Fernando Neves

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Por Jefferson Cruz


55 ANOS EM CENA PARA INFLAMAR 





Do alto de seus 70 anos de idade e 55 de carreira construindo uma frondosa história na dramaturgia, Fernando Neves defende sua vitalidade na arte com um enorme brilho nos olhos. Fernando Neves é de uma geração de grandes atores baianos que são fortemente respeitados pela classe artística, apesar de grande parcela da população não recordar-se de alguns deles ou até mesmo nem ter ouvido falar. Mas como forma de resistência ao tempo, Fernando manifesta toda a sua sagacidade para afrontar as ruínas do esquecimento. Com espírito de felicidade e amor pelas artes cênicas, este ilustre cidadão comemora os seus 55 anos de história com o Espetáculo “Fernando + 55”, com texto de Maurício Amorim, direção de Alejandro Velasquez e parceria com a Hessel Produções.

É um espetáculo de vital importância com o papel de enaltecer nossos grandes artistas, ainda mais quando eles têm serviços prestados à comunidade. Em toda a sua carreira artística, Fernando já interpretou mais de 130 personagens, e claro, que o espetáculo é apenas uma amostra dessa história, revivendo alguns desses personagens que não foram apresentados na comemoração dos 50 anos.

Na árvore cultural de Salvador-Ba, Fernando é o ator vivo com mais tempo de carreira, seu antecessor seria Wilson Melo, falecido aos 78 anos de idade com 60 anos de carreira. Os sucessores dessa árvore são Yumara Rodrigues do alto dos 71 anos de idade e 50 de carreira, e por seguinte, Harildo com 71 anos de idade e 48 de carreira e Haidil Linhares que faleceu recentemente com 75 anos  de idade deixando uma grande contribuição no teatro de cordel da Bahia, além de estar “viva” através de numerosos personagens de comédia. Estes e muitos outros artistas são nosso patrimônio cultural humano.


Os 55 anos de dramaturgia de Fernando Neves começaram em Belém do Pará, sua terra natal, onde participou de espetáculos num grupo de teatro artesanal e amador e passando pelos primeiros trabalhos profissionais no teatro, cinema, televisão e rádio. Dirigido por grandes cineastas como Edgard Navarro, Líbero Luxardo, Jorge Bodanski e Orlando Senna, além dos teatrólogos Eduardo Cabús, Gabriel Vilela e o próprio Alejandro Velasquez, entre outros. Fernando viveu personagens de Joracy Camargo, Paulo Pontes, Amaral Gurgel, Gianfrancesco Guarnieri, Jô Soares, Maurício Amorim, Nelson Rodrigues, estilos literários de Manuel Bandeira, entre outros.

Em 2005, Fernando Neves foi premiado como melhor ator coadjuvante através do filme “Eu me Lembro”, de Edgard Navarro. O filme recebeu oito indicações no 38º Festival de Cinema de Brasília.  “Este é um filme que me marcou muito porque, até então, eu jamais tinha experimentado ganhar uma premiação. Ainda não fui premiado no teatro, mas receber um prêmio como esse no cinema me deixou uma emoção enorme na minha vida!”, contou-nos o ator.

Para conhecer melhor ator passe no blog dele e deixe seu recado http://fernandonevesator.blogspot.com/. No seu escaninho de imagens podem ver algumas fotos que ilustram esta página.

Como podem ver, é uma história maravilhosa que o Oxente Salvador fez questão de conhecer e compartilhar com vocês. Confira a entrevista abaixo e não percam nenhuma oportunidade de assistir “Fernando + 55” no Teatro Dias Gomes! (clique aqui)

Veja a entrevista na íntegra:
 

Jefferson Cruz (JC) – Quanto tempo você tem de carreira e como descobriu o teatro, o cinema e a televisão na sua vida?

Fernando Neves -
Acontece que sou de Belém do Pará. Tínhamos um time de futebol de gigantes que no final fazíamos algumas intervenções artísticas, eu gostava de cantar e representar. A gente escrevia uns textos e fazia a encenação. Então no final de um desses números fui convidado por um diretor que tinha um grupo de teatro amador. Eu divido minha carreira em duas fazes: A fase “suburbana”, quando iniciei a carreira e fase “citadina”.

