Fernando Neves

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Por Jefferson Cruz


55 ANOS EM CENA PARA INFLAMAR 





Do alto de seus 70 anos de idade e 55 de carreira construindo uma frondosa história na dramaturgia, Fernando Neves defende sua vitalidade na arte com um enorme brilho nos olhos. Fernando Neves é de uma geração de grandes atores baianos que são fortemente respeitados pela classe artística, apesar de grande parcela da população não recordar-se de alguns deles ou até mesmo nem ter ouvido falar. Mas como forma de resistência ao tempo, Fernando manifesta toda a sua sagacidade para afrontar as ruínas do esquecimento. Com espírito de felicidade e amor pelas artes cênicas, este ilustre cidadão comemora os seus 55 anos de história com o Espetáculo “Fernando + 55”, com texto de Maurício Amorim, direção de Alejandro Velasquez e parceria com a Hessel Produções.

É um espetáculo de vital importância com o papel de enaltecer nossos grandes artistas, ainda mais quando eles têm serviços prestados à comunidade. Em toda a sua carreira artística, Fernando já interpretou mais de 130 personagens, e claro, que o espetáculo é apenas uma amostra dessa história, revivendo alguns desses personagens que não foram apresentados na comemoração dos 50 anos.

Na árvore cultural de Salvador-Ba, Fernando é o ator vivo com mais tempo de carreira, seu antecessor seria Wilson Melo, falecido aos 78 anos de idade com 60 anos de carreira. Os sucessores dessa árvore são Yumara Rodrigues do alto dos 71 anos de idade e 50 de carreira, e por seguinte, Harildo com 71 anos de idade e 48 de carreira e Haidil Linhares que faleceu recentemente com 75 anos  de idade deixando uma grande contribuição no teatro de cordel da Bahia, além de estar “viva” através de numerosos personagens de comédia. Estes e muitos outros artistas são nosso patrimônio cultural humano.


Os 55 anos de dramaturgia de Fernando Neves começaram em Belém do Pará, sua terra natal, onde participou de espetáculos num grupo de teatro artesanal e amador e passando pelos primeiros trabalhos profissionais no teatro, cinema, televisão e rádio. Dirigido por grandes cineastas como Edgard Navarro, Líbero Luxardo, Jorge Bodanski e Orlando Senna, além dos teatrólogos Eduardo Cabús, Gabriel Vilela e o próprio Alejandro Velasquez, entre outros. Fernando viveu personagens de Joracy Camargo, Paulo Pontes, Amaral Gurgel, Gianfrancesco Guarnieri, Jô Soares, Maurício Amorim, Nelson Rodrigues, estilos literários de Manuel Bandeira, entre outros.

Em 2005, Fernando Neves foi premiado como melhor ator coadjuvante através do filme “Eu me Lembro”, de Edgard Navarro. O filme recebeu oito indicações no 38º Festival de Cinema de Brasília.  “Este é um filme que me marcou muito porque, até então, eu jamais tinha experimentado ganhar uma premiação. Ainda não fui premiado no teatro, mas receber um prêmio como esse no cinema me deixou uma emoção enorme na minha vida!”, contou-nos o ator.

Para conhecer melhor ator passe no blog dele e deixe seu recado http://fernandonevesator.blogspot.com/. No seu escaninho de imagens podem ver algumas fotos que ilustram esta página.

Como podem ver, é uma história maravilhosa que o Oxente Salvador fez questão de conhecer e compartilhar com vocês. Confira a entrevista abaixo e não percam nenhuma oportunidade de assistir “Fernando + 55” no Teatro Dias Gomes! (clique aqui)

Veja a entrevista na íntegra:
 

Jefferson Cruz (JC) – Quanto tempo você tem de carreira e como descobriu o teatro, o cinema e a televisão na sua vida?

Fernando Neves -
Acontece que sou de Belém do Pará. Tínhamos um time de futebol de gigantes que no final fazíamos algumas intervenções artísticas, eu gostava de cantar e representar. A gente escrevia uns textos e fazia a encenação. Então no final de um desses números fui convidado por um diretor que tinha um grupo de teatro amador. Eu divido minha carreira em duas fazes: A fase “suburbana”, quando iniciei a carreira e fase “citadina”.

Na primeira fase, nós aprendemos a montar cenário, pintura, carregar o material de cenário, era algo bem artesanal. Eu só não batia pregos, porque só acertaria o dedo. Nós fazíamos peças com temas religiosos, com textos de autores desconhecidos e apresentávamos nos colégios de freiras, pois todos tinham teatro, portanto agradávamos às freiras quase que estrategicamente.  A segunda fase foi marcada pela montagem da peça do Tennessee Williams, “A Margem Da Vida”, grande autor norte americano. Com essa peça iniciei a carreira profissional. Daí em diante, eu já atuava junto a um grupo de grandes atores de Belém do Pará. E foi assim que fui visto pelo Líbero Luxardo, que já faleceu. Ele quem deu o pontapé inicial na minha carreira cinematográfica.

No teatro fui visto pelos grandes diretores que me passaram a convidar para trabalhos mais profissionais, o que me levou a deixar de vez o grupo amador. Nessa época, um dos diretores trabalhava na televisão e me chamou para fazer teleteatros. Ingressei para a Radio Marajoara que ainda existe em Belém e logo enveredei com radio novela. Entre 1955-1962 eu já estava no meio desse grupo de grandes atores fazendo teatro, cinema e televisão.


(JC) - O que são 55 anos de carreira? 

Fernando Neves -
55 anos é uma aprendizagem. Eu sou um eterno aprendiz.  Você não pode dizer que com esse tempo você sabe tudo. O teatro é um fio de navalha. Cada espetáculo, cada temporada, você corre o risco de fazer um grande espetáculo ou uma grande pororoca. Eu digo pororoca no lugar de porcaria.  Então 55 anos de carreira não me outorga a dizer que estou pronto.  A gente aprende todo dia.

(JC) - Como essa vivência será representada no seu espetáculo comemorativo?

Fernando Neves -
Tem cenas de peças, lógico que não deu pra colocar todos os 137 personagens, senão seria um espetáculo de cinco horas. Esse tem no máximo 1h15min. Escolhemos Check-Up de Paulo Pontes, uma peça que apresentei por 10 anos. Algumas coisas que eu já fiz nos 50 anos não se repetem nesse comemorativo de 55 anos. Sendo assim, tem mais novidades pro público.
 
(JC) - Quem faz parte dessa montagem?

Fernando Neves -
Eu tenho a direção de Alejandro Velasquez que fez a minha peça de 50 anos e dessa vez faz também uma intervenção no palco com um personagem que conta minha historia de Belém até aqui. Tem Gésner Braga com o figurino, cenário e atuando. ... Ana Marta Faro e Neiva Cristtall apresentando e contracenando comigo.

(JC) - Como eram as aulas de teatro nas escolas?

Fernando Neves -
Eu fui professor do Colégio e Escola Estadual Severino Vieira em Nazaré e que teve uma época em que a escola tinha oito professores de teatro, seis de dança, coral e orquestra. A escola era uma efervescência! Tinha muito mais festival nacional e local na área artística, de poesia, teatro, nas escolas, mas os governos foram acabando tudo.  E com isso a violência aumentou nas escolas. Lamentavelmente isso já teve muita importância há uns 15 anos atrás, mas as coisas mudaram. O governo não dá valor algum. 

(JC) - Qual o papel e importância do teatro nas escolas?  Essas atividades diminuem a violência? Tem exemplos disso?

Fernando Neves -
Se você não dá ao aluno uma atividade para ele desenvolver, estimulando seu potencial crítico social e artístico, o aluno tende a marginalizar-se com o que vê gratuitamente na televisão, jogos, etc. O aluno leva a violência para a escola, ameaça até mesmo os professores, aumentam os casos de bullying. Recentemente vimos na TV os fatos de professores que apanharam ou foram ameaçados por alunos. Estudantes que levaram armas para a escola.  Agora nessa época quando havia teatro na escola, era diferente, e a maioria tinha ótimo rendimento escolar. Eu não os enganava dizendo que seriam grandes atores e atrizes, apenas que viveríamos juntos para desenvolver a criatividade juntos, o senso critico. Quando percebíamos que o aluno queria continuar, nós o incentivávamos a ir para a escola de teatro. Então eu envidava grandes esforços para ele fazer um bom teste de aptidão que garantia que ele passaria na pré-seleção, pois ainda havia o provão que era por conta própria do aluno. Entre esses, surgiram Rai Alves, Gessiane Araujo, Gil Santana que tem seu próprio teatro no Rio Vermelho.

(JC) - Como é essa história de “ao invés de pegar um Ita do Norte peguei um Itapemirim”?

Fernando Neves -
A música mais linda e maravilhosa do mundo foi escrita por um baiano “Peguei um Ita do Norte e fui pro Rio morar, adeus meu pai, minha mãe, adeus Belém do Pará”. Quando o pessoal vai pro Rio saindo do norte eles pegam o Ita do Norte, mas no meu caso eu peguei o Itapemirim, empresa com sede em Pernambuco.



(JC) -
Quais as mudanças positivas que você percebe na política cultural nesses 55 anos?

Fernando Neves - Não vejo mudança não. Tive colegas que tiveram grande importância no teatro baiano como Reinaldo, Raimundo Melo, Manoel Lopes. Eles se dedicaram tanto e foram esquecidos, eu que estou aqui na ativa. Tiveram outros que já morreram. Então, comecei a escrever um livro que deverá se chamar “Eu vou me lembrar antes que se esqueçam de mim”. Pretendo finalizar o livro aos 60 anos.

(JC) - Como você desenvolve os personagens?

