Heitor Branquinho

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VOZ CATIVANTE, COMPOSIÇÕES GENUÍNAS E UM VIOLÃO NO PEITO!

Por Jefferson Cruz
Foto Divulgação

Heitor Branquinho é o nome auto-explicativo que corresponde ao jovem cantor, compositor, multi-instrumentista e mais uma referencia artística de qualidade do solo gentil dessa pátria amada. Filho de Três Pontas, cidade mineira, Heitor é digno do orgulho dos seus conterrâneos por representar a musica independente do seu Estado. Branquinho difunde seu jeito brasileiro através dos mais variados ritmos como o samba, choro, ijexá e balada.


Heitor iniciou sua carreira profissional como baixista, na pré-adolescência, tocando no Sul de Minas, de onde seu trabalho partiu para grandes capitais em apresentações em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Morou em Belo Horizonte onde fez aulas de canto e também começou seus estudos na faculdade de História. Concluiu a licenciatura em dezembro de 2008, em São Paulo, onde firmou endereço.
Seu talento como compositor já aparecia logo em seu primeiro CD independente “Deu Branco...”, lançado em 2004, com sete músicas de sua autoria e três parcerias.
No final de 2006 se juntou ao Grupo Änïmä Minas, formado para se apresentar nos eventos de lançamento do livro Travessia - A vida de Milton Nascimento (Editora Record), de Maria Dolores. A banda apresentou releituras de clássicos de Bituca (como Milton é conhecido) em cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Três Pontas e São Paulo, além de participar de programas de TV.

Em 2008 lançou seu segundo CD independente, chamado “um Branquinho e um violão”. A obra foi e conta com a participação especial de Milton Nascimento em duas músicas.

Neste segundo trabalho de sua carreira, Heitor interpreta 16 composições próprias (letras e músicas), com a participação especial do amigo Milton Nascimento nas faixas “Amigo” - tocando sua tradicional sanfoninha de 8 baixos - e em “O que Vale É o Nosso Amor” em um belíssimo dueto vocal no CD e no show de lançamento gravado ao vivo o Museu do Café, localizado no Hotel Fazenda Pedra Negra, na cidade que ambos dividem naturalidade. O álbum tem ainda uma faixa bônus remix produzida pelo DJ Marcelinho da Lua.

Veja nossa longa conversa que durou mais de meses nas redes sociais e que finalmente ficou pronta:

Jefferson Cruz (JC) – Por quanto tempo durou sua carreira como baixista até decididamente projetar-se como cantor?

Heitor -
A carreira de baixista ainda dura! Começou quando eu tinha 14 anos, já nos bares, festas, tocando com banda. Mas ainda toco em gravações e também algumas músicas na banda que faço parte, da minha cidade natal, Três Pontas (MG), chamada Änïmä Minas.


(JC) – Quando e como foi a primeira apresentação como cantor?

Heitor -
Não me lembro bem quando foi. Meu avô sempre me colocava pra cantar nas festas. Quando eu tinha uns 4 anos ou menos. Profissionalmente o que marcou foi uma apresentação que fiz pra uma festa de arrecadação de fundos pra formatura de uns amigos. Foi a primeira vez que realmente encarei tocar sozinho guitarra e voz profissionalmente. Já tinha cantado em algumas apresentações da escola de música também.

(JC) – Como sabemos, o artista independente é ávido de competições por um espaço no mercado, sendo difícil sobreviver apenas da música. Você cursou a faculdade de História, com quais objetivos profissionais? Concilia a carreira com algum outro trabalho? Qual?

Heitor -
Não encaro o espaço no mercado como competição, ainda mais no dia de hoje em que o público está muito segmentado. Tem espaço pra todos, sempre vai ter alguém que goste de seu trabalho. Sobreviver da arte já é algo mais complicado. Não vivo totalmente da minha arte - das minhas composições e shows com trabalho próprio. Preciso também tocar em bares, "num bar em troca de pão que muita gente boa pôs o pé na profissão".
Fiz a faculdade de História já sabendo que continuaria a ser músico. É um respaldo, tenho um diploma e posso também tentar trabalhar na área, mas nunca foi o que pensei. Quis fazer história para melhorar a qualidade das minhas letras musicais e ampliar minha forma de ver o mundo. Só no final do curso é que fui chegando perto do que pretendia. Ainda busco isso algumas vezes. Queria entender como Aldir Blanc faz letras contando passagens importantes da nossa história, como Mestre Sala dos Mares e O Bêbado e a Equilibrista e com tanta poesia junto.

