das convidadas dos shows do grande compositor J. Veloso, que tem canções nas vozes de muitas artistas como Maria Bethânia, Gal Costa, Daniela Mercury, Zezé Mota, Vânia Abreu, Belô Velloso, e Mariene de Castro. Você já gravou alguma musica dele também, ou quais músicas de Veloso incluem no seu repertório?

Matildes – J. Velloso é uma pessoa que reconhece meu talento e a convite dele gravei o hino da África do Sul no cd “Rosário dos Pretos”. Gosto das composições de Jota mas ainda não tive a oportunidade de gravar uma de suas composições.

JC – Foi divulgado aqui no Oxente Salvador, o show do consagrado grupo regional de choro, Os Ingênuos, que tem sua participação especial nesse sábado (17) no Tom do Sabor. O que você reserva para o público nessa apresentação?

Matildes – Fiquei feliz com o convite da produção dos Ingênuos para essa participação especial e reservo para o público títulos que já fazem parte do repertório do grupo e alguns sugeridos por mim como “Samba em Prelúdio” interpretado em francês.

JC – Está engajada em algum novo projeto musical?

Matildes – Sim. Fui convidada para participar do projeto musical da banda Didá “Vem pra Dida Vem pro Pelô”, que recebe todas as sextas-feiras uma cantora diferente. Nessa sexta-feira 16/04 será minha vez (se não chover)

JC – Como os consumidores podem adquirir um álbum seu?

Matildes – Ainda não gravei meu álbum. Fiz um cd (demo). Evidente que num futuro próximo pretendo gravar meu álbum.

Repertório de Matildes:

1. Touche pas mon pote – Gil
2. Joana Francesa - Chico
3. Pret a Porter de Tafetá – João Bosco
4. A Rita – Chico
5. Você Abusou "Fais comme l’oiseau" versão francesa
6. Dans Mon Ile – Henry Salvador
7. Que reste-t-il de nos amours
8. Ne me quittes pas – Jacques Brel
9. La vie en Rose – canta Edith Piaf
10. Samba em Prelúdio – versão francesa
11. Paris de Santos Dumont aos Travestis– canta Rosa Passos
12. Isso é meu Brasil – Ary Barroso
13. Sai Dessa
14. Samba do Grande Amor
15. Samba de Orly
16. Dunas – Rosa Passos
17. Trocando em Miúdos - Ivan Lins
18. Amor até o fim
19. É d’Oxum - Geronimo
20. Abraçar e agradecer - Geronimo

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Anônimo 28 de setembro de 2010 às 15:53

Olá Jeff,
Muito obrigada pela entrevista na integra.

Matildes Charles

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