Fernando Neves -
Eu sou um ator que estuda texto, não com aquela genialidade de Stanislavski, Brecht, Arthur Adamov. Então eu pego o que eles criaram de metodologia para criação do personagem e utilizo. Eu sou Stanislavskiano, mas quando preciso eu pego emprestado de Brecht, por exemplo.
Eu procuro ser um observador do que acontece ao redor de mim. No teatro observo as pessoas no foyer. No cotidiano, até já segui umas pessoas e numa dessas uma mulher pensou que eu fosse louco... (risos) Eu pegava expressões dos meus filhos quando eram crianças, pessoas idosas. É como se eu tivesse um escaninho onde eu armazeno expressões faciais, tipos de andar, inflexões até mesmo de situações que vejo na televisão do tipo Zé povão. O uso das onomatopéias, o povo é teatro. Então pego isso e ponho no escaninho para usar um dia. Uma vez eu fiz o “Jardim das Cerejeiras”, e eu fui lá no alto da ribeira fazer laboratório com alguns idosos, mas lembro que para fazer o velho eu copiei das velhas, pois o feminino é mais expressivo. Numa peça infantil da Maria Clara Machado, tinha uma cena que eu dizia “Uma delicia” copiando a forma como meu filho falava quando eu fazia o Nescau, pois eu colocava mais colheres que a mãe, e ele adorava e me dizia “Uma delicia” faltando dois dentes. Outro exemplo é esse pessoal que vende coisa na rua, eles tem uma cantoria especifica. La em Belém tinha um vendedor de fruta que ele fazia assim “Lari-lari-lari-lari-lari-lari oióióióióió estou aqui, olha o abacaxi”, então eu usei num espetáculo para um vendedor de confetes. Então, aquilo estava no escaninho. O escaninho é minha mente. Tem muita coisa nesse escaninho que eu ainda quero fazer.  É uma viagem no tempo que faço através do meu escaninho de memórias!

(JC) -  Nenhuma vez a mente pregou uma peça? O que fazer nessa hora?

Fernando Neves -
Sim. Não confio na mente. Tem uma coisa no teatro que se chama “branco”. Quando isso acontece o colega tapa esse buraco, eu mesmo até já sai de cena. A dica é não largar o texto, pois é como uma amante! O estudo do texto é um processo de alimentação. É fantástico! Faça uma análise do texto por assunto, análise literária, estudo da gênese do personagem, a espinha dorsal, a relação dele com outros personagens, é um trabalho minucioso. Quando o ator sai de cena o personagem continua. Texto decorado é diferente de estudado. A peça Check Up eu fiz por 10 anos e sempre faço todo esse estudo. Nunca larguei o texto. O camarim é local de concentração e não para conversas dispersas do propósito de estar ali. O ator não pode esquecer que as pessoas vieram de suas casas para prestigiá-lo, numa dessas de um monólogo nos meus 50 anos, fizemos o espetáculo para dois casais de convidados que estavam na platéia e eles elogiaram o respeito que tivemos. Tem que ser generoso!

(JC) - Qual o segredo de tanta energia no teatro e na vida pessoal?

Fernando Neves -
É você se recarregar sempre. Ter motivação interior muito forte. É você provar a si que é o melhor ator do mundo, mas não faça alarde disso. Mas precisa dessa motivação renovada sempre. Meu pai tinha uma serraria e olaria que era movida por uma caldeira que chegava aos 100 graus Celsius movia todas as máquinas. De repente nosso corpo passa a ser essa caldeira movida a lenha. Então quando chego ao teatro às 17h meu corpo está aos 70 graus, que vou aquecendo, acrescentando, e no palco entro com 100 graus. Você já tem que estar ardendo para inflamar, como dizia Stanislavski. Tem gente que se preocupa com pessoas importantes do teatro que estão na platéia, mas a platéia é igual. Todos têm a mesma importância e vão ver a mesma pujança.
 
(JC) - Você se preocupa mais com Fernando ator ou o Fernando da vida pessoal (saúde, emocional, etc)?

Fernando Neves - 
Eu me preocupo muito mais com o Fernando ator. 70 anos já cansa um pouco, mas também estou mais relaxado desde quando me aposentei da atividade como professor. A gente vai morrendo aos poucos. Mas para o teatro eu tenho outra vitalidade.

(JC) - Mas você tem uma bicicleta em casa...

Fernando Neves -
(Risos) Verdade e quase não uso.  Mas graças a Deus compenso com um uma alimentação saudável, há muito tempo parei de fumar, não tomo bebidas alcoólicas. Acho que assim dá pra ficar mais uns vinte e cinco anos por aqui (risos). Eu considero a vida divina, e o presente que Deus me deu que é o talento.

(JC) - FUTURO

Fernando Neves -
Promissor e alvissareiro

(JC) - SUCESSO

Fernando Neves -
Muito bom, mas cuidado para não se abater por ele

(JC) - FAMÍLIA

Fernando Neves -
Essencial

(JC) - HOMEM

Fernando Neves -
  Existem várias coisas maravilhosas na natureza mas a maior delas  é o homem – frase da peça Check-Up


(JC) - AMIZADE

Fernando Neves -
Prazer de viver pela troca de generosidade

(JC) - SORRISO

Fernando Neves -
Sempre nos lábios e o amor nos olhos

(JC) - SONHO

Fernando Neves - Sonhei em ser um grande ator e estar na rede Globo, mas vejo que meu globo são as pessoas.

(JC) - FERNANDO NEVES
Fernando Neves - É muito mais importante você conhecer-se a si mesmo, mas não é fácil.

(JC) - UM CONVITE

Fernando Neves -
Vá ao Teatro Dias Gomes - Rua Francisco Ferraro, 53. Nazaré, Salvador, Bahia. O teatro é muito bonito, simples, com 100 lugares, ao lado do Central. O espetáculo tem 1 hora, termina cedo, você já sai de lá a 100 graus (risos).  O local depende da vontade das pessoas.


Legendas das fotos:

Capa - Personagem: Coronel Felisberto - Obra:"O Enfermeiro" Roteiro adaptado do Conto de Machado de Assis - Direção: Maurício Amorim - Fevereiro de 2009;

Foto 01 - Estréia de "Check- Up" em 1977. Texto de Paulo Pontes. Personagem Zambor. Teatro Gamboa - Salvador/Ba. Temporada 1977 - 1987 (10 anos). Turnê: Caracas (78), Sergipe, Recife, João Pessoa, Maceió, Brasília, Minas, Campina Grande (83), Lisboa - Évora / Portugal (86)...;

Foto 02 - Os Sete Gatinhos - Nelson Rodrigues;

Foto 03 - "As Criadas" de Jean Genet;

Foto 04 - Filme "Eu Me Lembro";

Foto 05 - "Eu Me Lembro" Longa de Edgard Navarro. Personagem: Seu Guilherme 2002 - Prêmio Melhor ator coadjuvante do 38º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro;

Foto 06 - Fernando Neves em "Dom Chicote Mula Manca" peça infantil de Oscar Von Pfhul Direção: Geraldo Sales Belém 1972;

Foto 07 - "Os Sete Gatinhos" de Nelson Rodrigues - Direção Raimundo Melo. 1979/Gamboa/ICBA Personagem: Seu Noronha;

Foto 08 - "O Sonho" de Strindberg.
1997. Direção: Gabriel Vilela

Dezo Mota

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UM FILHO DA BAHIA E AFILHADO DO RIO: DEZO MOTA É UM BAIANO-CARIOCA!

Por Jefferson Cruz
Foto Guilherme Viotti

Como diria nosso ilustre baiano Dorival Caymmi “Ai, ai que saudade eu tenho da Bahia...”, e nessa mesma melodia de saudade o cantor Dezo Mota mostra que todo bom filho a terra retorna. O cantor nascido em Feira de Santana foi morar no Rio de Janeiro há 16 anos, mais precisamente em 1995, e desde então traça a sua carreira artística na terra carioca, mas sempre manifestando seu amor pela Bahia através de canções de grandes cantores baianos, principalmente Caetano Veloso. Dezo tem um estilo despojado e pueril com uma performance de palco carregada de dramaturgia e intimidade com o público. Ao assistir seus vídeos no canal de difusão videográfica www.youtube/dezomota.com podemos perceber o sangue baiano nas veias do artista no carisma e na malemolência, que também tem herança carioca. Dezo é um baiano que “muita sorte tem, muita sorte teve, muita terá” e vem a Bahia apresentar-se em Feira de Santana e Salvador e divulgar seu novo CD Tempo do Tempo. Enquanto isso, os conterrâneos podem apreciar seu trabalho no http://www.myspace.com/dezomota

Dezo entrou em contato com a Hessel Produções, onde eu trabalho, e começamos uma parceria para realização do seu show em Feira de Santana e Salvador. Aqui vai a nossa conversa:

Jefferson Cruz (JC) – Como você define o seu estilo musical?

Dezo Mota
– Costumo me definir como um artista que canta musica brasileira e que pode um dia cantar um forró, um bolero, samba, funk, reggae...

(JC) – Trajetória artística: Você chegou a iniciar sua carreira artística na Bahia? Quando e o que o levou a mudar-se para o Rio de Janeiro?

Dezo Mota –
sim, iniciei em Feira de Santana fazendo shows em bares, teatros e até em terreiro de candomblé (rs). Em 1995 tomei a decisão de morar no Rio de Janeiro em busca de uma experiência mais ampla já que naquela época a musica baiana não tinha tanto espaço ao contrario de hoje que se tornou um grande mercado da música no mundo.

(JC) – Quais artistas cariocas e baianos influenciam no seu trabalho? Quais outras influências musicais?

Dezo Mota –
Musica Popular Brasileira!!!!!!! Tudo que tenha som, tudo que seja música, mas sobre tudo, todo o repertório do CAZUZA e CAETANO VELOSO. Cazuza trouxe o estilo e inspiração mostrando o meu caminho musical. Sempre ouvi de tudo, cresci ouvindo muita música romântica, bolero, seresta, muito xote, muito forró, toada, reggae... e me lembro bastante dos cantores; Luiz Gonzaga, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Maysa, Jessé, Dolores Duran, Agnaldo Timoteo, Angela Maria, Roberto Carlos, Bob Marley...