(JC) – Quais as principais mudanças refletidas após a produção do seu primeiro CD independente “Deu Branco..”?


Heitor - Acho que a primeira mudança, vem da voz. Nunca tinha feito aula de canto quando gravei meu primeiro disco. Minha voz era mais rouca e nasalada e eu não tinha consciência disso. Depois fiz aulas de canto com a Babaya, professora de Belo Horizonte muito respeitada na área de canto popular e fui me conscientizando sobre a voz e o corpo. Nas composições acho que houve evoluções harmônicas, melódicas e até mesmo nas letras. O primeiro disco é mais pop, o segundo tem um pouco de tudo. Me abri pra outros ritmos, me abri pra música sem rótulos.

(JC) – Antes de revelar seu talento por composição, você já costumava criar letras de musicas?

Heitor
- Fazia algumas poesias na escola, redação, mas nada premiado, longe disso. Quando comecei a compor já fazia os dois ao mesmo tempo. É um dos modos que mais faço. Letra e música de uma vez. Ou as vezes a letra já vem com uma melodia, depois vou buscando a harmonia. Mas também faço letras sem música, e letras com músicas de parceiros. Costumo dizer de faço de todo jeito, só não faço dinheiro... (risos) ainda!

(JC) – Em sua carreira inclui participações importantes em projetos audiovisuais como a campanha publicitária do Governo do Estado; a gravação do videoclipe da música “Paciência” com grandes artistas; entre outros. Como conseguiu participar dessas obras e qual importância delas na sua carreira?

Heitor -
Primeiro foi o Jingle que divulga o Turismo em Minas Gerais. Foi uma indicação do Milton Nascimento, pois seria uma música dele e ele gostaria que eu cantasse. Depois acho que não chegaram em acordo na parte executiva e trocaram a canção. Acabou que eu fiquei e cantei o outro jingle. Foi muito bacana e tive um retorno muito grande. As pessoas vinham me perguntar se eu é que estava cantando na propaganda. Até então não sabia tanto da singularidade do meu timbre vocal, isso é muito importante num mercado em que tudo fica muito massificado. Este jingle estreou no intervalo do Fantástico e depois continuou passando no intervalo da novela das 8 por uma semana e em outras emissoras também. Teve divulgação até fora do país.
No o clipe de Paciência também fui convidado pelo Milton, pois ele queria retribuir ao Lenine uma música oferecida em um show no exterior. Então chamou um pessoal de Três Pontas para gravar a música Paciência com ele e o Lenine.
Todos os dois projetos foram muito importantes e continuam sendo em forma de projeção.


(JC) – Como foi a gravação ao vivo do seu segundo CD "Um Branquinho e Um Violão”?

Heitor -
Foi um momento muito especial. A produção trabalhou muito bem para que tudo corresse da melhor forma possível. Muitos amigos e bons profissionais envolvidos no projeto todo. Na plateia os convidados eram pessoas conhecidas, queridas e tudo isso contribuiu para a atmosfera do show. Foi um momento ímpar. Tinha feito toda a produção musical antes e ensaiado bastante. A gravação foi feita em uma noite só, então não tinha muitas chances de errar. Repeti poucas faixas, por problemas técnicos. Mas correu tudo bem.

(JC) – Nessa gravação ao vivo, do mais novo álbum, você incluiu 16 composições próprias e ainda teve a participação especial de Milton Nascimento. Sente-se envaidecido por essas conquistas?

Heitor -
Não vejo como conquistas, mas como um curso natural do trabalho, da amizade. As músicas vão surgindo e a gravação é uma forma de registro de tudo o que acontece. A participação do Milton também surgiu de forma natural. Antes da parte profissional, ele é um grande amigo e as coisas foram se ajeitando naturalmente.Claro, ter o Milton participando de qualquer disco é uma honra muito grande e não foi diferente pra mim.