Na primeira fase, nós aprendemos a montar cenário, pintura, carregar o material de cenário, era algo bem artesanal. Eu só não batia pregos, porque só acertaria o dedo. Nós fazíamos peças com temas religiosos, com textos de autores desconhecidos e apresentávamos nos colégios de freiras, pois todos tinham teatro, portanto agradávamos às freiras quase que estrategicamente.  A segunda fase foi marcada pela montagem da peça do Tennessee Williams, “A Margem Da Vida”, grande autor norte americano. Com essa peça iniciei a carreira profissional. Daí em diante, eu já atuava junto a um grupo de grandes atores de Belém do Pará. E foi assim que fui visto pelo Líbero Luxardo, que já faleceu. Ele quem deu o pontapé inicial na minha carreira cinematográfica.

No teatro fui visto pelos grandes diretores que me passaram a convidar para trabalhos mais profissionais, o que me levou a deixar de vez o grupo amador. Nessa época, um dos diretores trabalhava na televisão e me chamou para fazer teleteatros. Ingressei para a Radio Marajoara que ainda existe em Belém e logo enveredei com radio novela. Entre 1955-1962 eu já estava no meio desse grupo de grandes atores fazendo teatro, cinema e televisão.


(JC) - O que são 55 anos de carreira? 

Fernando Neves -
55 anos é uma aprendizagem. Eu sou um eterno aprendiz.  Você não pode dizer que com esse tempo você sabe tudo. O teatro é um fio de navalha. Cada espetáculo, cada temporada, você corre o risco de fazer um grande espetáculo ou uma grande pororoca. Eu digo pororoca no lugar de porcaria.  Então 55 anos de carreira não me outorga a dizer que estou pronto.  A gente aprende todo dia.

(JC) - Como essa vivência será representada no seu espetáculo comemorativo?

Fernando Neves -
Tem cenas de peças, lógico que não deu pra colocar todos os 137 personagens, senão seria um espetáculo de cinco horas. Esse tem no máximo 1h15min. Escolhemos Check-Up de Paulo Pontes, uma peça que apresentei por 10 anos. Algumas coisas que eu já fiz nos 50 anos não se repetem nesse comemorativo de 55 anos. Sendo assim, tem mais novidades pro público.
 
(JC) - Quem faz parte dessa montagem?

Fernando Neves -
Eu tenho a direção de Alejandro Velasquez que fez a minha peça de 50 anos e dessa vez faz também uma intervenção no palco com um personagem que conta minha historia de Belém até aqui. Tem Gésner Braga com o figurino, cenário e atuando. ... Ana Marta Faro e Neiva Cristtall apresentando e contracenando comigo.

(JC) - Como eram as aulas de teatro nas escolas?

Fernando Neves -
Eu fui professor do Colégio e Escola Estadual Severino Vieira em Nazaré e que teve uma época em que a escola tinha oito professores de teatro, seis de dança, coral e orquestra. A escola era uma efervescência! Tinha muito mais festival nacional e local na área artística, de poesia, teatro, nas escolas, mas os governos foram acabando tudo.  E com isso a violência aumentou nas escolas. Lamentavelmente isso já teve muita importância há uns 15 anos atrás, mas as coisas mudaram. O governo não dá valor algum. 

(JC) - Qual o papel e importância do teatro nas escolas?  Essas atividades diminuem a violência? Tem exemplos disso?

Fernando Neves -
Se você não dá ao aluno uma atividade para ele desenvolver, estimulando seu potencial crítico social e artístico, o aluno tende a marginalizar-se com o que vê gratuitamente na televisão, jogos, etc. O aluno leva a violência para a escola, ameaça até mesmo os professores, aumentam os casos de bullying. Recentemente vimos na TV os fatos de professores que apanharam ou foram ameaçados por alunos. Estudantes que levaram armas para a escola.  Agora nessa época quando havia teatro na escola, era diferente, e a maioria tinha ótimo rendimento escolar. Eu não os enganava dizendo que seriam grandes atores e atrizes, apenas que viveríamos juntos para desenvolver a criatividade juntos, o senso critico. Quando percebíamos que o aluno queria continuar, nós o incentivávamos a ir para a escola de teatro. Então eu envidava grandes esforços para ele fazer um bom teste de aptidão que garantia que ele passaria na pré-seleção, pois ainda havia o provão que era por conta própria do aluno. Entre esses, surgiram Rai Alves, Gessiane Araujo, Gil Santana que tem seu próprio teatro no Rio Vermelho.