(JC) – Durante o tempo de moradia no Rio, quantas vezes você apresentou-se na Bahia? Qual parte é Bahia e Rio de Janeiro na sua formação cultural?

Dezo Mota – Durante todos esses quase 16 anos que estou no Rio eu não me apresentei nenhuma vez na Bahia.
Minha formação cultural é Bahia total, claro!! Tenho muito orgulho de ser baiano e até hoje gosto demais de sua musica, do samba reggae, do toque da percussão Baiana...

(JC) – Já se apresentou em algum projeto artístico no exterior? Como foi, e caso não, planeja realizar (onde)?

Dezo Mota –
ainda não tive a oportunidade. Existe uma possibilidade em Buenos Aires em abril 2011.

(JC) – Como você avalia o desenvolvimento do mercado da música no Rio de Janeiro? As oportunidades de crescimento e projeção são mais dinâmicas que a Bahia?

Dezo Mota –
O Rio tem uma riqueza de talentos imensa e são muitos artistas maravilhosos. Aqui o acesso a influencia da musica no mundo é farta, mas em minha opinião ainda falta oportunidades. Hoje eu vejo mais dinamismo na musica baiana, vejo mais oportunidades e o mercado cresce cada dia mais. A Bahia respira musica.

(JC) – Quais as dificuldades de um artista de MPB, que está no começo da carreira, no Rio de Janeiro?

Dezo Mota –
A falta de oportunidade. Em Salvador em quase todo o canto tem musica ao vivo. Acho que falta mais espaço onde o artista que está em começo de carreira possa se apresentar.

(JC) – Sobre o CD Tempo do Tempo: Inspirações, equipe técnica, concepções artísticas e os principais objetivos.

Dezo Mota –
TEMPO DO TEMPO é a maior prova de que todos nós estamos sujeitos aos caprichos do tempo no espaço, no mesmo ar e no mesmo vento... O resultado desse trabalho é assim... a resposta de minha maior provação... Sempre quis tudo muito rápido... Foram mais de dois anos lapidando, vencendo obstáculos, vencendo minha ansiedade e esperando muito por esse dia, um dos mais felizes. Não houve uma grande pesquisa para o repertório desse CD. Eu e Gui (Guilherme Viotti) juntamos algumas poucas opções e a minha vontade de gravar logo e em seguida convidei MM (Marcio Meirelles) para fazer os arranjos e que também abraçou o projeto e terminou se envolvendo por completo. A partir daí não tive muitos motivos com que me preocupasse, pois se trata de um trabalho experimental, a meu ver, por que só assim saberei realmente o rumo que tomará a minha musica...

Ficha Técnica:

Formação -

Dezo Mota (voz e backing)
Marcio MM Meirelles (guitarras, violões, teclados e programações de cordas)
Osiel Braga (trompete)
Samir Oliveira (sax alto)
Everton Trindade (trombone)
Pedro Moraez (baixo)
Guilherme Viotti (bateria)

Projeto CD -

Direção Geral - Guilherme viotti e Dezo Motta
Direção Artística - Guilherme Viotti
Produção Executiva - Dezo Mota
Produção Musical - Marcio MM Meirelles E Guilherme Viotti
Design Gráfico - Eduardo P.B.L Moreira
Foto de Capa - Paula Kossatz
Fotos - Guilherme Viotti.

Gravação -
Baixo e bateria gravados no Estúdio Lontra
Metais gravados no Estúdio Sala de Som
Gravação E Mixagem - Estúdio Azul
Masterização - Estúdio Vizom
Mixagem - Marcio Mm Meirelles

Outros/Estética -
Cabelo e Maquiagem - Uirandê Holanda
Figurino - Uirandê Holanda

O objetivo e levar esse cd para todos lugares divulgando o minha musica.

(JC) – Como surgiu essa parceria entre você, o diretor artístico e batera Guilherme Viotti e o produtor musical, guitarrista e multi instrumentista Marcio MM Meirelles?

Dezo Mota –
O Guilherme Viotti é filho da atriz Francoise Forton uma pessoa queridíssima, através dela ele trabalhamos juntos na produtora de teatro que trabalho. A partir daí criamos uma amizade. Ele foi o cara que acreditou e comprou minha idéia. Esse Cd é um projeto nosso. O Guilherme é um cara do tipo que existem poucos nesse mundo. Inteligente, criativo, excelente produtor e musico.

MM (Marcio MM Meirelles) é meu diretor musical, grande instrumentista, musico detalhista e refinado que eu tenho a honra de trabalhar. Conheço ha pelo menos uns 6 anos. Confio demais. Meu primeiro show com ele foi em CAETANEANDO em que eu cantava musicas do Caetano Veloso. De lá pra cá todos os meus shows são sob o comando dele.

(JC) – Expectativas: O que passa pela sua cabeça e coração nessa turnê a sua cidade natal, Feira de Santana e à nossa capital baiana?

Dezo Mota –
A muito tempo meus amigos me cobram a apresentação do meu show em Salvador. Tenho uma expectativa muito boa, muita saudade de cantar para meus conterrâneos. É certeza de que vou me emocionar muito. Em Feira de Santana, vou pisar no palco em que apresentei o meu primeiro show e ainda terei a participação do meu amigo de infância MILTON MACIEL que também é cantor.

Joseph Tourton banda

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JOVENS MÚSICOS MOSTRAM QUE TALENTO É UM DOM!

Por Jefferson Cruz
Foto Flora Pimentel

A Banda de Joseph Tourton é uma das mais novas e significativas bandas de uma nova geração do cenário musical pernambucano. Se pudéssemos rotular o estilo musical da banda, com certeza não poderia ser considerado a tradição do território pernambucano e nem seu oposto – a desconstrução. Liberdade e elegância arejada são os sinônimos da Joseph Tourton, formada pelo quarteto de jovens músicos: Diogo Guedes – 21 anos (Guitarra e efeitos), Gabriel Izidoro – 19 anos (Guitarra, escaleta e flauta transversal), Rafael Gadelha - 20 anos (Baixo) e Pedro Bandeira – 19 anos (Bateria).

Em setembro de 2008, o grupo fez sua grande estréia ao vivo no festival No Ar Coquetel Molotov no Recife, reapresentando esse ano e pela primeira vez no Molotov etapa Salvador. A banda mostrou ao público sua música instrumental nada convencional, combinando guitarras pesadas e delays mirabolantes a samples eletrônicos e elementos suaves como flauta e escaleta, sintetizando uma verdadeira turbulência de sensações sonoras.

A Banda de Joseph Tourton já está com seu disco prontinho, co-produzido por Felipe S e Marcelo Machado, ambos da banda Mombojó. Na oportunidade, a banda bateu um papo com o Oxente Salvador, e falou sobre essa decolagem da Joseph Tourton!




Jefferson Cruz (JC) – De onde vem esse nome? Quem é Joseph Tourton e a relação simbólica com a banda?

Diogo Guedes –
Quando nós começamos a tocar juntos, os ensaios rolavam sempre na casa da galera. A casa de Gabriel, que ficava na Rua Joseph Turton sediou algumas dessas Jam Sessions. Nós apelidamos de A Banda de Joseph Tourton meio que por ser o nome mais absurdo que conseguimos pensar. Por falta de idéias melhores, acabou ficando ele mesmo. Nosso Joseph Tourton é um aviador que viajou muito. São muitas histórias.

(JC) – Quais atividades paralelas à banda vocês conciliam ou estão dedicados exclusivamente?

Gabriel Izidoro –
A vida da gente é uma doidera.Você precisa de algum serviço? Temos roadies, técnicos de som, técnicos de gravação, assessoria de imprensa e um ator. Mas a atividade principal de todos é a banda. Inclusive as faculdades estão sendo deixadas aos poucos, à medida que ser músico toma cada vez mais nosso tempo, e isso é ótimo.


(JC) –Quais as influências musicais da banda e como começou esse processo de divulgação das experimentações de vocês na internet? Vocês tinham idéia desse retorno e prestígio das pessoas? Vocês já sabiam que são bons?

Banda Joseph Tourton –
As influências vêm de todos os cantos. Gostamos de música jamaicana, hardcore, brega, rock n’ roll, lulu santos, guitarradas do Pará, frevo...Quando a gente começou a gravar nosso material, a idéia era conseguir tocar num cineclube que rolava aqui em Recife, que sempre rolava uma bandinha legal depois dos filmes e tal. Só decidimos tocar a coisa pra frente, fazer um EP físico, myspace, etc, quando decidimos nos inscrever pra tocar num festival que rola todo ano por aqui.

A gente não tinha a menor idéia que íamos ter um retorno tão positivo, vista principalmente na internet. Não é a toa que em setembro de 2008, comentaram sobre nosso myspace na comunidade do Coquetel Molotov e fomos convidados pela produção para fazer nosso primeiro show no festival. Desde lá não paramos.

(JC) –Todos da banda tiverem experiências musicas na tradição do instrumental pernambucano ou realizaram pesquisas musicais para a formação da banda? Como vocês definem o estilo musical da Joseph Tourton?

Gabriel Izidoro –
Essa é a nossa primeira banda instrumental. É rock, assim, meio instrumental.

(JC) –Quanto tempo de estudo cada uma de vocês dedicaram em seus instrumentos de trabalho?

Rafael Gadelha –
Todos nós tocamos desde muito novos. Cada um deve ter aproximadamente uns 9 anos de música.

(JC) –Como está o projeto do CD?

Pedro Bandeira –
O CD foi finalizado e os shows que estamos fazendo pelo Brasil são de lançamento dele.

(JC) –Já conheciam a Bahia?