(JC) – Como você observa o reconhecimento pelo seu estilo próprio? Sente-se satisfeito? O que falta alcançar com esse novo capítulo da sua carreira?

Heitor -
Gosto do meu estilo sim, e acho que quem gosta de mim sabe como acredito em meu som. Fica nítido isso quando se faz com o coração, colocando a verdade na frente. Não adianta ficar fazendo arte para agradar outras pessoas sem agradar a si mesmo.
Agora já penso em fazer algum outro trabalho com arranjos envolvendo mais músicos, uma banda. Viabilizar este trabalho é que é a etapa mais complicada. Mas uma hora há de acontecer.



(JC) – Foi uma excelente escolha ter um museu como cenário para gravação do seu novo álbum. Qual sua observação sobre o hábito de freqüentar museus, nessa pós-modernidade? Considera que sua iniciativa contribui para a formação desses hábitos?

Heitor -
Na verdade a escolha do museu foi mais para mostrar algo da minha região, da minha formação. Cresci vendo café por todos os lados e o Museu do Café nos transporta um pouco para essa lembrança. Eu adoro ir à museus. Acho que as pessoas vão mais quando estão viajando do que na própria cidade onde moram. As vezes passam um pouco despercebidos. Muitos museus tratam também de coisas obsoletas, de curiosidades. Acho que a iniciativa pode ter sido legal sim, alguém que goste de meu trabalho pode despertar a vontade de conhecer o museu, mas acho que a formação desses hábitos cabem mais à educação, aos costumes.

(JC) – Na sua página de recados do Twitter, você postou um trecho de Nelson Motta que diz "Produzir é fácil, difícil é chamar a atenção do público. Está dura a vida de popstar hoje em dia.” Qual sua opinião sobre a citação?


Heitor - Então, acho hoje em dia a formação de público a questão principal para se firmar no meio. Para poder trabalhar, viver de música, fazer o mercado girar. Produzir está fácil, qualquer pessoa pode ter um computador em casa, uma plaquinha de som, microfone. Faz uma gravação caseira e joga na internet. Mas a internet já está cheia de coisas também. Como atrais público para o que você postou? Está cheio de Blogs sem comentários, cheio de MySpaces sem ninguém entrar.

(JC) – Na sua composição da música “Caê Rouanet”, forma de protesto nos trechos ”Não existe show pro povo de graça...Já não tem empresa querendo patrocinar..Quem tem, quer mais pra ficar bem. Quem não tem, não ganha nenhum vintém..”. Como foi essa repercussão na classe artística?

Heitor -
Muita gente veio me apoiar. Mandaram recados no orkut, YouTube, e-mails. É uma luta conjunta e real, que só quem está no topo finge não existir. É um fato, nos poucos shows em lugares abertos só artistas consagrados se apresentam. Para gravar um CD/DVD só eles conseguem patrocínio. As empresas é que mandam nesta forma de se fazer a arte hoje em dia, que é a Lei Rouanet e elas querem vincular seus nomes a artistas renomados. Aqui também entra a formação de público. O público não vai consumir e/ou assistir quem ele não conhece. Isso é raro.


(JC) – Numa das publicações na Folha de S. Paulo sobre a polêmica envolvendo Caetano Veloso e a Lei Rouanet de incentivo a Cultura, é citado também a artista baiana Ivete Sangalo, recebendo incentivos e muitos outros já reconhecidos. Qual sua opinião sobre os critérios adotados pela Lei Rouanet em relação aos artistas independentes?

Heitor -
Acho o formato da Lei Rouanet humilhante. A classe artística precisa fazer um projeto para ser julgado em diversas instâncias. Tanto pelo governo, para ser aprovado, quanto pelas empresas para se conseguir a captação. Tentaram encurtar o caminho do imposto de renda. Eu sei que é utópico, mas o certo seria a empresa pagar o imposto completo e em dia ao governo e o governo investir em educação e cultura. Abrir editais para a captação do dinheiro.