(JC) - Como é essa história de “ao invés de pegar um Ita do Norte peguei um Itapemirim”?

Fernando Neves -
A música mais linda e maravilhosa do mundo foi escrita por um baiano “Peguei um Ita do Norte e fui pro Rio morar, adeus meu pai, minha mãe, adeus Belém do Pará”. Quando o pessoal vai pro Rio saindo do norte eles pegam o Ita do Norte, mas no meu caso eu peguei o Itapemirim, empresa com sede em Pernambuco.



(JC) -
Quais as mudanças positivas que você percebe na política cultural nesses 55 anos?

Fernando Neves - Não vejo mudança não. Tive colegas que tiveram grande importância no teatro baiano como Reinaldo, Raimundo Melo, Manoel Lopes. Eles se dedicaram tanto e foram esquecidos, eu que estou aqui na ativa. Tiveram outros que já morreram. Então, comecei a escrever um livro que deverá se chamar “Eu vou me lembrar antes que se esqueçam de mim”. Pretendo finalizar o livro aos 60 anos.

(JC) - Como você desenvolve os personagens?

Fernando Neves -
Eu sou um ator que estuda texto, não com aquela genialidade de Stanislavski, Brecht, Arthur Adamov. Então eu pego o que eles criaram de metodologia para criação do personagem e utilizo. Eu sou Stanislavskiano, mas quando preciso eu pego emprestado de Brecht, por exemplo.
Eu procuro ser um observador do que acontece ao redor de mim. No teatro observo as pessoas no foyer. No cotidiano, até já segui umas pessoas e numa dessas uma mulher pensou que eu fosse louco... (risos) Eu pegava expressões dos meus filhos quando eram crianças, pessoas idosas. É como se eu tivesse um escaninho onde eu armazeno expressões faciais, tipos de andar, inflexões até mesmo de situações que vejo na televisão do tipo Zé povão. O uso das onomatopéias, o povo é teatro. Então pego isso e ponho no escaninho para usar um dia. Uma vez eu fiz o “Jardim das Cerejeiras”, e eu fui lá no alto da ribeira fazer laboratório com alguns idosos, mas lembro que para fazer o velho eu copiei das velhas, pois o feminino é mais expressivo. Numa peça infantil da Maria Clara Machado, tinha uma cena que eu dizia “Uma delicia” copiando a forma como meu filho falava quando eu fazia o Nescau, pois eu colocava mais colheres que a mãe, e ele adorava e me dizia “Uma delicia” faltando dois dentes. Outro exemplo é esse pessoal que vende coisa na rua, eles tem uma cantoria especifica. La em Belém tinha um vendedor de fruta que ele fazia assim “Lari-lari-lari-lari-lari-lari oióióióióió estou aqui, olha o abacaxi”, então eu usei num espetáculo para um vendedor de confetes. Então, aquilo estava no escaninho. O escaninho é minha mente. Tem muita coisa nesse escaninho que eu ainda quero fazer.  É uma viagem no tempo que faço através do meu escaninho de memórias!

(JC) -  Nenhuma vez a mente pregou uma peça? O que fazer nessa hora?

Fernando Neves -
Sim. Não confio na mente. Tem uma coisa no teatro que se chama “branco”. Quando isso acontece o colega tapa esse buraco, eu mesmo até já sai de cena. A dica é não largar o texto, pois é como uma amante! O estudo do texto é um processo de alimentação. É fantástico! Faça uma análise do texto por assunto, análise literária, estudo da gênese do personagem, a espinha dorsal, a relação dele com outros personagens, é um trabalho minucioso. Quando o ator sai de cena o personagem continua. Texto decorado é diferente de estudado. A peça Check Up eu fiz por 10 anos e sempre faço todo esse estudo. Nunca larguei o texto. O camarim é local de concentração e não para conversas dispersas do propósito de estar ali. O ator não pode esquecer que as pessoas vieram de suas casas para prestigiá-lo, numa dessas de um monólogo nos meus 50 anos, fizemos o espetáculo para dois casais de convidados que estavam na platéia e eles elogiaram o respeito que tivemos. Tem que ser generoso!