Rafael Gadelha –
Estivemos na Bahia há um mês exatamente. Tocamos no Jazz no Pelô. Achamos Salvador um lugar maravilhoso, mas o aeroporto é muito longe!

(JC) –Exceto o midiatizado axé music e vertentes, vocês já ouviram ou conheceram outras bandas baianos?

Banda Joseph Tourton –
Gostamos de Lucas Santtana, Retrofoguetes, Baiana System...

Heitor Branquinho

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VOZ CATIVANTE, COMPOSIÇÕES GENUÍNAS E UM VIOLÃO NO PEITO!

Por Jefferson Cruz
Foto Divulgação

Heitor Branquinho é o nome auto-explicativo que corresponde ao jovem cantor, compositor, multi-instrumentista e mais uma referencia artística de qualidade do solo gentil dessa pátria amada. Filho de Três Pontas, cidade mineira, Heitor é digno do orgulho dos seus conterrâneos por representar a musica independente do seu Estado. Branquinho difunde seu jeito brasileiro através dos mais variados ritmos como o samba, choro, ijexá e balada.


Heitor iniciou sua carreira profissional como baixista, na pré-adolescência, tocando no Sul de Minas, de onde seu trabalho partiu para grandes capitais em apresentações em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Morou em Belo Horizonte onde fez aulas de canto e também começou seus estudos na faculdade de História. Concluiu a licenciatura em dezembro de 2008, em São Paulo, onde firmou endereço.
Seu talento como compositor já aparecia logo em seu primeiro CD independente “Deu Branco...”, lançado em 2004, com sete músicas de sua autoria e três parcerias.
No final de 2006 se juntou ao Grupo Änïmä Minas, formado para se apresentar nos eventos de lançamento do livro Travessia - A vida de Milton Nascimento (Editora Record), de Maria Dolores. A banda apresentou releituras de clássicos de Bituca (como Milton é conhecido) em cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Três Pontas e São Paulo, além de participar de programas de TV.

Em 2008 lançou seu segundo CD independente, chamado “um Branquinho e um violão”. A obra foi e conta com a participação especial de Milton Nascimento em duas músicas.

Neste segundo trabalho de sua carreira, Heitor interpreta 16 composições próprias (letras e músicas), com a participação especial do amigo Milton Nascimento nas faixas “Amigo” - tocando sua tradicional sanfoninha de 8 baixos - e em “O que Vale É o Nosso Amor” em um belíssimo dueto vocal no CD e no show de lançamento gravado ao vivo o Museu do Café, localizado no Hotel Fazenda Pedra Negra, na cidade que ambos dividem naturalidade. O álbum tem ainda uma faixa bônus remix produzida pelo DJ Marcelinho da Lua.

Veja nossa longa conversa que durou mais de meses nas redes sociais e que finalmente ficou pronta:

Jefferson Cruz (JC) – Por quanto tempo durou sua carreira como baixista até decididamente projetar-se como cantor?

Heitor -
A carreira de baixista ainda dura! Começou quando eu tinha 14 anos, já nos bares, festas, tocando com banda. Mas ainda toco em gravações e também algumas músicas na banda que faço parte, da minha cidade natal, Três Pontas (MG), chamada Änïmä Minas.


(JC) – Quando e como foi a primeira apresentação como cantor?

Heitor -
Não me lembro bem quando foi. Meu avô sempre me colocava pra cantar nas festas. Quando eu tinha uns 4 anos ou menos. Profissionalmente o que marcou foi uma apresentação que fiz pra uma festa de arrecadação de fundos pra formatura de uns amigos. Foi a primeira vez que realmente encarei tocar sozinho guitarra e voz profissionalmente. Já tinha cantado em algumas apresentações da escola de música também.

(JC) – Como sabemos, o artista independente é ávido de competições por um espaço no mercado, sendo difícil sobreviver apenas da música. Você cursou a faculdade de História, com quais objetivos profissionais? Concilia a carreira com algum outro trabalho? Qual?

Heitor -
Não encaro o espaço no mercado como competição, ainda mais no dia de hoje em que o público está muito segmentado. Tem espaço pra todos, sempre vai ter alguém que goste de seu trabalho. Sobreviver da arte já é algo mais complicado. Não vivo totalmente da minha arte - das minhas composições e shows com trabalho próprio. Preciso também tocar em bares, "num bar em troca de pão que muita gente boa pôs o pé na profissão".
Fiz a faculdade de História já sabendo que continuaria a ser músico. É um respaldo, tenho um diploma e posso também tentar trabalhar na área, mas nunca foi o que pensei. Quis fazer história para melhorar a qualidade das minhas letras musicais e ampliar minha forma de ver o mundo. Só no final do curso é que fui chegando perto do que pretendia. Ainda busco isso algumas vezes. Queria entender como Aldir Blanc faz letras contando passagens importantes da nossa história, como Mestre Sala dos Mares e O Bêbado e a Equilibrista e com tanta poesia junto.

(JC) – Quais as principais mudanças refletidas após a produção do seu primeiro CD independente “Deu Branco..”?


Heitor - Acho que a primeira mudança, vem da voz. Nunca tinha feito aula de canto quando gravei meu primeiro disco. Minha voz era mais rouca e nasalada e eu não tinha consciência disso. Depois fiz aulas de canto com a Babaya, professora de Belo Horizonte muito respeitada na área de canto popular e fui me conscientizando sobre a voz e o corpo. Nas composições acho que houve evoluções harmônicas, melódicas e até mesmo nas letras. O primeiro disco é mais pop, o segundo tem um pouco de tudo. Me abri pra outros ritmos, me abri pra música sem rótulos.

(JC) – Antes de revelar seu talento por composição, você já costumava criar letras de musicas?

Heitor
- Fazia algumas poesias na escola, redação, mas nada premiado, longe disso. Quando comecei a compor já fazia os dois ao mesmo tempo. É um dos modos que mais faço. Letra e música de uma vez. Ou as vezes a letra já vem com uma melodia, depois vou buscando a harmonia. Mas também faço letras sem música, e letras com músicas de parceiros. Costumo dizer de faço de todo jeito, só não faço dinheiro... (risos) ainda!

(JC) – Em sua carreira inclui participações importantes em projetos audiovisuais como a campanha publicitária do Governo do Estado; a gravação do videoclipe da música “Paciência” com grandes artistas; entre outros. Como conseguiu participar dessas obras e qual importância delas na sua carreira?

Heitor -
Primeiro foi o Jingle que divulga o Turismo em Minas Gerais. Foi uma indicação do Milton Nascimento, pois seria uma música dele e ele gostaria que eu cantasse. Depois acho que não chegaram em acordo na parte executiva e trocaram a canção. Acabou que eu fiquei e cantei o outro jingle. Foi muito bacana e tive um retorno muito grande. As pessoas vinham me perguntar se eu é que estava cantando na propaganda. Até então não sabia tanto da singularidade do meu timbre vocal, isso é muito importante num mercado em que tudo fica muito massificado. Este jingle estreou no intervalo do Fantástico e depois continuou passando no intervalo da novela das 8 por uma semana e em outras emissoras também. Teve divulgação até fora do país.
No o clipe de Paciência também fui convidado pelo Milton, pois ele queria retribuir ao Lenine uma música oferecida em um show no exterior. Então chamou um pessoal de Três Pontas para gravar a música Paciência com ele e o Lenine.
Todos os dois projetos foram muito importantes e continuam sendo em forma de projeção.


(JC) – Como foi a gravação ao vivo do seu segundo CD "Um Branquinho e Um Violão”?

Heitor -
Foi um momento muito especial. A produção trabalhou muito bem para que tudo corresse da melhor forma possível. Muitos amigos e bons profissionais envolvidos no projeto todo. Na plateia os convidados eram pessoas conhecidas, queridas e tudo isso contribuiu para a atmosfera do show. Foi um momento ímpar. Tinha feito toda a produção musical antes e ensaiado bastante. A gravação foi feita em uma noite só, então não tinha muitas chances de errar. Repeti poucas faixas, por problemas técnicos. Mas correu tudo bem.

(JC) – Nessa gravação ao vivo, do mais novo álbum, você incluiu 16 composições próprias e ainda teve a participação especial de Milton Nascimento. Sente-se envaidecido por essas conquistas?

Heitor -
Não vejo como conquistas, mas como um curso natural do trabalho, da amizade. As músicas vão surgindo e a gravação é uma forma de registro de tudo o que acontece. A participação do Milton também surgiu de forma natural. Antes da parte profissional, ele é um grande amigo e as coisas foram se ajeitando naturalmente.Claro, ter o Milton participando de qualquer disco é uma honra muito grande e não foi diferente pra mim.

(JC) – Como você observa o reconhecimento pelo seu estilo próprio? Sente-se satisfeito? O que falta alcançar com esse novo capítulo da sua carreira?

Heitor -
Gosto do meu estilo sim, e acho que quem gosta de mim sabe como acredito em meu som. Fica nítido isso quando se faz com o coração, colocando a verdade na frente. Não adianta ficar fazendo arte para agradar outras pessoas sem agradar a si mesmo.
Agora já penso em fazer algum outro trabalho com arranjos envolvendo mais músicos, uma banda. Viabilizar este trabalho é que é a etapa mais complicada. Mas uma hora há de acontecer.



(JC) – Foi uma excelente escolha ter um museu como cenário para gravação do seu novo álbum. Qual sua observação sobre o hábito de freqüentar museus, nessa pós-modernidade? Considera que sua iniciativa contribui para a formação desses hábitos?

Heitor -
Na verdade a escolha do museu foi mais para mostrar algo da minha região, da minha formação. Cresci vendo café por todos os lados e o Museu do Café nos transporta um pouco para essa lembrança. Eu adoro ir à museus. Acho que as pessoas vão mais quando estão viajando do que na própria cidade onde moram. As vezes passam um pouco despercebidos. Muitos museus tratam também de coisas obsoletas, de curiosidades. Acho que a iniciativa pode ter sido legal sim, alguém que goste de meu trabalho pode despertar a vontade de conhecer o museu, mas acho que a formação desses hábitos cabem mais à educação, aos costumes.