(JC) – Aqui na Bahia, a realidade sobre os patrocínios e leis de incentivo cultural não está muito diferente de S. Paulo. A classe artística independente tem manifestado insatisfação, principalmente quando vêem determinados artistas de outros estados diversas vezes patrocinados para shows em Salvador, em detrimento dos próprios artistas locais. Qual sua opinião sobre isso?

Heitor -
Penso que a troca cultural é também uma forma de crescimento artístico. É preciso haver esta movimentação, mas não se pode esquecer dos músicos locais também. É como diz o ditado: "Santo de casa não faz milagre". É preciso buscar um nicho, às vezes não está em nossa própria cidade, estado, país...


(JC) – Quais os métodos de distribuição adotados para comercializar o seu mais recente trabalho? E como os consumidores e fãs podem adquirir o CD?

Heitor -
O CD agora está sendo distribuído pela Tratore e está em muitas lojas e sites. Só entrar em meu blog que na lateral direita tem todos os passos para encontrar as lojas e sites. O blog é: www.umbranquinho.blogspot.com

(JC) – Você costuma dedicar quanto tempo na internet, atualizando blog, homepages e demais ferramentas de difusão digital? Como esse tipo de mídia espontânea tem contribuído?

Heitor -
Acho que se eu medisse esse tempo ficaria louco! (risos). Passo bastante tempo na internet. Tudo contribui em forma de divulgação e informação. É preciso estar sempre atualizado. Com o tempo vamos desenvolvendo formas mais práticas para que isso aconteça.

(JC) – Como você avalia sua circulação em festivais de musica no país? Já foi contemplado alguma vez pelo Conexão Vivo, ou Circuito Fora do Eixo? O que sabe sobre esses projetos, e quais outros você conhece?

Heitor -
Não sou um músico literalmente de festivais. Participei de alguns poucos.
Quando morava em Belo Horizonte participei do Conexão Telemig Celular, atualmente Conexão Vivo. Mas assim, volta a ficar a arte nas mãos das empresas organizadoras. Eu não vou plantar bananeira para que o meu som apareça se eu gosto mais de cantar em cadeira baixa e com o pé no chão. O circuito de festivais ficou muito segmentado. Ou você está dentro ou está fora. Não tentei brigar para entrar nisso, acho que a arte não pode ser julgada dessa forma e ainda muitas vezes por gente que entende menos do assunto do que os próprios artistas.


(JC) – Recentemente você participou pela primeira vez como diretor musical de uma curta metragem, uma obra de Milton Lima que aborda a violência através das sub-temáticas pedofilia, alcoolismo, drogas e porte ilegal de armas. Como foi essa experiência no filme?

Heitor -
Foi um tema muito delicado e realista. A música de abertura do curta - Lodo - foi feita especialmente para a temática. Tentei falar de forma poética e expressiva sobre o assunto. É muito forte tudo isso. A outra música eu já tinha - Navega - e coube muito bem também para finalizar a história. Foi ótimo trabalhar nessa trilha, é uma das coisas que mais gosto de fazer. Espero que venham outras.


(JC) – Mais alguma novidade para informar aos fãs? Está engajado em algum novo projeto musical?

Heitor -
Estou pensando em vários projetos. No ano passado já fiz um show com meu irmão, Hugo Branquinho, o "De Dentro pra Fora" em Três Pontas. Foi um espetáculo muito bacana. No próximo mês vamos fazer um pocket show deste projeto em Ribeirão Pires. No dia 23 de maio faço participação no show do Claudio Nucci, em Três Pontas. E no final do mês tocarei em uma festa fechada em SP, com banda. Pretendo seguir com um projeto de CD infantil e meu terceiro álbum de carreira. É o que mais está em pauta atualmente.

(JC) – Já incluiu em seus planos apresentar "Um Branquinho e Um Violão” nos espaços culturais da Bahia?

Heitor -
Tenho vontade sim, mas até o momento não recebi convites. Só estive na Bahia uma vez, no aeroporto. Tive que tomar um chopp para brindar a terra! Espero que possa me apresentar por aí em breve. Tenho muitos amigos baianos e é um povo muito querido.

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