(JC) - Qual o segredo de tanta energia no teatro e na vida pessoal?

Fernando Neves -
É você se recarregar sempre. Ter motivação interior muito forte. É você provar a si que é o melhor ator do mundo, mas não faça alarde disso. Mas precisa dessa motivação renovada sempre. Meu pai tinha uma serraria e olaria que era movida por uma caldeira que chegava aos 100 graus Celsius movia todas as máquinas. De repente nosso corpo passa a ser essa caldeira movida a lenha. Então quando chego ao teatro às 17h meu corpo está aos 70 graus, que vou aquecendo, acrescentando, e no palco entro com 100 graus. Você já tem que estar ardendo para inflamar, como dizia Stanislavski. Tem gente que se preocupa com pessoas importantes do teatro que estão na platéia, mas a platéia é igual. Todos têm a mesma importância e vão ver a mesma pujança.
 
(JC) - Você se preocupa mais com Fernando ator ou o Fernando da vida pessoal (saúde, emocional, etc)?

Fernando Neves - 
Eu me preocupo muito mais com o Fernando ator. 70 anos já cansa um pouco, mas também estou mais relaxado desde quando me aposentei da atividade como professor. A gente vai morrendo aos poucos. Mas para o teatro eu tenho outra vitalidade.

(JC) - Mas você tem uma bicicleta em casa...

Fernando Neves -
(Risos) Verdade e quase não uso.  Mas graças a Deus compenso com um uma alimentação saudável, há muito tempo parei de fumar, não tomo bebidas alcoólicas. Acho que assim dá pra ficar mais uns vinte e cinco anos por aqui (risos). Eu considero a vida divina, e o presente que Deus me deu que é o talento.

(JC) - FUTURO

Fernando Neves -
Promissor e alvissareiro

(JC) - SUCESSO

Fernando Neves -
Muito bom, mas cuidado para não se abater por ele

(JC) - FAMÍLIA

Fernando Neves -
Essencial

(JC) - HOMEM

Fernando Neves -
  Existem várias coisas maravilhosas na natureza mas a maior delas  é o homem – frase da peça Check-Up


(JC) - AMIZADE

Fernando Neves -
Prazer de viver pela troca de generosidade

(JC) - SORRISO

Fernando Neves -
Sempre nos lábios e o amor nos olhos

(JC) - SONHO

Fernando Neves - Sonhei em ser um grande ator e estar na rede Globo, mas vejo que meu globo são as pessoas.

(JC) - FERNANDO NEVES
Fernando Neves - É muito mais importante você conhecer-se a si mesmo, mas não é fácil.

(JC) - UM CONVITE

Fernando Neves -
Vá ao Teatro Dias Gomes - Rua Francisco Ferraro, 53. Nazaré, Salvador, Bahia. O teatro é muito bonito, simples, com 100 lugares, ao lado do Central. O espetáculo tem 1 hora, termina cedo, você já sai de lá a 100 graus (risos).  O local depende da vontade das pessoas.


Legendas das fotos:

Capa - Personagem: Coronel Felisberto - Obra:"O Enfermeiro" Roteiro adaptado do Conto de Machado de Assis - Direção: Maurício Amorim - Fevereiro de 2009;

Foto 01 - Estréia de "Check- Up" em 1977. Texto de Paulo Pontes. Personagem Zambor. Teatro Gamboa - Salvador/Ba. Temporada 1977 - 1987 (10 anos). Turnê: Caracas (78), Sergipe, Recife, João Pessoa, Maceió, Brasília, Minas, Campina Grande (83), Lisboa - Évora / Portugal (86)...;

Foto 02 - Os Sete Gatinhos - Nelson Rodrigues;

Foto 03 - "As Criadas" de Jean Genet;

Foto 04 - Filme "Eu Me Lembro";

Foto 05 - "Eu Me Lembro" Longa de Edgard Navarro. Personagem: Seu Guilherme 2002 - Prêmio Melhor ator coadjuvante do 38º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro;

Foto 06 - Fernando Neves em "Dom Chicote Mula Manca" peça infantil de Oscar Von Pfhul Direção: Geraldo Sales Belém 1972;

Foto 07 - "Os Sete Gatinhos" de Nelson Rodrigues - Direção Raimundo Melo. 1979/Gamboa/ICBA Personagem: Seu Noronha;

Foto 08 - "O Sonho" de Strindberg.
1997. Direção: Gabriel Vilela

Dezo Mota

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UM FILHO DA BAHIA E AFILHADO DO RIO: DEZO MOTA É UM BAIANO-CARIOCA!