(JC) – Na sua página de recados do Twitter, você postou um trecho de Nelson Motta que diz "Produzir é fácil, difícil é chamar a atenção do público. Está dura a vida de popstar hoje em dia.” Qual sua opinião sobre a citação?


Heitor - Então, acho hoje em dia a formação de público a questão principal para se firmar no meio. Para poder trabalhar, viver de música, fazer o mercado girar. Produzir está fácil, qualquer pessoa pode ter um computador em casa, uma plaquinha de som, microfone. Faz uma gravação caseira e joga na internet. Mas a internet já está cheia de coisas também. Como atrais público para o que você postou? Está cheio de Blogs sem comentários, cheio de MySpaces sem ninguém entrar.

(JC) – Na sua composição da música “Caê Rouanet”, forma de protesto nos trechos ”Não existe show pro povo de graça...Já não tem empresa querendo patrocinar..Quem tem, quer mais pra ficar bem. Quem não tem, não ganha nenhum vintém..”. Como foi essa repercussão na classe artística?

Heitor -
Muita gente veio me apoiar. Mandaram recados no orkut, YouTube, e-mails. É uma luta conjunta e real, que só quem está no topo finge não existir. É um fato, nos poucos shows em lugares abertos só artistas consagrados se apresentam. Para gravar um CD/DVD só eles conseguem patrocínio. As empresas é que mandam nesta forma de se fazer a arte hoje em dia, que é a Lei Rouanet e elas querem vincular seus nomes a artistas renomados. Aqui também entra a formação de público. O público não vai consumir e/ou assistir quem ele não conhece. Isso é raro.


(JC) – Numa das publicações na Folha de S. Paulo sobre a polêmica envolvendo Caetano Veloso e a Lei Rouanet de incentivo a Cultura, é citado também a artista baiana Ivete Sangalo, recebendo incentivos e muitos outros já reconhecidos. Qual sua opinião sobre os critérios adotados pela Lei Rouanet em relação aos artistas independentes?

Heitor -
Acho o formato da Lei Rouanet humilhante. A classe artística precisa fazer um projeto para ser julgado em diversas instâncias. Tanto pelo governo, para ser aprovado, quanto pelas empresas para se conseguir a captação. Tentaram encurtar o caminho do imposto de renda. Eu sei que é utópico, mas o certo seria a empresa pagar o imposto completo e em dia ao governo e o governo investir em educação e cultura. Abrir editais para a captação do dinheiro.


(JC) – Aqui na Bahia, a realidade sobre os patrocínios e leis de incentivo cultural não está muito diferente de S. Paulo. A classe artística independente tem manifestado insatisfação, principalmente quando vêem determinados artistas de outros estados diversas vezes patrocinados para shows em Salvador, em detrimento dos próprios artistas locais. Qual sua opinião sobre isso?

Heitor -
Penso que a troca cultural é também uma forma de crescimento artístico. É preciso haver esta movimentação, mas não se pode esquecer dos músicos locais também. É como diz o ditado: "Santo de casa não faz milagre". É preciso buscar um nicho, às vezes não está em nossa própria cidade, estado, país...


(JC) – Quais os métodos de distribuição adotados para comercializar o seu mais recente trabalho? E como os consumidores e fãs podem adquirir o CD?

Heitor -
O CD agora está sendo distribuído pela Tratore e está em muitas lojas e sites. Só entrar em meu blog que na lateral direita tem todos os passos para encontrar as lojas e sites. O blog é: www.umbranquinho.blogspot.com

(JC) – Você costuma dedicar quanto tempo na internet, atualizando blog, homepages e demais ferramentas de difusão digital? Como esse tipo de mídia espontânea tem contribuído?

Heitor -
Acho que se eu medisse esse tempo ficaria louco! (risos). Passo bastante tempo na internet. Tudo contribui em forma de divulgação e informação. É preciso estar sempre atualizado. Com o tempo vamos desenvolvendo formas mais práticas para que isso aconteça.

(JC) – Como você avalia sua circulação em festivais de musica no país? Já foi contemplado alguma vez pelo Conexão Vivo, ou Circuito Fora do Eixo? O que sabe sobre esses projetos, e quais outros você conhece?

Heitor -
Não sou um músico literalmente de festivais. Participei de alguns poucos.
Quando morava em Belo Horizonte participei do Conexão Telemig Celular, atualmente Conexão Vivo. Mas assim, volta a ficar a arte nas mãos das empresas organizadoras. Eu não vou plantar bananeira para que o meu som apareça se eu gosto mais de cantar em cadeira baixa e com o pé no chão. O circuito de festivais ficou muito segmentado. Ou você está dentro ou está fora. Não tentei brigar para entrar nisso, acho que a arte não pode ser julgada dessa forma e ainda muitas vezes por gente que entende menos do assunto do que os próprios artistas.


(JC) – Recentemente você participou pela primeira vez como diretor musical de uma curta metragem, uma obra de Milton Lima que aborda a violência através das sub-temáticas pedofilia, alcoolismo, drogas e porte ilegal de armas. Como foi essa experiência no filme?

Heitor -
Foi um tema muito delicado e realista. A música de abertura do curta - Lodo - foi feita especialmente para a temática. Tentei falar de forma poética e expressiva sobre o assunto. É muito forte tudo isso. A outra música eu já tinha - Navega - e coube muito bem também para finalizar a história. Foi ótimo trabalhar nessa trilha, é uma das coisas que mais gosto de fazer. Espero que venham outras.


(JC) – Mais alguma novidade para informar aos fãs? Está engajado em algum novo projeto musical?

Heitor -
Estou pensando em vários projetos. No ano passado já fiz um show com meu irmão, Hugo Branquinho, o "De Dentro pra Fora" em Três Pontas. Foi um espetáculo muito bacana. No próximo mês vamos fazer um pocket show deste projeto em Ribeirão Pires. No dia 23 de maio faço participação no show do Claudio Nucci, em Três Pontas. E no final do mês tocarei em uma festa fechada em SP, com banda. Pretendo seguir com um projeto de CD infantil e meu terceiro álbum de carreira. É o que mais está em pauta atualmente.

(JC) – Já incluiu em seus planos apresentar "Um Branquinho e Um Violão” nos espaços culturais da Bahia?

Heitor -
Tenho vontade sim, mas até o momento não recebi convites. Só estive na Bahia uma vez, no aeroporto. Tive que tomar um chopp para brindar a terra! Espero que possa me apresentar por aí em breve. Tenho muitos amigos baianos e é um povo muito querido.

Maurício Araponga (dança)

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QUAL O PAPEL DO PERSONAL DE DANÇA? QUEM ME RESPONDE É MAURÍCIO ARAPONGA, UM PROFISSIONAL NOTA 10!

Por Jefferson Cruz
Foto Jefferson Cruz

Maurício Araponga é formado pela Escola de Dança da Fundação Cultural da Bahia (FUNCEB) e formado em Educação Física em Licenciatura na Faculdade Social da Bahia. É professor de ritmos da Faculdade Livre da Terceira Idade, Professor de Ritmos Baianos, Forró Pé-de-Serra e Universitário da academia Espaço 10, além de empreender seu próprio negócio com uma academia de ritmos. Premiado 2º lugar em coreografia no concurso da FUNCEB, melhor coreografia da terceira idade em 2008 e 2009 entre outras atividades e ações que o qualifica no grupo dos mais conceituados profissionais de dança de Salvador – fonte diversificada de talentos.

Em entrevista, Maurício fala sobre sua carreira, o papel do profissional da dança e suas metas, num papo descontraído comigo, através do Oxente Salvador.

Jefferson Cruz (JC) – Quem são os artistas conhecidos que você já coreografou?

Maurício - Já
coreografei para o grupo Cozido, que influenciaram muito no swingue baiano em salvador. Coreografei para banda de Axé e Afro Contemporâneo “Marimbada”; Elane Fernandes que atualmente faz carreira solo; Araketu e Cheiro de Amor, onde eu também fui dançarino.

(JC) - Quanto tempo você tem de carreira e como você descobriu a dança como profissionalismo?

Maurício -
Tenho treze anos de dança, e comecei, na área da música mesmo, porém cantando na banda búzios. A questão é que eu dançava mais que cantava, e era sempre chamado a atenção pelo produtor (risos). Depois fui chamado pra uma companhia de teatro do Bomfim, do qual eu fiquei afinado numa cena de dança e no final de um dos espetáculos, fui chamado pra fazer parte da companhia de dança do SESI na Companhia Passos. Lá conheci Ozana Zay que hoje esta na Espanha, e foi responsável que me engatilhou nessa vida desde então, e que me incentivou a fazer testes para a Escola de Dança da Bahia. Logo nos primeiros anos já fui chamado pra dançar com várias bandas, companhias grandes de dança, apresentando diversas vezes no TCA... Dancei na Companhia Interarte de onde saiu Emanuelle Araujo, Aline rosa, Daniela Mercury e Larissa luz do Araketu. Passei uns sete anos nessa companhia.

(JC) - Desde quando você estuda e trabalha com profissional de dança? E quais as modalidades que mais se identifica?

Maurício -
Minha praia é o Moderno Contemporâneo, porém sou sempre solicitado para coreografar axé, pagode e vertentes baianas, que é a preferência da maioria do público. Mas faço muito Xaxado, Moderno, Contemporâneo de Orixás, inclusive esse final de ano participo pela terceira vez de um espetáculo nessa temática, do qual já fui premiado nas edições anteriores. Dessa estamos montando uma homenagem ao Ilê Aiyê, ao bloco afro, homenagem a Oxum e Yemanjá com musicas de Clara Nunes, Olodum com o “Canto ao Pescador” na gravação de Aline rosa.