Por Jefferson Cruz
Foto Guilherme Viotti

Como diria nosso ilustre baiano Dorival Caymmi “Ai, ai que saudade eu tenho da Bahia...”, e nessa mesma melodia de saudade o cantor Dezo Mota mostra que todo bom filho a terra retorna. O cantor nascido em Feira de Santana foi morar no Rio de Janeiro há 16 anos, mais precisamente em 1995, e desde então traça a sua carreira artística na terra carioca, mas sempre manifestando seu amor pela Bahia através de canções de grandes cantores baianos, principalmente Caetano Veloso. Dezo tem um estilo despojado e pueril com uma performance de palco carregada de dramaturgia e intimidade com o público. Ao assistir seus vídeos no canal de difusão videográfica www.youtube/dezomota.com podemos perceber o sangue baiano nas veias do artista no carisma e na malemolência, que também tem herança carioca. Dezo é um baiano que “muita sorte tem, muita sorte teve, muita terá” e vem a Bahia apresentar-se em Feira de Santana e Salvador e divulgar seu novo CD Tempo do Tempo. Enquanto isso, os conterrâneos podem apreciar seu trabalho no http://www.myspace.com/dezomota

Dezo entrou em contato com a Hessel Produções, onde eu trabalho, e começamos uma parceria para realização do seu show em Feira de Santana e Salvador. Aqui vai a nossa conversa:

Jefferson Cruz (JC) – Como você define o seu estilo musical?

Dezo Mota
– Costumo me definir como um artista que canta musica brasileira e que pode um dia cantar um forró, um bolero, samba, funk, reggae...

(JC) – Trajetória artística: Você chegou a iniciar sua carreira artística na Bahia? Quando e o que o levou a mudar-se para o Rio de Janeiro?

Dezo Mota –
sim, iniciei em Feira de Santana fazendo shows em bares, teatros e até em terreiro de candomblé (rs). Em 1995 tomei a decisão de morar no Rio de Janeiro em busca de uma experiência mais ampla já que naquela época a musica baiana não tinha tanto espaço ao contrario de hoje que se tornou um grande mercado da música no mundo.

(JC) – Quais artistas cariocas e baianos influenciam no seu trabalho? Quais outras influências musicais?

Dezo Mota –
Musica Popular Brasileira!!!!!!! Tudo que tenha som, tudo que seja música, mas sobre tudo, todo o repertório do CAZUZA e CAETANO VELOSO. Cazuza trouxe o estilo e inspiração mostrando o meu caminho musical. Sempre ouvi de tudo, cresci ouvindo muita música romântica, bolero, seresta, muito xote, muito forró, toada, reggae... e me lembro bastante dos cantores; Luiz Gonzaga, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Maysa, Jessé, Dolores Duran, Agnaldo Timoteo, Angela Maria, Roberto Carlos, Bob Marley...

(JC) – Durante o tempo de moradia no Rio, quantas vezes você apresentou-se na Bahia? Qual parte é Bahia e Rio de Janeiro na sua formação cultural?

Dezo Mota – Durante todos esses quase 16 anos que estou no Rio eu não me apresentei nenhuma vez na Bahia.
Minha formação cultural é Bahia total, claro!! Tenho muito orgulho de ser baiano e até hoje gosto demais de sua musica, do samba reggae, do toque da percussão Baiana...

(JC) – Já se apresentou em algum projeto artístico no exterior? Como foi, e caso não, planeja realizar (onde)?

Dezo Mota –
ainda não tive a oportunidade. Existe uma possibilidade em Buenos Aires em abril 2011.

(JC) – Como você avalia o desenvolvimento do mercado da música no Rio de Janeiro? As oportunidades de crescimento e projeção são mais dinâmicas que a Bahia?