(JC) - Em casa e nos momento de lazer, o que toca no seu rádio?

Maurício -
Prefiro ouvir uma MPB, músicas com sons da natureza, isso me relaxa, são musicas que abrem nossa mente, importante para o processo criativo fluir além de servir para a própria vida no sentido geral.

(JC) – Qual o feedback dos seus alunos e o público que você mais gosta de trabalhar?

Maurício -
Tive alunos que já se transformou em professor, entre elas Juliana, professora da academia UEL e outros que fazem questão de fazer minha aula e eu me sinto feliz com isso, pois é uma forma de feedback além dos agradecimentos e elogios no final de cada aula. Bom, gosto muito dos grupos da terceira idade, pois são um publico muito fiel, eles focam mais no bem estar, na interação entre si. Na terceira idade o propósito real da dança fica mais nítido. Elas mostram mesmo que é uma forma de terapia e algumas já vieram a comentar que se sentiam deprimidas. Então eu aconselho, e passo aquele ânimo que elas precisam ouvir e no final da aula percebo a mudança no semblante. Isso é muito gratificante!

(JC) – Qual a importância do feed back do aluno para o personal de dança e para a empresa? Qual o papel do professor na relação aluno e empresa?

Maurício -
Quando o aluno fala do carisma do professor ou até mesmo sua freqüência, disposição na aula, o sorriso, o andamento das aulas, tudo é um retorno da qualidade. O professor é um amigo do aluno, um psicólogo, e não meramente técnico... O que importa é incorporar esse espírito e proporcionar o bem estar ao aluno. Nosso papel é também mudar as pessoas.


(JC) – Há 10 anos você presta seus serviços de instrutor de dança na Academia Espaço 10. Justifique a escolha desta empresa para construir sua carreira?

Maurício -
Aprendi muito com a academia Espaço 10. É uma empresa que busca a renovação do profissional, indicando os caminhos que o profissional deve seguir. É um lado maravilhoso de dar o valor técnico do profissional, e lógico, este deve chegar junto, mostrando empenho, e resultados. É esse retorno que faz a academia ter um excelente corpo de trabalho!

(JC) – Que hits você aposta para o carnaval 2011?

Maurício -
A musicalidade baiana cresce a cada momento, o baiano é muito criativo, principalmente para a percussão. É cedo para apostar, mas acredito que a musica esta indo mais pra essa mistura do pop, groove, pagode e hip hop como a Claudia Leitte, o Edcity. Os baianos são bem receptivos para a mistura, e temos que saber valorizar isso, principalmente nas mensagens que as letras comunicam, pois algumas têm uma apelação negativa que impacta negativamente até no desenvolvimento das crianças. As letras do Edcity são um exemplo dessa mudança positiva.

(JC) – E as metas? O que você deseja como realização profissional?

Maurício -
Estou cursando Fisioterapia que irá agregar muito à mina carreira. Quero investir mais no crescimento de infra-estrutura da minha academia, com ênfase no aeróbico, da dança como social entre os alunos, fazer uma escola especifica de danças com todas as modalidades... Por incrível que pareça, acho que Salvador está precisando de uma escola com diversos ritmos, formando alunos para Afro, Salão, Ritmo Baiano, dança do Ventre, etc, contando com o condicionamento físico.

(JC) – Deixe seu convite!

Maurício -
Bom, venham aprender a dançar, experimentar essa sensação de alívio, de melhoria no seu humor, redução do stress... Venham fazer amizade, rir e muito mais! Meu espaço é humilde e de braços abertos como eu. Estou na academia Espaço 10 e na minha academia também, todos os dias, de braços abertos!


Academia Espaço 10 (Piedade):

Segundas: 18h10 às 19h / Quartas 20h10 às 21h / Sextas 19h10 às 21h

Endereço: Rua Coqueiros da Piedade, n.º 8 - Piedade (ao lado do Shopping Center Lapa, acesso principal à Estação da Lapa). Tel: (71) 3329-7710 Fax: (71) 3329-5474

Academia Maurício Araponga:

Segundas:
15h10 (Ritmos terceira idade) / 16h10 (Dança de Salão) / 17h10 (GAP*) / 19h10 (Ritmos)
Quartas: 15h10 (Ritmos terceira idade) / 16h10 (Dança de Salão) / 17h10 (Power Trainer) / 18h10 (Ritmos Dançantes) / 19h10 (Alongamento)
Sextas: 15h10 (Dança Afro baiana) / 16h10 (Dança de Salão) / 17h10 (Aero Box) / 18h10 (Ritmos Dançantes)
Sábados: 9h10 (Ritmos Dançantes)

Endereço: Avenida Sete de Setembro – 818, 3º andar, Mercês (em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário). Tel: (71) 3487-3031 / 87136071 mamaudance@hotmail.com

Edcity

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A VOZ DOS GUETOS COM TODO O SWINGUE IRRESISTÍVEL DA PERCUSSÃO BAIANA!

Por Jefferson Cruz
Foto Mateus Pereira


Quem não já curtiu esses hits 'Nego Bom', 'Tome Baculejo', 'Kuduro', 'Traíra' e a mais recente música 'Piscadinha' do Eddye? Estes foram alguns dos sucessos que agitaram edições anteriores do carnaval de Salvador, e que emplacaram na carreira do artista que já foi vocalista da banda Parangolé, Fantasmão, e muitas outras. O ariano Edcarlos da Conceição Santos nasceu em Pojuca (interior da Bahia) no dia 28 de março de 1982, foi criado na cidade de Catu-Ba, onde teve suas primeiras curiosidades com a música aos 14 anos, iniciando na banda Sensação & Cia, e hoje, aos 28 anos já tem 15 anos de carreira.

Desde ano passado que o cantor Eddye começou a divulgar sua carreira na versão solo, marcando essa fase com o nome artístico de Edcity, uma adaptação do seu apelido que tem tatuado nas costas como "Eddye City". A idéia tem uma forte representação com os guetos e favelas da cidade, afinal suas composições são baseadas em letras que são um reflexo social das periferias brasileiras. Edcity está aliado à proposta musical de unir elementos do Hip Hop com as guitarras pesadas do rock’n roll que deram origem ao Rap Groovado, que evoluiu da experimentação do “Groove Arrastado”, uma vertente do pagode baiano que o transformou em referencia de musicalidade.

Tudo isso, é claro, sem perder a alegria e o swingue irresistível da percussão baiana! O cantor, guitarrista e compositor Edcity é o primeiro artista a representar o pagode baiano numdos principais festivais de música percussiva do mundo, o 17º Panorama Percussivo Mundial – PERC PAN 2010.

Assim que fui informado PERC PAN, de imediato falei com o Eddye e aqui está a em entrevista , postada no portal Oxente Salvador. Edcity fala um pouco sobre essa participação no festival e sua carreira solo.

Jefferson Cruz (JC) – Como você chegou a esse conceito do Rap Groovado, presente nos primeiros trabalhos da carreira solo? Quais suas influencias musicais?

Edcity –O Rap Groovado nasceu da mistura de alguns elementos, assim como o Groove Arrastado. Na verdade o Rap Groovado do primeiro CD é uma variação do Goove Arrastado, tiramos o teclado e colocamos as guitarras ainda mais fortes, junto com a percussão e o Rap no canto. Mas, nada do que fazemos é estático. Não nos prendemos a rótulos e conceitos. Por isso agora, no ‘Transfiguração’, nosso segundo CD, já voltamos com o teclado e deixamos ainda mais swingado. A essência é uma só, mas a evolução é contínua.

(JC) – Após emplacar sucesso com hits que agitaram edições anteriores do carnaval de Salvador, quais seus planos nessa fase solo, e o que apresenta como novidade para o carnaval 2011?

Edcity –Iniciar carreira solo é sempre um desafio grande e muitas vezes inevitável, por fazer parte do crescimento e amadurecimento artístico. Vamos completar um ano agora em outubro, e graças a Deus as coisas estão acontecendo da melhor maneira possível. Talvez não na velocidade que muitos esperavam, mas com a firmeza e tranqüilidade necessárias para quem quer construir uma base sólida. Acabamos de lançar a música ‘Piscadinha’ que já está entre as mais pedidas nas rádios e tem tudo pra chegar muito bem no verão. Para o Carnaval, vamos trabalhar ‘Olha o Gelo’, canção feita em homenagem a essa galera que trabalha duro nos dias de folia enquanto a maioria se diverte e muitas vezes nem nota a existência deles.

(JC) – Qual sua expectativa na participação no 17º Panorama Percussivo Mundial, um dos principais festivais de música percussiva do mundo?

Edcity – Nossa, a melhor possível! Ficamos inicialmente surpresos com o convite, e hoje estamos honrados demais, isso é reconhecimento. E quem não fica feliz de ver seu trabalho reconhecido, né? Estamos preparando uma apresentação única e completamente diferente, sem perder a nossa essência, é claro. Para que tudo aconteça da forma como prevemos, estamos trabalhando duro. Ensaios diários quatro horas por dia, fora a lição de casa. A banda sabe o tamanho da responsabilidade, estão todos empenhados e dando o melhor de si.

(JC) – O que significa 15 anos de carreira? Qual o papel da sua música e sua mensagem de artista nas comunidades de Salvador?

Edcity – São 15 anos de muita luta, insistência e persistência. Acredito que o microfone é uma arma se você pode além de levar alegria, também conscientizar por que não? É isso que tentamos fazer. Além de fazer a galera pular, dançar, jogar as mãos pro alto, também queremos causar reflexão quando alertamos sobre os malefícios das drogas, sobre preconceito, dentre outros temas. Pelo menos assim sabemos que estamos dando uma pequena contribuição pra tentar melhorar esse mundo louco em que vivemos.

(JC) – Muitos jovens vivem esse sonho de projetar-se nacionalmente, tendo a idealização da Bahia como celeiro cultural. Qual o conselho você deixa para essa galera que deseja trilhar esse mesmo caminho da música?

Edcity – Viver de música é muito difícil. Aqui mesmo na Bahia novas bandas aparecem todos os dias, todos querendo encontrar um lugarzinho ao sol. Acredito que não existem fórmulas prontas, a onda é encontrar a sua verdade e buscar evoluir sempre. Estudar, se atualizar e correr atrás. No dia que recebemos o convite para tocarmos no Perc Pan, ouvimos a seguinte frase: “A qualidade não é ingrata. Faça o seu bem feito que o reconhecimento virá.” Então é isso aí, busque qualidade em tudo que fizer. Não se dê por satisfeito nunca. A evolução nasce do incômodo.

DJ Michel Matta

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UM JOVEM RADICADO NO PROGRESSIVE HOUSE, A ONDA DAS PISTAS DE DANÇA!

Por Jefferson Cruz
Foto Divulgação

O jovem DJ Michel Matta é radicado numa safra de novos talentos da terra o cacau, Ilhéus, situada no extremo sul da Bahia. A vontade e determinação por fazer a diferença é o fator primordial que explica a virtude do DJ, um exemplo de quê sucesso é resultado de muito suor.

Com dezenove anos, ele já produziu três badaladíssimas festas eletrônicas, A School Beats e Sensação Fest em duas edições. Através da sua simpatia, em “busca da batida perfeita”, ele teve grandes momentos ao lado dos veteranos do mercado da música eletrônica Ilheense, DJs Arthur, Delmário, Rogério e Primus, além de fomentar o encontro com os demais DJs Mike e Raffael, também da sua geração.

Michel já foi agraciado com participações especiais em mega eventos ao lado de Gustavo KR, Rafael Gouveia e Marco Hanna, DJs de outros territórios nacionais. Em outros momentos mostrou segurança e muita diversidade em eventos como o I funksambaxé Eletro aliado às bandas Zabumbahia, Forró 4 Estações, Severina Chique, Márcia Alencar e outros.

Em Olivença dividiu palco com a banda Xote Apimentado, com o amigo Djalma (vocal), no Aloha Surf Bar e fez participação na festa Natal Prime no Opaba Praia Hotel. Na sua carreira de seis anos desenvolveram-se importantes experiências de revelação, conquistando diferentes públicos desde os adolescentes na fase colegial, passando pelas preferências distintas dos jovens e adultos universitários, até a terceira idade. E não devia ser diferente, afinal não existem fronteiras para a música, e os profissionais dessa área são desafiados pelo público sedento por novidades do World Music.

Sabendo dessa realidade, o DJ Michel se desafia nesse cenário da musica internacional, nacional, baiana, regional e independente, para apresentar ao público um som hibrido, moderno, diversificado, elitizado, dançante e criativo. Ou melhor, dizendo, “pra bom entendedor”, é top de linha. “Todo artista deveria colocar na própria cartilha a missão de contribuir com a divulgação dos talentos da sua terra, em busca de um espaço para todos”, revela a opinião do jovem DJ, assumindo um compromisso em sua carreira.

O desafio está em contribuir para a divulgação do trabalho dos artistas/bandas independentes de Ilhéus, Itabuna, e cidades adjacentes, além de fazer releituras de músicas dos anos 80, da Música Popular Brasileira, da consagrada Geração Novos Baianos, do Samba, das variadas vertentes do funk e rock. Todo esse universo de estilos musicais calçado pelo ritmo do Eletrohouse & Progressive house.

O Eletrohouse, também conhecido como Dirty House, é uma vertente da música eletrônica que mescla os elementos do electro primórdio, com base nos anos 80, com os da house music atual. Caracteriza-se pelos graves fortes, melódicos, a batida do house e alguns elementos de psicodelia. Com inspirações nos estilos dub e o trance, o House Progressivo é mais diversificado, abusando de efeitos de estúdio, de acordes agressivos e arranjos sofisticados

Divisores de Maré

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VAMOS PEGAR ESSA ONDA COM A DIVISORES DE MARÉ, PROPAGANDO BONS PENSAMENTOS ATRAVÉS DA MÚSICA!

Por Jefferson Cruz
Foto Divulgação

“Divisores de Maré” é uma banda de Forró alternatívo possuindo assim, elementos progressivos, clichês, efeitos sonoros, solos complexos e ao mesmo tempo a simplicidade predominante.

A banda navega também pelas ondas dos variados estilos do Reggae, Rock, Salsa e muito mais. As composições, parte autoral da banda, trazem como temáticas o amor, a paz, o cotidiano e lições da vida. Ariel Lisboa (acordeom) iniciou no meio musical tocando em bandas de rock progressivo, MPB e Reggae, e desde os 11 anos já tocava o acordeom, porém firmando a paixão e vocação pelo instrumento após experiências no forró. Daí em diante, em novembro de 2008 decidiu criar uma banda de forró aliada ao hibridismo de elementos alternativos – surgindo assim, a banda “Divisores de Maré”, com sete integrantes.

O nome “Divisores de Maré” é uma representação do papel de cada integrante da banda, são todos divisores, com suas diferentes influências musicais, que literalmente, deságuam numa plasticidade sonora.

Baseado no termo divisor de águas, a banda se remete ao litoral propondo ao público a vivência com a maré cheia de bons pensamentos e práticas. A banda é formada por Josimar (vocal e violão), Ariôa (acordeom), Dagô (Zabumba), Foca (percussão), Flávio (guitarra), Mairlan (triângulo), e White Bass (contrabaixo). Divisores de Maré faz parte do cast da Hessel Produções, um dos coletivos integrantes do Pólo de Música da Bahia (POMBA), rede de relacionamento voltada ao aquecimento de ações facilitadoras ao desenvolvimento da música independente no Estado.

Thiago Pach

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UM CONJUNTO DE TALENTOS QUE DESPERTA CURIOSIDADE DO PÚBLICO!

Por Jefferson Cruz
Foto Divulgação
Design fotos: Sidney Rocharte

A vontade e determinação por fazer a diferença é o fator primordial que explica a virtude de Thiago Pach, um exemplo de quê sucesso é resultado de muito suor. Quando vemos uma pessoa em destaque, em qualquer atividade, podemos afirmar que ali está sendo praticado um conjunto de talentos que possibilitam essa diferenciação. É o caso de Thiago Pach, que focou no desenvolvimento das técnicas teatrais, musicais, e de dança, além de visitar outras áreas do talento.

Com uma voz forte e versátil de tenor, o jovem cantor interpreta uma eclética seleção de canções, dentre o Blues e o Jazz ao mais brilhante repertório da música popular brasileira. Admiravelmente, já registra grandes experiências em sua carreira a começar pelo teatro, berço artístico do carioca. desde pequeno sempre esteve em contato com diversos gêneros musicais. Em sua casa se ouvia de tudo, principalmente o Samba e a Bossa Nova. Foi apresentado ao Jazz, ao Blues e ao Soul por seu pai.


Thiago iniciou seus estudos em teatro aos 14 anos na escola de Teatro O'Tablado no Rio de Janeiro, de Maria Clara Machado. Thiago soube aproveitar os aprendizados, e aos dezenove anos escreveu e dirigiu o espetáculo “Todo Vagabundo Tem Seu Dia de Gloria”, com texto inspirado na Commedia Dell'arte, estreando em 2003. Saltou para o Jornalismo, cursando a faculdade de comunicação social e participando consecutivamente de oficinas teatrais como a Oficina de Dramaturgia com Bosco Brasil, e oficinas de teatro da CIA. do Chapitô de Portugal.

Foi ator e bailarino da Pulsar Cia. de Dança de 2005 a 2007, companhia que já cumpriu temporadas em teatros do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, além de apresentações em capitais e cidades do interior do país e no exterior. Além de atuar, produziu e criou figurinos e ambientacao cênica para "Duas X Strindberg", espetáculo premiado em 2006 pela Funarte com o "Além dos Limites" e que teve a preparação corporal de Angel Vianna, no Sesc Copacabana (Março de 2007) e no teatro Caixa Cultural de Brasília (Novembro de 2006).

Recentemente integrou o elenco de atores-cantores do musical "Cazuza - Jogado A Teus Pés", em homenagem aos cinqüenta anos do cantor Cazuza em cartaz de outubro de 2008 a fevereiro de 2009 no Rio de Janeiro. Embora já tenha fluência no inglês, português, e espanhol, ele iniciou, no mesmo ano, seus estudos em Alemão no Goethe Institut e na ASL Sprachenschule, ambas em Munique, Alemanha.




Atualmente, Thiago assume sua paixão pelo Jazz através do show “Na Influência do Jazz”, título inspirado na música de Carlos Lyra, calçado numa versão que reúne instrumentos sofisticados como Piano e baixo, temperado ao som da Percussão/bateria. O show é um encontro amoroso entre os gêneros: O Jazz, o Samba e a Bossa Nova, que trazem ao repertório consagrados ícones da música, como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Pixinguinha, e um belíssimo incidental com Dorival Caymmi, além de arvorecer também com os ilustres Baden Powell, Gershwin, Bart Howard e Arthur Hamilton.

Figuram também como influencias do cantor, outros grandes nomes da música, como Elis Regina, Simonal, Sarah Vaughan, Nat King Cole, Nouvelle Cuisine Quintet, Marisa Monte, Caetano Veloso e Maria Bethânia. A sensação é que uma mágica trará uma surpresa da cartola, e assim também deve se definir o próprio Thiago Pach ou ouvindo e presenciando apresentações do artista para evidenciar o que Caetano Veloso diz “Gente é pra brilhar!”.

Jefferson Cruz (JC) – Mais alguma habilidade artístico-intelectual que não tenha sido mencionada? E sente-se envaidecido por essa versatilidade?