Dezo Mota –
O Rio tem uma riqueza de talentos imensa e são muitos artistas maravilhosos. Aqui o acesso a influencia da musica no mundo é farta, mas em minha opinião ainda falta oportunidades. Hoje eu vejo mais dinamismo na musica baiana, vejo mais oportunidades e o mercado cresce cada dia mais. A Bahia respira musica.

(JC) – Quais as dificuldades de um artista de MPB, que está no começo da carreira, no Rio de Janeiro?

Dezo Mota –
A falta de oportunidade. Em Salvador em quase todo o canto tem musica ao vivo. Acho que falta mais espaço onde o artista que está em começo de carreira possa se apresentar.

(JC) – Sobre o CD Tempo do Tempo: Inspirações, equipe técnica, concepções artísticas e os principais objetivos.

Dezo Mota –
TEMPO DO TEMPO é a maior prova de que todos nós estamos sujeitos aos caprichos do tempo no espaço, no mesmo ar e no mesmo vento... O resultado desse trabalho é assim... a resposta de minha maior provação... Sempre quis tudo muito rápido... Foram mais de dois anos lapidando, vencendo obstáculos, vencendo minha ansiedade e esperando muito por esse dia, um dos mais felizes. Não houve uma grande pesquisa para o repertório desse CD. Eu e Gui (Guilherme Viotti) juntamos algumas poucas opções e a minha vontade de gravar logo e em seguida convidei MM (Marcio Meirelles) para fazer os arranjos e que também abraçou o projeto e terminou se envolvendo por completo. A partir daí não tive muitos motivos com que me preocupasse, pois se trata de um trabalho experimental, a meu ver, por que só assim saberei realmente o rumo que tomará a minha musica...

Ficha Técnica:

Formação -

Dezo Mota (voz e backing)
Marcio MM Meirelles (guitarras, violões, teclados e programações de cordas)
Osiel Braga (trompete)
Samir Oliveira (sax alto)
Everton Trindade (trombone)
Pedro Moraez (baixo)
Guilherme Viotti (bateria)

Projeto CD -

Direção Geral - Guilherme viotti e Dezo Motta
Direção Artística - Guilherme Viotti
Produção Executiva - Dezo Mota
Produção Musical - Marcio MM Meirelles E Guilherme Viotti
Design Gráfico - Eduardo P.B.L Moreira
Foto de Capa - Paula Kossatz
Fotos - Guilherme Viotti.

Gravação -
Baixo e bateria gravados no Estúdio Lontra
Metais gravados no Estúdio Sala de Som
Gravação E Mixagem - Estúdio Azul
Masterização - Estúdio Vizom
Mixagem - Marcio Mm Meirelles

Outros/Estética -
Cabelo e Maquiagem - Uirandê Holanda
Figurino - Uirandê Holanda

O objetivo e levar esse cd para todos lugares divulgando o minha musica.

(JC) – Como surgiu essa parceria entre você, o diretor artístico e batera Guilherme Viotti e o produtor musical, guitarrista e multi instrumentista Marcio MM Meirelles?

Dezo Mota –
O Guilherme Viotti é filho da atriz Francoise Forton uma pessoa queridíssima, através dela ele trabalhamos juntos na produtora de teatro que trabalho. A partir daí criamos uma amizade. Ele foi o cara que acreditou e comprou minha idéia. Esse Cd é um projeto nosso. O Guilherme é um cara do tipo que existem poucos nesse mundo. Inteligente, criativo, excelente produtor e musico.

MM (Marcio MM Meirelles) é meu diretor musical, grande instrumentista, musico detalhista e refinado que eu tenho a honra de trabalhar. Conheço ha pelo menos uns 6 anos. Confio demais. Meu primeiro show com ele foi em CAETANEANDO em que eu cantava musicas do Caetano Veloso. De lá pra cá todos os meus shows são sob o comando dele.

(JC) – Expectativas: O que passa pela sua cabeça e coração nessa turnê a sua cidade natal, Feira de Santana e à nossa capital baiana?

Dezo Mota –
A muito tempo meus amigos me cobram a apresentação do meu show em Salvador. Tenho uma expectativa muito boa, muita saudade de cantar para meus conterrâneos. É certeza de que vou me emocionar muito. Em Feira de Santana, vou pisar no palco em que apresentei o meu primeiro show e ainda terei a participação do meu amigo de infância MILTON MACIEL que também é cantor.