Thiago Pach - A minha família, apesar de não ter profissionais na área artística, sempre esteve envolvida de alguma forma com a arte. Tenho um tio que também é cantor e violonista. A música sempre foi muito forte dentro da minha casa. Além disso, meu pai é desenhista e, eu adquiri esse dom e, apesar de nunca me profissionalizar como desenhista, às vezes uso isso ao meu favor no teatro, criando figurinos. Na montagem do "Todo Vagabundo Tem Seu Dia de Glória", espetáculo que escrevi e dirigi, os figurinos e a maquiagem foram criadas por mim. Os figurinos com a ajuda do meu pai. Também gosto muito de dirigir e escrevo muito. Tenho algumas pecas de teatro, letras de músicas e poemas. Nao me sinto envaidecido pela versatilidade. Acho que a vida é versátil mesmo. É natural no mundo em que vivemos hoje. E essa versatilidade tem um lado ruim também, pois mesmo exercendo mais de uma habilidade, você acaba precisando se especializar mais em uma em detrimento da outra. No meu caso o canto em detrimento da dança. E isso é normal, são as escolhas que assumimos.

(JC) – Como concilia esses intercâmbios artísticos nessa linha tênue do teatro, da dança, e da música?

Thiago Pach - Hoje já não vejo mais essa linha tênue. (Rs) Teatro é voz. E só comecei a entender como realmente usar minha "voz falada" no teatro, quando adquiri um entendimento das técnicas de canto. E teatro é corpo também. Como expressar aquele sentimento sem palavras? Quando falamos "eu te amo", não é só a boca que diz, mas o corpo inteiro intenciona aquele momento. Isso é vida e, conseqüentemente, a arte. Comecei a estudar teatro no Tablado (Rio de janeiro) aos 14 anos de idade. Tudo começou com o teatro. Por causa do teatro, me interessei pela dança. Fiz alguns workshops com a Angel Vianna e fui convidado pelo Alexandre Franco, bailarino, coreógrafo e também professor da Faculdade Angel Vianna para participar de um projeto que envolvia atores e bailarinos num tipo de dança-performance. A partir daí, fui escalado como ator/bailarino para fazer parte de uma versão do musical "The Rock Horror Picture Show". Naquela época tudo era muito precário e cantávamos dublando nossas próprias vozes em PLayback. Um dos atores não era cantor e eu me ofereci para gravar a voz daquele personagem. Todos se espantaram pelo fato de eu cantar. Desde então, passei a ser escalado como ator/cantor.
Na prática, quando estou em cartaz com teatro, a agenda de shows fica dependente da agenda do espetáculo.


(JC) – O que costuma fazer para equilibrar tantas vibrações e energias dessas artes? Há tempo para se divertir com os amigos e família?



Thiago Pach - Seria clichê dizer que meu trabalho também é minha diversão? Ou será que sou Workaholic? (Rs) Sempre há tempo para os amigos e família. Tem que haver.

(JC) – Entre essas vastas experiências no âmbito artístico, exceto a música, qual delas você seguiria carreira? Por quê?

Thiago Pach - Bem, já sou ator e cantor. E o Ballet é uma paixão. Mas, infelizmente, para seguir uma carreira de bailarino clássico eu teria que ter começado muito antes e persistido. É uma carreira, que apesar de romântica, exige muito do corpo, de disciplina e foco. Tenho vários amigos bailarinos, já trabalhei com eles e é uma rotina árdua. Como a do cantor. Tem que exercitar pra sempre. E quando me pergunta por quê... Não sei a resposta! Só sei que sempre foi assim. Sempre quis ser ator e cantor. Não me lembro de outro desejo. Eu amo o que faço! E no teatro dá para mixar música, dança, literatura, artes plásticas... O infinito.

(JC) – Como você avalia o papel do jornalismo cultural no desenvolvimento do mercado da música para os novos talentos?



Thiago Pach - Acho importantíssimo para os novos artistas. Infelizmente, ainda acho que a comparação de novos artísticas com outros que já estão no mercado é exarcebada. O mercado da música não pode ser uma fábrica de produtos, onde se repõe uma nova versão a cada temporada. Gostaria que o mercado fosse mais amplo, mais ousado e não procurasse sempre "mais do mesmo". E, ao meu ver, essa mudança deve ser incentivada pelo jornalista cultural. Mas, por outro lado, acho que isso tem mudado um pouco. Temos tantos novos talentos, artistas maravilhosos, bons cantores, compositores... Em diversos estilos. E acho que o público também está um pouco cansado de sempre ouvir as mesmas coisas e está a procura de novas sonoridades. Isso é ótimo!

(JC) – Em que se aplicam os conhecimentos da comunicação social – jornalismo - na sua experiência profissional como cantor?

Thiago Pach - A arte, seja a música ou outro meio de expressão artística, não é objetiva. Ela aponta caminhos, cria abertura para a reflexão... O jornalismo, ao contrário, é super objetivo, trabalha com fatos e provas. Acho, que o jornalismo, de alguma forma, se aplica na minha vida muito fortemente. Quando escolho um repertório ou um tema sempre vou um pouco mais a fundo. "Na Influência do Jazz", o que me levou a criação do repertório e do show, foi a o fato de o Jazz e o Samba serem músicas negras ambas surgidas no início do século XX. Ambas com influência nas músicas de trabalho dos escravos africanos. E isso me levou a Bossa Nova, um movimento mais contemporâneo, que se inspira no samba e no jazz americano. Sempre busco fatos, história, etc. Mesmo que não chegue a comentar isso durante o show, necessito dessa integração e entendimento. E no fim acaba ficando claro para o público também, mesmo que inconscientemente. Aí, já é trabalho da arte!

(JC) – Além de contribuir para o aprendizado de outros idiomas, quais outras lições você trouxe das temporadas na Alemanha ou Portugal para a vida pessoal e profissional?


Thiago Pach - Em Portugal, não chegamos a tocar. Estamos tentando fechar apresentações lá e estou ansioso para que aconteça. Mas, a minha experiência tem sido muito boa. Sempre sou muito bem recebido. A música brasileira é adorada no 4 cantos do mundo. Eles adoram Bossa Nova. Realmente, a arte não necessita de idiomas e formalidades. Ela comunica.

(JC) – Já se apresentou em algum projeto artístico no exterior? Como foi, e caso não, planeja realizar (onde)?

Thiago Pach - Estamos fechando para o próximo semestre apresentações na Alemanha. A recepção do "Na Influência do Jazz" é muito boa aqui. O mix do ritmo do Samba e da Bossa com o Jazz é sempre bem recebido.

(JC) – Pensa em consolidar sua carreira como cantor em algum desses países, tendo que optar por viver fora do Brasil?

Thiago Pach - Atualmente, estou vivendo entre o Brasil e a Alemanha. Mas, é muito cedo pra pensar sobre isso. E mesmo que isso aconteça, quero tocar mais no Brasil, em outros estados além do Rio de Janeiro. Sinto essa necessidade e gosto do público brasileiro. A interação com o público é sempre outra.

(JC) – Como está sendo a vivência no elenco de atores-cantores no musical “Cazuza – Jogado A Teus Pés”? Conte-nos um pouco sobre esse espetáculo.

Thiago Pach - O musical "Cazuza - Jogado A Teus Pés" foi apresentado em 2008 e 2009 no Rio de Janeiro. A experiência de cantar músicas como "Codinome Beija-flor", "Down em Mim e "Faz Parte do Meu Show" foi magnífica. Pois eu pude ver como o público se identifica com aquelas músicas. As pessoas cantavam junto com a gente e era emocionante. A rotina do musical foi muito importante pra mim, pois não era um musical convencional com personagens demarcados. Partimos do nada, pois não era biográfico. Então pude escolher como interpretar aquelas canções do meu jeito. Tive muito medo ao cantar "Codinome Beija-flor", por exemplo. Pois ela está muito forte na memória das pessoas com a voz do Cazuza. E sou um intérprete completamente diferente, com um tímbre completamente diferente. Mas a resposta sempre foi muito boa. Além disso, conheci pessoas maravilhosas e fiz grandes amigos. O elenco, além de talentoso, era muito divertido. Todos da mesma faixa etária. Nosso camarim era uma delícia!

(JC) – A peça/musical carioca “Cazuza Jogado a Teus Pés” pretende avocar também a admiração da crítica e do público baiano?

Thiago Pach - Adoraria que o musical ainda estivesse em cartaz para apresentarmos na Bahia! Quem sabe com "Na Influência do Jazz" terei esse prazer.

(JC) – Você tem como influências musicais consagrados ícones como Simonal, Sarah Vaughan, Nat King Cole, Nouvelle Cuisine Quintet, Marisa Monte, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Elis Regina que completou esse mês 65 anos do seu legado. Quais músicas da Elis incluem no seu repertório?

Thiago Pach - No show canto "Modinha" do Tom Jobim que a Elis também gravou. Adoro "Fascinação", inclusive a versão em inglês com Nat King Cole. E também "O Mestre-Sala dos Mares", "Madalena" e "Águas de Março".

(JC) – Está envolvido em mais algum projeto, além da temporada do show "Na Influência do Jazz"?

Thiago Pach - Estou criando um repertório de sambas com o violonista João Vicente para apresentações na cidade de Petrópolis, no estado do Rio.

(JC) – Pensa em trazer seu show para os palcos da Bahia?

Thiago Pach - Seria um sonho! Adoro a Bahia. Acho que vocês são super desenvolvidos culturalmente. Adoro todo esse mix baiano. E acho que "Na Influência do Jazz" tem tudo haver com a Bahia. Convites??? (Rs)

(JC) – Quais suas expectativas na carreira como cantor e onde pretende chegar com todos os talentos desenvolvidos?

Thiago Pach - Acho que sucesso é fazer bem o que gosta e ser reconhecido pela qualidade desse trabalho. Quero poder gravar álbuns sem a pressão de ser um artista independente e, continuar o meu trabalho em musicais.